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7 toneladas de maconha são apreendidas na região no 1° semestre

Somente no primeiro trimestre deste ano, foram apreendidas 7 toneladas de maconha nas rodovias federais da região dos Campos Gerais. O número é dez vezes maior se comparado ao mesmo período do ano passado, quando foram apreendidos 645 quilos de maconha. Os dados foram repassados pelo inspetor da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Marcos Aurélio dos Santos, responsável pela delegacia de Ponta Grossa, em entrevista ao DC, na manhã de sexta-feira (3).

Além do balanço de apreensões de drogas, o inspetor também falou sobre o trabalho da PRF no combate ao tráfico de drogas nos Campos Gerais, bem como os principais resultados da Operação Tamoio, desencadeada em maio deste ano. Ainda durante a entrevista, Aurélio destacou sobre a importância da construção do viaduto na avenida Souza Naves. Confira a entrevista na íntegra.

Operação Tamoio

A PRF vem desencadeando diversas fases da Operação Tamoio, onde um número considerável, principalmente, de maconha, já foi apreendida. Com base neste assunto, qual o principal objetivo de uma ação como esta para a região dos Campos Gerais?

A Operação Tamoio começou em maio deste ano, em todo o território nacional, com o objetivo de coibir o tráfico de drogas, inclusive, na região dos Campos Gerais quando o tráfico de drogas busca rotas alternativas em municípios como Guarapuava, Irati, Imbaú, Ortigueira e Ponta Grossa, portanto, essa operação atua fazendo frente a estas rotas.

A operação teve duas fases, quando o tráfico nas estradas apresentou uma retração após a primeira fase e quando o tráfico quis retornar, realizamos a segunda fase. Tivemos uma grande apreensão em Mato Grosso do Sul, com quase 26 toneladas de maconha apreendidas, quase um recorde histórico em uma única apreensão.

E na região dos Campos Gerais, qual foi a apreensão mais considerável?

Tivemos uma apreensão expressiva no município de Irati onde foram apreendidas 2,1 toneladas de maconha, além de dois fuzis que estavam junto com a droga. Nós estamos enfrentando diretamente o crime organizado e a Operação Tamoio é um resultado de cooperações internacionais.

Vemos que o Paraná é vizinho de países considerados os maiores produtores de maconha, à exemplo do Paraguai, da Bolívia e Colômbia que utilizam o Brasil como passagem dessas drogas. Por isso, contamos com a integração de forças como a Polícia Militar, Receita Federal, buscando atuar na fronteira primária. Em seguida, vem as rodovias que é onde entra a nossa atuação, até chegar aos grandes centros urbanos.

Comparativo

Em comparação ao ano passado, neste mesmo período, podemos dizer que o número de apreensões de drogas nas rodovias federais foi menor ou maior em comparação ao mesmo período deste ano?

No primeiro semestre de 2019, foram apreendidos 645 quilos de maconha, enquanto que nós fechamos o ano com a apreensão de 2 toneladas, o que já havia sido o recorde do ano anterior. Somente no primeiro semestre deste ano, foram apreendidas quase 7 toneladas de maconha, quase dez vezes maior do que foi apreendida no primeiro semestre do ano passado.

Com isso, percebemos que a evasão das divisas e a lavagem de dinheiro estão diretamente ligadas com o tráfico de drogas. Também percebemos que quando essa droga chega aos municípios, acaba desencadeando outros crimes e, por consequência, a violência social.

Tráfico x pandemia

Qual o agravante do tráfico de drogas se relacionarmos com a pandemia?

A pandemia pode fragilizar muitos postos de trabalho e, com isso, muitas pessoas se tornam vulneráveis ao assédio de traficantes. Por isso, o nosso trabalho é baseado em três pilares: a informação e serviço de inteligência qualificado, a tecnologia que está na mão do policial para atuar naquele momento e a integração dos bancos de dados da Receita Federal, Polícia Civil e a Polícia Militar. E quando você tem a integração dos órgãos, o trabalho acontece.

Prevenção

Como tem sido o trabalho da PRF nas rodovias federais para combater o tráfico de drogas?

Estamos falando de quase 70 mil km de rodovias federais e que concentram cerca de 85% de tudo o que é transportado no Brasil. E o que nos traz a preocupação é como atuar, pois precisamos ter um trabalho junto aos portos clandestinos e também junto aos grupos de base de transportes aéreos. Não se tem um resultado bom, sem um ótimo formato para todas as áreas.

