Após quase oito meses desde que o primeiro caso de covid-19 foi registrado em Ponta Grossa, em meio a uma pandemia que ainda não terminou, a média móvel de casos de contaminação pelo Sars-CoV-2 apresentou redução nas últimas semanas em Ponta Grossa, no Paraná e no Brasil. Se aqui os números caem, na Europa, após registrar queda significativa no número de casos e mortes, alguns países vivem uma segunda onda de covid-19, já prevista por especialistas, levando França e Alemanha a endurecerem medidas de controle, como o lockdown.
Diante destes cenários, o dcmais e o Diário dos Campos publicaram matéria recentemente com especialistas da área médica sobre a possibilidade de Ponta Grossa ter uma segunda onda da pandemia. Para os quatro entrevistados, isso é possível. A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), inclusive, segundo o médico Ricardo Zanetti Gomes, vem se programando para que a segunda onda aconteça no Paraná a partir dos meses de março e abril, período em que as infecções respiratórias começam a aumentar. “Acredita-se que no Brasil a segunda onda não será tão forte como foi nos países europeus ou dos continentes mais frios”, aponta secretário adjunto da Fundação Municipal de Saúde, Rodrigo Manjabosco.
Entre as medidas que podem contribuir para diminuir os impactos de uma possível segunda onda, a grande expectativa é que o Brasil conte, ainda no primeiro semestre de 2021, com um programa de vacinação amplo contra a covid-19 para toda a população. Atualmente, diversas vacinas estão em sendo testadas, mas há um grande caminho pela frente até que sejam liberadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), produzidas, distribuídas e aplicadas.
Diante dos desafios que Ponta Grossa ainda enfrenta na pandemia e os que estão previstos para 2021, o dcmais e o Diário dos Campos ouviram os candidatos à prefeitura de Ponta Grossa – Professor Edson (PT), Professora Elizabeth (PSD), Professor Gadini (PSOL), Marcio Pauliki (SD) e Mabel Canto (PSC) – para saber o que pensam sobre o assunto, já que, em caso de uma segundo onda, caberá a um deles, que será eleito nas eleições municipais deste mês, decidir que medidas serão adotadas no município.
Professor Edson, Professor Gadini e Mabel Canto enfatizam a expectativa de se ter uma vacina contra a covid-19 disponível já no início de 2021. Professora Elizabeth aprova as medidas adotadas pela atual administração e assim, caso for eleita, aponta que faria o enfrentamento da mesma maneira numa possível segunda onda da doença. Marcio Pauliki, por sua vez, destaca que as medidas restritivas nos primeiros 30 dias em PG foram importantes, mas defende maior flexibilidade no funcionamento do comércio.
DC- Levando em conta que uma segunda onda pode exigir novas medidas de combate ao vírus, qual avaliação que o(a) candidato(a) faz das medidas restritivas adotadas pela atual administração municipal no combate à covid-19? Teria feito algo de diferente? E o que prevê como essencial no enfrentamento ao novo coronavírus no caso de uma segunda onda?
Professor Edson – “Nossa esperança é de que no início do nosso governo no próximo ano a crise sanitária esteja quase superada e as vacinas para imunização contra a covid-19 já estejam disponíveis para uma solução definitiva. Quanto à política adotada pela atual administração, devemos levar em conta que a cidade é polo regional e foi afetada pela gestão da pandemia dos municípios vizinhos, dos quais não é possível ter controle a partir das ações da Prefeitura de Ponta Grossa. No entanto, durante muitas semanas os leitos de UTI destinados ao tratamento de pacientes com covid-19 estiveram lotados e foi necessário remanejar pacientes para outras cidades, o que sugere que as medidas de prevenção adotadas poderiam ter sido mais rígidas e vidas poderiam ter sido poupadas. Caso os especialistas ouvidos pelo DC acertem suas previsões, vamos utilizar tudo que estiver ao nosso alcance, como uso intensivo da telemedicina, seguir as orientações da OMS e manter uma equipe de especialistas em geoestatística para dimensionar os efeitos da doença na cidade e orientar nossa ações de combate à pandemia”.
