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Diocese de Ponta Grossa soma 16 padres acometidos pela covid

Foto: Divulgação

A Comissão Nacional de Presbíteros (CNP), vinculada à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), divulgou nesta semana que 1.390 padres diocesanos foram acometidos pela covid-19 no Brasil. O levantamento traz a confirmação de 65 mortes, totalizando 1.455 casos da doença. Em Ponta Grossa, 12 sacerdotes do Clero Secular e quatro de Religiosos, residentes na Diocese, adoeceram.

Padre Wilson Santos Morais, de 35 anos, vigário da Paróquia Santa Rita de Cássia, em Ponta Grossa, foi contaminado em setembro do ano passado. “Fui chamado para visitar uma doente no hospital. Por ser padre jovem, não havia risco aparente. Após quatro dias, senti intensas dores de cabeça que nunca havia sentido antes. Tomei remédio e passou. Porém, no outro dia retornou. Continuei as atividades, mas me sentia desconfiado”, relatou.

O problema é que as dores não pararam. “No que seria o sexto dia de provável contágio, senti dores nas costas. Notei as mãos e lábios pálidos e perdi o olfato. Fui ao médico fazer o exame e o resultado saiu como positivo. Sentia cansaço extremo e sem nenhum esforço. Dores musculares, dor de cabeça constante. No 14º dia sentia irritabilidade e muita tosse ao falar.  Em casa, conferimos a saturação e estava baixa.  Fui ao médico e precisei ser internado, pois metade do pulmão estava comprometido. Foram seis dias no hospital”, relembra padre Wilson, que não imaginava contrair a doença.

“Não pensei que fosse contrair o vírus. Acho que é sempre assim: não pega, até ser pego! Fui internado no Bom Jesus, muito bem cuidado e medicado. Não houve nenhum agravamento. Me sentia cada vez melhor após cada medicação”, conta.

Mudança de rotina e descuido

O pároco da Paróquia Nossa Senhora do Monte Claro, padre Gilberto de Andrade Torquato, de 55 anos, lembra que desde o ano passado mudou completamente a sistemática de evangelização. Ele atendia pelo Facebook diariamente, realizando a Santa Missa online, fazendo a Live Mariana e enviando mensagens. Quando houve a reabertura das igrejas, voltou a celebrar com a presença de fiéis, seguindo todas as orientações e protocolos. Em janeiro deste ano, ele celebrava missa aos finais de semana.

“Dia 24 de janeiro fui convidado a ir numa missa, onde não havia distanciamento e muita gente estava sem máscara. Consequentemente contraí a covid”, recorda.

Segundo o pároco, foram 15 dias sofrendo. “Muita dor na nuca, cabeça zonza, se me virasse rápido poderia cair, perdi paladar e olfato. Foi um absurdo a doença. Só quem passa, entende. Entrei em contato com hospital, fiz o teste, deu falso negativo. Fiquei isolado. Depois de 15 dias fui fazer exame porque estavam piorando os sintomas. Até 13 de fevereiro fiquei em casa, recebendo comida, tomando vitamina C, chás, sempre que podia, deitado. Me sentia muito cansado”, explica.

Padre Gilberto ainda sente as consequências da doença. “Sem dúvida passava pela cabeça a morte. Um medo que é humano e o padre é humano. Estamos vivendo o pior momento dessa pandemia. Ano passado não foi nada em comparação a 2021. Me preocupa o avanço das variantes, a demora da vacinação e o fato de muitas pessoas desejarem compensar o tempo perdido. Isso não vai adiantar. Não é momento para se expor. Você se expõe e você morre”, finaliza padre Gilberto.

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