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PG aplica metodologia inovadora em ensino

Uma aula de Ciências da Natureza em que os alunos não são dependentes do professor, fazem experimentos, desenvolvem suas próprias hipóteses, anotam os resultados e constroem seu próprio conhecimento, com autonomia e protagonismo. Essa aula dos sonhos de muito professor está sendo realizada em escolas de Ponta Grossa, em uma proposta inédita no Brasil. Os resultados, segundo os profissionais, foram extraordinários para a aprendizagem das crianças.

Essa é a metodologia ‘Lesson Study’, com origem centenária no Japão e normalmente utilizada para o ensino da Matemática. Ela foi trazida para a Secretaria Municipal de Educação em parceria com a Fundação Lemann e a Tríade Educacional. Esse formato de aula exige uma ampla formação dos professores, que já está em andamento. Nesta sexta-feira um grupo de 15 observadores reuniu-se para acompanhar uma das aulas piloto, onde as crianças, em grupos, utilizaram os conhecimentos pré-adquiridos para analisar e descrever os resultados de um procedimento envolvendo a filtragem da água – tudo com a mínima interferência dos professores. A atividade foi na Escola Municipal Professora Zair Santos Nascimento, no Jardim Los Angeles.

“Esta metodologia exige várias mudanças de comportamento dos professores e alunos, outra preparação, diálogo, layout de sala de aula. Trata-se de uma forma de aprimorar o processo de ensino-aprendizagem. Os resultados são visíveis pelos conhecimentos manifestados pelos alunos”, comenta a secretária Esméria Saveli.

Nas aulas, os alunos realizam sua própria experiência e observações. Dirce Aparecida Vaselechen, professora na Escola Professora Zair Santos Nascimento – onde foi realizada a aula com a presença de 15 observadores – conta que os resultados da Pesquisa de Aula indicam que os alunos podem ser os protagonistas do processo de aprendizagem. “Ficou demonstrada a curiosidade das crianças, que é isso o que os move. Dissemos que eles seriam os cientistas, eles seriam o professor e a aula só aconteceria se eles formulassem as hipóteses, se conseguissem anotar os resultados, e foi dentro do esperado. Cada um agiu da sua forma. Eles foram protagonistas realmente, todos interagiram, inclusive um aluno que tem uma deficiência. Eles conseguiram trabalhar em grupo, mostraram todo o cuidado um com o outro e demonstraram que houve um crescimento muito grande no processo de aprendizagem das crianças”, narra a professora, orgulhosa.

Os observadores externos apontaram que as aulas diferenciadas foram uma experiência impactante para os alunos. “A observação em sala de aula foi o ponto alto do projeto. Ele teve início em março e, em maio, passou a ser desenvolvida a temática da água. Os professores estudaram o tema para além da nossa expectativa, eles aprofundaram e foram produzindo planos de aula”, conta Lilian. “A maneira como a equipe de Ponta Grossa se envolveu com o projeto e o resultado dele é algo que não temos nem palavras para dizer”, observa Lilian Bacich, da parceria Tríade Educacional/Fundação Lemann.

A aluna Sophia Grzebielucka Correia de Oliveira, do 4º ano da Escola Municipal Professor Felício Francisquiny, é uma das que está participando do Projeto de Pesquisa de Aula. “Já fizemos experiências sobre misturas, estudamos o quanto tem de água potável no mundo e também já fizemos chover em um pote. Estou achando muito legal, eu estou aprendendo muito mais”, conta ela. A professora dela, Flávia Carvalho Vitkoski, é regente da turma de Sophia. “Essa metodologia é bem interessante porque os alunos são protagonistas de toda a aula. Eles pesquisam, realizam experiências, levantam e testam hipóteses e chegam às conclusões que nós tanto esperamos. E é o que nós queremos, os professores aparecendo menos e os alunos aparecendo mais”, resume.

Formação dos professores e reflexo na aprendizagem

A assessora pedagógica Maria de Fátima Mello de Almeida destaca a formação dos professores como item fundamental do processo de um novo formato de aula, privilegiando o protagonismo dos alunos. “Nessa formação, o professor vai aprender a olhar seus alunos de maneira diferente e individual, tentando identificar como cada um aprende e como cada um interage com professores e colegas. O sucesso da aprendizagem demanda um processo de pesquisa, planejamento e muito trabalho em equipe”, nota ela.

A experiência demonstra novas possibilidades para a sala de aula. “O grande foco é como ajudar esse aluno a aprender Ciência, colocando a mão na massa para desenvolver uma atitude curiosa, de investigação, para aprender com isso”, explica Lilian, da parceria Tríade Educacional/Fundação Lemann. “Nos ensina que um melhor aproveitamento do tempo de planejamento dos professores da instituição pode levar a resultados como esse que a gente viu. Aprender Ciência pode envolver o livro didático, mas principalmente tem que envolver a ação do aluno”, aponta Lilian, lembrando que a nova Base Nacional Curricular Comum orienta justamente para esta mudança. “A BNCC traz o olhar para o aluno que tem uma postura investigativa, desenvolvendo o protagonismo”.

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