Professora Elizabeth – “Diversas medidas foram tomadas para restringir a evolução dos casos em nossa cidade. O resultado mostra que as medidas foram eficientes, alcançando queda na curva de casos em novembro, como previsto, e também a manutenção das atividades comerciais, garantindo a retomada da nossa economia. Em caso de segunda onda, faremos o enfrentamento da mesma forma: manter a recomendação do distanciamento social e a obrigatoriedade do uso de máscaras, orientar e restringir a ocorrência de grandes aglomerações em ambientes fechados, manter política de higienização das mãos com água e sabão e álcool em gel, continuar com o monitoramento intensivo dos casos confirmados, suspeitos e os contatos desses pacientes. Além disso, o acompanhamento diário dos casos também será fundamental para rever qualquer medida, tornando as restrições mais rígidas conforme a necessidade. Dessa forma, esperamos continuar diminuindo a velocidade de transmissão do vírus e o de pacientes acometidos pela doença em nossa cidade”.
Professor Gadini – “Primeiramente, registramos nosso pesar às 143 famílias enlutadas, nos casos de morte registrados em Ponta Grossa (até 04/11). Em segundo lugar, é preciso ressaltar que PG ainda enfrenta os efeitos da primeira onda. A ameaça de segunda e terceira ondas revela que é preciso cautela e precaução. O combate à pandemia do coronavírus precisa de investimento público, como a verba destinada pelo Congresso/governo federal, que em PG a atual administração utilizou boa parte para manter folha de pagamento da Saúde em dia. Aliás, garantir pagamento salarial tem previsão orçamentária, conforme legislação vigente. A baixa média de testes covid-19 na população indica que os recursos deveriam ser utilizados no combate à pandemia. Infelizmente a atual administração, em diversas situações, se deixou contagiar pela atitude irresponsável do governo federal, que pressionou para que as medidas de proteção da população fossem negligenciadas. Temos que salvar vidas! Não se pode politizar uma pandemia, pois vacinas com eficiência garantida não têm ideologia. Vamos vacinar toda população de PG e resolver o problema”.
Marcio Pauliki – “Os primeiros 30 dias em que tivemos praticamente um lockdown em Ponta Grossa, na segunda quinzena de março e até os primeiros 10 dias de abril, foi muito importante porque foi possível uma adequação da saúde na cidade, para que quando viesse a onda, que infelizmente veio, hoje com mais de 140 mortes, o sistema de saúde tivesse mais adequado. Mas o que eu faria diferente é que, em meados do mês de maio, eu já teria aberto parte do comércio dos bairros. Afinal de contas, os grandes mercados estavam todos abertos, vendendo produtos que os pequenos comerciantes vendem, enquanto esses comerciantes estavam tendo um grande prejuízo, sendo que eles não geram aglomerações. Já no centro da cidade, teria um horário mais flexível, porque a partir momento que se restringe o horário, aumenta a aglomeração. Sobre a segunda onda, temos que fazer o equilíbrio entre a saúde física, mental e financeira. Vamos ter que discutir com toda sociedade, para que não tenhamos grande problemas de desemprego em Ponta Grossa, mas saibamos equilibrar a saúde, principalmente, das pessoas melhor de idade e com comorbidades”.
Mabel Canto – “Caso tenhamos uma vacina registrada na Anvisa até o final do ano, com perspectiva de início de imunização no primeiro trimestre de 2021, o município deverá acompanhar as recomendações adotadas pelas autoridades de saúde do Estado do Paraná baseadas em evidências científicas. É preciso prudência, já que ainda não está disponível a vacina e a média móvel de casos ainda aponta para o risco de aumentar novamente o número de casos tanto no Brasil, no Estado e, principalmente aqui no município, devemos analisar mais adiante. Vamos continuar acompanhando o cenário mundial, os protocolos que existem e principalmente conversar com as pessoas”.