A Polícia Civil finalizou as investigações sobre um caso suspeito de desvio de Fentanil de um hospital de Ponta Grossa. A droga, que é um analgésico 100 vezes mais potente que a Morfina, tem sido usada de forma recreativa, levando a preocupações globais de saúde pública. O delegado responsável pelo caso, Derick Moura Jorge, deu detalhes do caso.
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Segundo ele, no dia 17 de junho de 2024, uma mulher de 36 anos, aproveitando-se da sua qualidade de técnica de enfermagem, teria subtraído quatro ampolas do medicamento psicotrópico com dispensação controlada de um hospital local. A entidade hospitalar, ao tomar ciência dos fatos, imediatamente afastou a profissional de suas funções. Porém, mesmo afastada, a mulher entrou na unidade hospitalar utilizando os dados de outra servidora sem o conhecimento desta, e subtraiu mais oito ampolas do medicamento, diz o delegado.
Modus operandi
A partir das informações coletadas, a investigação revelou que a mulher teria realizado buscas junto aos sistemas do hospital a fim de descobrir para quais pacientes havia sido prescrito o potente analgésico. Depois, a suspeita realizava a ‘baixa’ virtual da medicação e, na sequência, retirava o Fentanil junto à farmácia hospitalar. Contudo, segundo Derick, os medicamentos não eram administrados nos pacientes, mas desviados pela funcionária, sendo retirados do ambiente hospitalar.
As investigações revelaram que a autora ingressava na unidade de saúde em diversos dias que não estava escalada, sendo que nestes períodos, durante o mês de junho de 2024, baixou o medicamento do sistema 88 vezes. Em um ano, ela teria realizado o total de 890 aprazamentos da medicação em dias que, em tese, deveria estar de folga.
A droga desviada é um analgésico narcótico que se caracteriza pela rápida ação, curta duração e elevada potência (100 vezes maior do que a da morfina e 50 vezes maior que a heroína). O crescente uso recreativo do medicamento é encarado como uma ameaça global à saúde pública, dada a sua potencialidade e a impossibilidade de acesso público. É uma droga de aquisição estritamente hospitalar, descreve Derick.
Prisão e complicações
A partir das informações coletadas, o delegado responsável pelo caso representou pela decretação da prisão temporária da investigada, o que foi deferido pelo Poder Judiciário. Entretanto, antes que o mandado fosse cumprido, a suspeita foi internada com graves complicações médicas causadas, aparentemente, pelo uso desassistido de tal medicação, o que gerou a revogação da ordem de prisão.
Após o interrogatório da autora, o caso foi devidamente finalizado e encaminhado ao Ministério Público para adoção das medidas cabíveis, sendo que embora não se tenha verificado nas investigações que a mulher estaria revendendo as medicações desviadas, mas sim fazendo uso irregular destas, esta foi indiciada pela prática dos crimes de peculato (artigo 312 do Código Penal) e inserção de dados falsos em sistema de informação (artigo 313-A do Código Penal).