em

Dia da Síndrome de Down expõe fragilidades da inclusão

Esta quinta-feira (21) marca o Dia Internacional da Síndrome de Down, um dia para pensar formas de tornar o mundo mais inclusivo para as pessoas com essa condição genética. Ao longo de séculos, qualquer um que tivesse necessidades específicas teve direitos negados, e só recentemente houve algum tipo de esforço para possibilitar a inclusão dessa parcela da população.

Para o professor Nelson Canabarro, embora existam instituições buscando oferecer mais oportunidades às pessoas com síndrome de Down, ainda existe muito a avançar nesse quesito. Ele lembra que, quando ainda estava na licenciatura, não houve qualquer orientação sobre como lecionar para um aluno nessa condição. A vida se encarregou de dar a ele a tarefa de buscar mais informações a respeito, principalmente quando ele se tornou pai de uma criança com a síndrome.

“Com a vinda do Benjamin, tive que aprender a ser pai de criança especial e aprender sobre inclusão, para ajudar ele a se desenvolver”, conta Canabarro, que acompanha o menino, hoje com cinco anos, dividindo experiências com os colegas do ensino infantil.

Como pesquisador do tema, ele aponta que a humanidade vivencia quatro fases principais envolvendo a presença de pessoas com síndrome de Down ou com outra necessidade específica qualquer, o que remete a pessoas com deficiência física, mental, visual, auditiva etc. Ele diz que estudos sugerem que, em 95% da história humana, houve a primeira fase, da segregação, quando essas pessoas eram escondidas, trancadas em um quarto, e eram sinônimo de vergonha ou maldição.

A segunda fase foi da exclusão, quando foram criadas entidades especializadas no cuidado a essas pessoas, que continuavam isoladas junto daqueles que supostamente eram seus iguais. A terceira fase estaria ocorrendo agora, principalmente no Brasil, e seria a integração. Por força de lei, essas pessoas frequentam escolas e trabalham, e isso é um grande avanço, mas continuam excluídas, na opinião de Canabarro.

 

Quarta fase

“Uma pessoa com síndrome de Down não pode ter o mesmo tratamento das demais. Na escola, é preciso ter um planejamento diferenciado nas aulas. Não com conteúdos mais fáceis, mas com condições adequadas ao aprendizado. Isso passa pela formação dos profissionais docentes e até pelo espaço físico da sala de aula”, diz Canabarro. Para ele, a quarta fase, da inclusão, só será possível após essa mudança de tratamento sobre o tema, o que exige um entendimento diferente, não só de instituições, mas de cada pessoa.

 

Desafios do ensino diário

Coordenadora pedagógica do Sepam, Kátia Moro acompanha rotineiramente as aulas do pequeno Benjamin. A maneira como isso é feito expõe de forma clara os desafios que envolvem o ensino e a inclusão de uma criança com síndrome de Down. “As aulas têm um planejamento semanal, e toda vez que me trazem a proposta, a minha pergunta é: e para o Benjamin? Se formos ensinar uma letra, por exemplo, enquanto os amigos traçam com lápis, Benjamin fará primeiramente experiência com outros materiais como areia, lixa ou madeira”, diz, lembrando que o aprendizado dele e demais crianças depende muito de aspectos sensoriais.

Participe do grupo e receba as principais notícias da sua região na palma da sua mão.

Entre no grupo Ao entrar você está ciente e de acordo com os termos de uso e privacidade do WhatsApp.