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Disputas no tráfico de drogas motivam 90% das execuções

Foto: Arquivo DC

A disputa por territórios para a comercialização de drogas em Ponta Grossa motivou 90% das execuções ocorridas no segundo semestre deste ano. A afirmação é do delegado-chefe da 13ª Subdivisão Policial de Ponta Grossa, Nagib Nassif, com base em dados computados pela Polícia Civil sobre mortes violentas registradas nos últimos meses. Apenas no final de semana passado foram dois homicídios com disparos feitos à queima roupa. Uma das vítimas tinha 15 anos.

“O número de mortes aumentou em Ponta Grossa no primeiro semestre deste ano e a motivação, que em 50% dos casos eram ligadas ao tráfico de drogas, passou a 90%. Os outros 50% eram em decorrência de brigas em festas, traição e outros fatores. Pelas estatísticas percebemos nitidamente um acréscimo de homicídios direta ou indiretamente ligados às drogas, com algumas peculiaridades”, afirmou o delegado.

Nagib Nassif disse que as execuções são decorrentes de disputas no mercado da droga. “Trata-se de uma briga entre associações criminosas que disputam uma região específica, que não podemos revelar qual é, para a comercialização de drogas. As investigações apontaram que isso ocorre entre dois grupos de Ponta Grossa. No fundo, a disputa pode ser entre facções criminosas, mas não é esse o termo que estamos utilizando”.

O delegado disse que as investigações caminham no sentido de descobrir o que desencadeou a violenta disputa territorial, algo incomum na cidade até o ano passado. “Sabemos que o pano de fundo é dinheiro para o tráfico, mas queremos descobrir o que motivou essa disputa, que culminou em pessoas mortas com muitos tiros, invasões de residências e outras situações que são realmente típicas de brigas de associações para o tráfico”, observou. 

A pandemia e as restrições sociais, que ajudaram a reduzir os índices de criminalidade, estão entre as principais hipóteses da Polícia Civil para explicar o aumento dos homicídios na cidade. “Esse ano estamos tendo os reflexos previsíveis da pandemia, em decorrência daquele recuo que tivemos lá atrás. Em paralelo, apreendemos muitas drogas e intensificamos o nosso trabalho. Esses fatores afetaram negativamente o mercado das drogas e desencadearam essas disputas”, sugeriu o delegado.

Crimes

As execuções, principalmente de pessoas do sexo masculino, com idades entre 16 e 55 anos, se tornaram cada vez mais comuns nos últimos meses em Ponta Grossa. Um levantamento realizado pela reportagem do Diário dos Campos mostrou que de julho a outubro foram noticiadas 12 mortes. Sete delas apresentaram evidências de execuções sumárias, tais como grandes quantidades de disparos com armas de grosso calibre, feitos por duplas ou trincas que surpreenderam as vítimas.  

“Se pegarmos o ano todo, 80% das vítimas das execuções são de pessoas que, infelizmente, já tinham antecedentes criminais. Algumas usavam, inclusive, tornozeleiras eletrônicas. Outras são jovens que também poderiam estar entrando no mundo do crime”,  acrescentou o delegado Nagibi Nassif.

Investigações

Diante das características das execuções dos últimos meses, a Polícia Civil precisou mudar o seu enfoque investigativo. “Estamos concentrados em uma determinada motivação e as investigações estão bem avançadas. É claro que dependemos de outras questões burocráticas e aguardamos alguns resultados. Mas, creio que ao final dessa investigação, vamos resolver boa parte das execuções ocorridas aqui na cidade”, finalizou Nagib Nassif.

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