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Desaparecimento de Karla completa um mês e de Marlene 19 dias

Foto: Divulgação Dcmais

Por Luana Souza/ Dcmais

Os dias se passam e a angústia só aumenta para a família da transexual Karla Raphaella Pereira dos Santos, de 38 anos, desaparecida desde o dia 3 de dezembro de 2020, e da empresária Marlene Acácio Ferreira, de 47 anos, que sumiu no dia 17 do mesmo mês – coincidentemente ambas não foram mais vistas desde aquelas quintas-feiras. A falta de notícias, o desaparecimento repentino e a espera tem sido muito difícil para os familiares que aguardam por respostas.

O desaparecimento de Karla completou um mês no domingo (3) e, até ontem (4), não havia notícias sobre o seu paradeiro. Há poucos dias, quem passou a responder temporariamente pelo inquérito foi o delegado Maurício Souza da Luz, que também acompanha as investigações do caso da empresária Marlene. A reportagem conversou com o delegado que informou que um dos suspeitos apontados na carta do pai de Karla foi ouvido e que o outro não foi encontrado.

Recentemente (21/12), o pai da vítima, Zenilton Harbet de Jesus, enviou uma carta ao delegado titular do inquérito, Fernando Jasinski, com informações sobre os suspeitos, que estavam com sua filha quando ela foi vista pela última vez. “Nós não tivemos acesso à carta do pai, mas chegamos aos mesmos nomes apontados por ele através de oitivas que realizamos”, disse o delegado Maurício. Acrescentou que, ainda ontem, seriam realizadas algumas diligências e observou que “muitas coisas correm sob sigilo para não atrapalhar as investigações”.

Karla foi vista pela última vez em uma residência com uma colega, Fabíola, também transexual, e outros dois homens, que seriam os suspeitos do desaparecimento. Naquela data, o irmão Victor recebeu uma mensagem, por volta das 6h30 da manhã, pedindo que, caso ela não retornasse dentro de no máximo uma hora, era para procurá-la em um endereço localizado no bairro Contorno. Vitor e um irmão foram ao local no final da manhã e não havia ninguém na casa.

Caso Marlene

Marlene Acácio Ferreira tem um ateliê de bordados, é mãe de duas crianças e duas jovens, e no último dia 17 saiu para comprar fios para bordar e desapareceu desde então. Seu carro foi encontrado próximo à loja onde iria comprar materiais de trabalho e o GPS do seu celular foi desativado três minutos depois de ter sido filmada entrando em um veículo prata. No carro estava sua ex-diarista, que já prestou depoimento, e o seu marido.

Sobre essa ocorrência, o delegado Maurício Souza da Luz, disse ontem que mais pessoas estão sendo ouvidas. “Várias pessoas já foram ouvidas e ainda tem outras que deverão prestar depoimento nos próximos dias. A equipe policial está cuidando desse caso e atrás de algumas informações importantes, porém, sigilosas para não atrapalhar as investigações”, acrescentou.

O delegado não informou se o marido da ex-diarista de Marlene, que dirigia o carro onde ela foi filmada entrando, já prestou depoimento. Ao ser intimado, o homem disse que estava com suspeita de covid e se apresentaria quando estivesse em boas condições de saúde. A ex-faxineira foi ouvida e, segundo a filha da vítima, de 23 anos, apresentou declarações contraditórias e não críveis.

A dor da incerteza pode levar a grandes danos psicológicos, diz psicóloga

A psicóloga Lílian Gomes (CRP – 08/17889) explica que a dor da incerteza e a busca incessante por respostas podem causar grandes danos psicológicos que surgem em decorrência de um estresse pós-traumático.

“Diante do desaparecimento da pessoa amada inicia-se o processo de reconstrução de

tudo o que é possível que permitisse uma provável explicação para o fato e para as incertezas

sobre o futuro. O que ocorrerá agora? O que fazer da vida de agora em diante? E, o que as famílias querem, é ter uma resposta, porque não sabem se a pessoa desaparecida está viva, se está morta, o que fizeram com ela. Há a não-concretude, não ocorre o processo de luto, pois quando alguém morre, há a dor, porém há um corpo, uma despedida”, explica.

Para Lílian, a busca familiar reivindica o encontro com a pessoa desaparecida ou mesmo o esclarecimento sobre o desaparecimento. “Os danos psicológicos são grandes, pode ocorrer o estresse pós-traumático, devido às dúvidas, aos pensamentos automáticos, às catastrofizações, o aparecimento de doenças psicossomáticas, sentimentos de dor e de perda não explicados ou esclarecidos. E, muitas vezes, os familiares alimentam a ilusão que a pessoa vai aparecer e esse sentimento ao mesmo tempo que alimenta a esperança, traz sofrimentos”.

Não se deixar levar pela declaração de morte presumida é um dos fatores essenciais para que os danos traumáticos não sejam ainda maiores. “Importante buscar os órgãos competentes para a investigação e não se deixar levar pela declaração de morte presumida, à qual somente poderá ser requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, sem cair no esquecimento”, destacou a psicóloga. (L.S.)

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