Sabemos que o crime anda pelas rodovias e o grande desafio é atuar de forma que não cause problemas aos demais usuários. Mas durante a pandemia, observamos que os trabalhos não pararam, e sim aumentaram, portanto, as operações vêm justamente pra concentrar esforços.

Rodovias com maior incidência

Quais são as rodovias que mais concentram o tráfico de drogas nos Campos Gerais?

A cadeia da criminalidade sabe por onde poderá desviar das operações que têm sido realizadas, por isso, observamos que, aqui nos Campos Gerais, temos a BR-277, para quem vem do Paraguai sentido Curitiba. Também temos a BR-376, rodovia do Café, no Norte do estado, que vai sentido Curitiba. E a BR-373 que também corta Ponta Grossa.

Somente no primeiro semestre deste ano, foram 6 toneladas de maconha apreendidas aqui na nossa região. É um número bem considerável, pois essa droga seguiria para Santa Catarina, São Paulo e Curitiba. Cientes dessa complexidade da região, tivemos que mudar completamente a forma de atuação das corporações.

Denúncias

Como as pessoas podem ajudar no trabalho da PRF mediante denúncias sobre o tráfico?

As pessoas são os nossos olhos em todo o contexto, por exemplo, se alguém está no restaurante e escuta alguém comentando que vai receber uma encomenda. Então basta ligar no 191 e a informação chega diretamente nos policiais. Outro exemplo visual é ver alguém descendo do ônibus e acessando um veículo após pegar a chave escondida no pneu. Quando essas informações chegam à polícia, há indícios fortes de que há uma criminalidade ocorrendo ali.

Toda e qualquer informação é necessária para ajudar os policiais. Inúmeras aprensões são fruto do cruzamento de informações que a população nos passa. Essa troca de informações é essencial, pois se não tivermos informação qualificada, não teremos resultado. O principal canal de denúncias é principalmente pelo 191 e toda informação é anônima.

Trabalho social

Além de combater o tráfico de drogas, como funciona o trabalho da PRF junto aos moradores de rua?

Tudo o que está nas rodovias faz parte do nosso trabalho e não podemos fechar os olhos para os itinerantes (andarilhos). Eles sempre procuram os postos pedindo água e alimentação. E um projeto da PRF de Ponta Grossa fez um levantamento, com órgãos de saúde, para saber de onde são esses itinerantes. A partir destas informações, fomos atrás de parcerias para arrecadação de kits de higiene, máscaras e cobertores que foram entregues a eles. É nossa obrigação enquanto cidadãos para que essas pessoas tenham um mínimo de condições e segurança e sobrevivência.

Segurança na Souza Naves

Agora com relação à construção do viaduto na avenida Souza Naves, existe uma ação pedindo para suspender a obra. Na opinião da PRF, qual a importância de uma obra para esta região?

As obras previstas para a avenida Souza Naves foi uma grande batalha, onde mobilizamos diversos setores de Ponta Grossa, pois são obras que não estavam previstas no Acordo de Leniência e, há 6 anos, temos reivindicado essa obra na região, pois cerca de 30% dos acidentes são em decorrência de atropelamentos e 70% são colisões de veículos que precisam cruzar a rodovia para acessar os bairros.

Temos dados de que entre 35 a 45 mil veículos cruzam a avenida todos os dias. E essa via está completamente saturada. Apresentamos estudos de mortes naquela região e a nossa preocupação era por medidas de segurança emergenciais a médio e a curto prazo.

Algumas ações, como a implantação de lombadas eletrônicas, foram medidas paliativas e que, de certa forma, ajudaram. No entanto, a colocação do viaduto é o ideal, além de um contorno para desviar o tráfego pesado.

E Ponta Grossa, por ser um grande entroncamento rodoviário, tem esse problema potencializado. Em dez anos, já foram registradas 70 mortes na Souza Naves, ou seja, não podemos mais conviver com isso.

Quem mora na região, sabe da necessidade de uma obra como esta, pois convivem diariamente com essa situação. Solicitamos diversas reuniões e, sem essas medidas, Ponta Grossa continuaria sendo uma fábrica de mortes. E quem é contra, está compactuando com isso. Por isso, é importante que todos saibam que o viaduto trará mais segurança e é incompatível aceitarmos que mais pessoas morram em decorrência dos acidentes.

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