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Afastado, veterano do SUS lamenta não estar no front

Ele é um dos médicos mais antigo da rede pública municipal de Saúde de Ponta Grossa em atividade. Atua na atenção primária e em décadas de carreira pela primeira vez enfrenta uma situação particularmente inusitada porque é profissional da saúde e gostaria de estar na linha de frente do combate ao vírus, mas devido à idade, foi temporariamente afastado.

O médico Maurício Mayrinck Falcão, 69 anos, vivenciou epidemias como a do sarampo e da caxumba, mas jamais uma pandemia de doença tão contagiante, letal e desconhecida como a covid-19, contra a qual só há uma certeza crível até o momento: a da prevenção, com o uso de máscara, o distanciamento social e a higiene pessoal e ambiental.

O doutor Falcão já atuou em unidades básicas de saúde no Centro de PG e de bairros como Oficinas e Uvaranas. Atualmente, além das atividades em instituição privada, também atua em área médica especializada do Sistema Único de Saúde (SUS) na aeronave do serviço aeromédico do Samu.

“É um sentimento terrível e com a capacidade produtiva que temos é muito ruim por não estarmos trabalhando. Estou na linha de frente para socorrer as pessoas e estaria, com certeza, me sentindo útil neste momento”

Maurício Mayrinck Falcão, médico oncologista cirúrgico

Nascido em Pernambuco, Maurício Mayrinck Falcão, 69 anos, formou-se em 1975 na Universidade Federal de Pernambuco e seguiu para o Rio de Janeiro, onde se especializou em Oncologia Cirúrgica. Foi lá que ele conheceu um colega de profissão do Paraná que indicou Ponta Grossa para o especialista dar início à carreira profissional.

“Foi então que comecei a trabalhar como médico clínico na Prefeitura de Ponta Grossa, em 1979, e então passei por cerca de seis unidades de saúde como a unidade de saúde central, no Centro da cidade, e também em outros bairros como Vila Cipa, Oficinas, Maria Otília, São José e Vila Estrela. Em 1996, com a criação do Siate, atuei como médico socorrista e depois, em 2005, ingressei no Samu e segui com as unidades de saúde”, lembrou.

Desde 2019, Maurício atua no serviço aeromédico do Samu que realiza o transporte aéreo de vítimas de acidentes e transferência de pacientes graves para hospitais da região, mas está temporariamente afastado do seu posto desde de abril, por pertencer ao grupo de risco da covid-19. Em meio à pandemia, ele lamenta não poder estar na linha de frente para salvar vidas.

“Cheguei a fazer uma declaração para a prefeitura alegando que eu não tenho nenhum tipo de doença grave e que eu gostaria de continuar trabalhando no helicóptero. É um sentimento terrível pois, com a capacidade produtiva que temos, é muito ruim não estarmos trabalhando. Estou na linha de frente para socorrer as vítimas e assim estaria me sentindo útil, mas sou obrigado a ficar em quarentena”, disse o médico.

Com sua vasta experiência na área da medicina, Falcão se espanta ao dizer que nunca tinha visto uma pandemia de tamanha proporção. “Isso nunca existiu no Brasil, sabemos da Gripe Espanhola, da Gripe Asiática e tivemos diversos episódios do sarampo e da caxumba. Mas deste nível e extensão foi a primeira vez. E como é uma doença nova, que ainda não sabemos como funciona, não temos certeza de nada, inclusive da vacina, que ainda não nos dá a garantia de que dará imunidade”, disse.

O mais importante neste momento, segundo Maurício, é que as medidas preventivas, como o uso de máscaras e o distanciamento social, sejam seguidas. “Acredito que todos vão pegar a doença, mas que isso ocorra em espaços de tempo maiores, pois não têm leitos para todos. É fundamental evitar ao máximo as aglomerações. E Ponta Grossa está muito bem se compararmos com outras regiões, à exemplo de Pernambuco”.

Mesmo com o sentimento de incertezas, o médico diz que o momento difícil vai passar. “Vai passar sim, mas ainda não sabemos daqui a quanto tempo. Uma coisa é certa: o mundo já não é mais o mesmo que do ano passado. Há seis meses vivemos algo novo. São novos tempos, mas pesquisas importantes estão sendo feitas e acredito que teremos uma nova era daqui um tempo”, destacou.

Além do serviço aeromédico, Maurício Falcão é médico do trabalho da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) e da Cooperativa Frísia.

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