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Carros usados chegam a custar mais do que 0 km em Ponta Grossa

Com a demora na entrega de carros novos devido à falta de componentes para a produção a demanda por seminovos e usados cresceu – e os preços acompanharam a alta

Vendas de carros seminovos está sendo feita bem acima da tabela Fipe (Foto: José Aldinan)

De acordo com uma pesquisa divulgada pela Fenauto, modelos de veículos com quatro a dez anos de uso tiveram uma valorização média de 13% nos primeiros seis meses de 2021, chegando a 20% de aumento de preço no caso dos carros populares. O estudo, desenvolvido pela KKB Brasil (empresa especializada em pesquisa de preços de veículos), pode ser comprovado na prática em Ponta Grossa, onde há casos de modelos específicos em que o carro seminovo chega a ser mais caro do que o 0 km.

Entre os fatores que explicam a alta nos valores de veículos seminovos está a alta na demanda provocada pela escassez de carros 0 km: com as montadoras enfrentando problemas no abastecimento de componentes há menos unidades novas saindo das fábricas e filas de espera nas concessionárias.

A pouca oferta de carros novos também alavancou os seus preços e, com a redução do poder aquisitivo do consumidor causada pela alta inflação, todos esses fatores acabam resultando numa maior procura por seminovos – o que também alavanca os preços desta categoria.

“Tivemos um aquecimento na venda dos seminovos pela falta dos 0 km. A faixa mais procurada é de carros de R$ 30 a R$ 50 mil, e nestes o pessoal está trabalhando com valores de cerca de R$ 3 mil acima da tabela Fipe”, explica Giancarlo Capri, gerente da Cipauto – concessionária que representa a Chevrolet em Ponta Grossa.

“Há ainda outras categorias que têm se destacado pela alta procura. Uma são os carros de 2021 com baixa quilometragem, entre 7 a 10 mil km, pois para estes modelos no 0km as fábricas impuseram altas de até 18%”, cita ele, que complementa: “Outra são as caminhonetes e veículos movidos a diesel, que estão sendo vendidas até R$ 10 mil acima da Fipe e as novas levam até 6 meses na fila de entrega – porém, em alguns casos os preços das seminovas são maiores do que o das 0 km”.

R$ 30 mil acima da Fipe

Já o gerente de seminovos da Servopa, concessionária Volkswagen de PG, afirma que há casos em que os acréscimos na venda de carros usados em Ponta Grossa chegam a R$ 30 mil acima da tabela Fipe. “Isso acontece em algumas caminhonetes na cidade. Os carros a diesel, em modo geral, estão com uma boa diferença da tabela por conta do preço dos combustíveis”, relata João Paulo Marques.

“Há outros veículos em que os preços de novos e usados se aproximam, mas o novo leva meses para chegar. Por conta dessa falta de carros, inclusive, o que antes os vendedores priorizavam vendas à vista ou com menos parcelas, hoje valorizam mais aquelas que têm veículos na troca”, afirma o gerente da Servopa.

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Histórico e expectativas

Segundo Giancarlo Capri, fenômenos parecidos aconteceram em 1999 e em 2009. Neste último, durante a crise econômica mundial, a normalização veio apenas 5 anos depois, com a redução do imposto federal IPI.

“Considerando as fabricações das montadoras, caso não tenhamos nenhum outro grande problema como uma nova variante do coronavírus e piora da pandemia, por exemplo, a perspectiva é termos uma melhora de preços a partir de junho ou julho de 2022”, avalia o gerente da Cipauto.

Já o representante da Servopa acredita que este é o “novo normal” do mercado de automóveis. “Não acho que vá ter uma queda repentina de preços, principalmente na tabela Fipe. Se as dificuldades diminuírem para as montadoras talvez no segundo semestre de 2022 inicie um movimento de baixa”, opina Marques.

Agosto bate recorde na venda de usados em relação a novos

No mês passado, a cada carro 0 km emplacado no país 6,8 carros usados foram vendidos. Esta é a maior proporção registrada pelo menos desde 2004, quando a Fenabrave iniciou a pesquisa.

“A baixa disponibilidade de veículos novos segue como o grande desafio do Setor da Distribuição Automotiva, e a oferta de usados surge como alternativa para suprir esse mercado. Desde 2004, nunca havíamos superado a barreira de seis veículos automóveis e comerciais leves usados vendidos a cada novo emplacado em um mês. Em 2021, superamos este número em julho (6,5 usados a cada novo vendido) e agora, também, em agosto (6,8 usados a cada novo comercializado)”, analisa Alarico Assumpção Júnior, presidente da entidade.

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