A capital cívica do Paraná, como é conhecida Ponta Grossa, recebe o presidente da República, Jair Bolsonaro, nesta sexta (5). Bolsonaro é o terceiro Chefe de Estado a pisar nos Campos Gerais nos últimos dez anos. Antes dele, Dilma Rousseff e Michel Temer estiveram na região. A história de Ponta Grossa também é marcada pela visita de Getúlio Vargas na década de 1940.
Ponta Grossa e os Campos Gerais são fortes redutos eleitorais de Jair Bolsonaro. Em 2018, 59% dos eleitores ponta-grossenses votaram em Bolsonaro no primeiro turno. Esse número subiu para 73% no segundo turno das eleições.
No entanto, a relação mais próxima de Ponta Grossa com os presidentes começou há 91 anos. Enquanto ocorria a Revolução de 1930, Getúlio Vargas esteve na principal cidade dos Campos Gerais. Vargas fazia o acompanhamento à distância do que se desenrolava no Rio de Janeiro. Teria sido em Ponta Grossa que ele recebeu a notícia de que deveria seguir para a capital brasileira tomar posse como presidente. A partir daí Ponta Grossa ganhou o ‘status’ de capital cívica.
Na década seguinte, Vargas – oficialmente presidente – voltou a Ponta Grossa. O ano era 1943 e o Brasil vivia o Estado Novo. O Chefe de Estado se hospedou no atual Planalto Select Hotel, que fica em um dos pontos mais altos da cidade. Foi da sacada do hotel – inaugurado em 1941 – que ele discursou para a população local. Dali nasceu a foto histórica que mostra Getúlio sorrindo do alto do prédio para os ponta-grossenses.
‘Era PT’
Com o desenvolvimento regional nos últimos anos, especialmente em aspectos de produção agropecuária e industrial, os Campos Gerais ganharam importância perante o Governo Federal. Os planos sociais também estiveram em protagonismo.
Em 16 de julho de 2013, a presidente Dilma Rousseff, do Partido dos Trabalhadores (PT), esteve em Ponta Grossa para a entrega de habitações populares, demanda comum à época. Naquela oportunidade, a cidade somava ao todo 8,1 mil residências do programa ‘Minha Casa, Minha Vida’.
A primeira presidente mulher do Brasil veio entregar e anunciar 1.438 casas de residenciais que atualmente são bastante conhecidos da população local: Londres, Califórnia I, Califórnia II e Itapoá.
Acompanharam a visita o então prefeito Marcelo Rangel e o governador Beto Richa, além de ministros do Governo. Dilma discursou por 31 minutos e a íntegra pode ser encontrada na Biblioteca Online da Presidência da República.
Temer
Em 28 de junho de 2016, o presidente em exercício Michel Temer veio ao Paraná para a inauguração da fábrica de celulose da Klabin, em Ortigueira, também nos Campos Gerais.
“O empreendimento é um exemplo para o Brasil voltar a crescer e gerar empregos. Um país é amparado na inciativa privada. A conjugação daqueles que empregam e são empregados fazem a nação crescer”, afirmou o presidente em discurso naquele dia.
O projeto Puma da Klabin recebeu investimento de R$ 8,5 bilhões e criou 1,4 mil empregos diretos. Na construção chegou a empregar 14 mil pessoas.
Na época, a agenda de Temer só contemplou a visita à Klabin. Não houve outros eventos oficiais na região. Ele esteve acompanhado de dirigentes da Klabin e do governador Beto Richa. Também marcaram presença naquele dia a vice-governadora, Cida Borghetti, o ministro da Saúde, Ricardo Barros, o secretário de Estado da Infraestrutura e Logística, José Richa Filho, e os então deputados federais Luiz Hauly, Luciano Ducci, Sérgio Souza, Sandro Alex, Osmar Serraglio, Alfredo Kaefer e Rubens Bueno.
Ponta Grossa abrigou D. Pedro II
Nove anos antes da Proclamação da República, o Paraná recebeu o imperador Pedro II e a imperatriz Tereza Cristina. Eles chegaram ao estado em 18 de maio de 1880. As principais razões da visita eram o lançamento da pedra fundamental de construção da ferrovia Paranaguá/Curitiba e inauguração da Santa Casa de Misericórdia da capital.
No entanto, o imperador ‘passeou’ pelo interior do estado e Ponta Grossa esteve na rota. Dom Pedro II se deslocava em comitiva com carruagens e carroças. Os relatos foram registrados em jornais da época e em diário.
Parte do grupo se perdeu na escuridão do trajeto dos Campos Gerais. A comitiva encarou forte frio de inverno, além de registrar morte de cavalos e perda de cocheiros.
O anfitrião em Ponta Grossa foi o curitibano Major Domingos Ferreira Pinto, que dá nome a uma rua no bairro Boa Vista. Talvez você não o reconheça por esse nome, mas três meses depois ele recebeu o título de Barão de Guaraúna – nome oficial da praça central de PG onde está a Igreja dos Polacos.
Ponta Grossa ainda abriga o marco de Dom Pedro II. A estrutura fica na Colônia Tavares Bastos, região rural que está adiante dos residenciais Gralha Azul e Buenos Aires, no Contorno. Lá há estradas de terra que levam ao Centro de Formação Nossa Senhora da Paz e a um sítio denominado ‘Caminho do Imperador’.
Visita de Bolsonaro tem burocracia por segurança
Bem diferente das épocas de Dom Pedro II e Getúlio Vargas, a atual visita do presidente apresenta desafios para quem precisa acompanhar de perto. A imprensa, por exemplo, teve trabalho extra para fazer o credenciamento à visita de Bolsonaro nos Campos Gerais.
Além dos documentos oficiais e de um cadastro no Portal da Presidência, jornalistas precisam passar informações como endereço, estado civil, nome da mãe, nome do pai, empresa para a qual atua, endereço da empresa e registro profissional.
Os profissionais da imprensa também necessitam apresentar foto 3×4 em fundo branco e anexar uma série de documentos no sistema virtual da Presidência. Além dos documentos pessoais de praxe como RG e CPF, há um termo de responsabilidade, vínculo empregatício com a empresa e papel timbrado pela empresa.
Somente depois de anexar a documentação completa o profissional pode solicitar o credenciamento para os eventos presidenciais. Esta solicitação de credenciamento ainda precisa passar por aprovação.
Apesar da visita de Bolsonaro aos Campos Gerais ser extraoficialmente confirmada com semanas de antecedência, o credenciamento passa a ficar disponível dois dias antes da data do evento.