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Vinho ilegal financia crime organizado no Paraná, diz PRF

Vinho chega mais barato ao consumidor, mas pode estar financiando a criminalidade

Aumento nas apreensões de vinho foi exponencial nos últimos quatro anos / Foto: Divulgação

Levantamento divulgado pela Polícia Rodoviária Federal do Paraná (PRF-PR) revelou, nesta semana, a mudança no perfil do comércio e contrabando de vinho ilegal no estado. De acordo com as estatísticas, as apreensões cresceram mais de 30 vezes no Paraná, e o perfil dos transporte em rodovias mudou. Antes, a tarefa cabia ao “pequeno contrabandista”, com pequenas cargas; agora é coisa do crime organizado, atrelado ao tráfico de entorpecentes.

Crime organizado no Paraná

A utilização de veículos roubados, clones, batedores e olheiros são alguns dos artifícios praticados pelos contrabandistas e quadrilhas. As quadrilhas do tráfico de drogas estão diversificando o leque de crimes com o comércio ilegal de vinho, uma forma de investimento criminoso para capitalizar as organizações. É o que aponta a pesquisa realizada pelos setores operacionais da PRF no Paraná.

“Não é o pequeno muambeiro que vai ali comprar um pouco de vinho e trazer, são quadrilhas altamente organizadas“, comenta um policial rodoviário federal que atua em operações contra esse tipo de crime.

Segundo a PRF, para quem compra o vinho ilegal, a impressão que se tem é a de que apenas está burlando as leis fiscais e não pagando imposto, e assim tendo a vantagem de comprar o vinho por preços mais acessíveis. Entretanto, quem compra o vinho que entra ilegalmente  pode estar contribuindo diretamente para a manutenção da saúde financeira de quadrilhas do crime organizado no Paraná.

Vinho ilegal

Em 2021, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) apreendeu no Paraná mais de 56 mil garrafas de vinhos, que entraram no Brasil pela região de Barracão, município de 10 mil habitantes que fica perto da fronteira com a Argentina e a poucos passos de Santa Catarina.

Os números mostram aumento de 3.206% na quantidade de vinho apreendida pela PRF no Paraná em quatro anos. Em 2018, a PRF apreendeu 1.700 garrafas, em 2019 foram 3.937, em 2020 chegou a 22.737 garrafas e em  2021 foram apreendidas 56.254 garrafas de vinho. Com o aumento da entrada de vinhos pela conurbação transfronteiriça a PRF no Paraná aumentou a fiscalização na região.

Destinos

O vinho argentino em descaminho tem três possíveis rotas de destino ao entrar no estado. Ele pode ir para a capital (Curitiba/PR), onde abastece o varejo local, pode subir para o estado de São Paulo, e de lá ser distribuído para o resto do país, visto que São Paulo tem um dos principais corredores logísticos do país, ou seguir para Santa Catarina.

“Isso não significa que os receptores finais da mercadoria sejam apenas estes lugares, pois os mesmos podem funcionar apenas como centros de distribuição”, comenta um dos policiais que atua no combate ao crime organizado no Paraná.

Gap cambial atrai os contrabandistas

Segundo a Receita Federal, o  que torna o vinho argentino atrativo para praticar esse tipo de crime é o gap cambial – a desvalorização da moeda argentina frente à brasileira. Atualmente um peso argentino oficial está custando em média 0,052 centavos – na cotação de janeiro de 2022 – já o câmbio paralelo chega a custar até 0,03 centavos. “A diferença cambial é gigantesca, então o importador regular que utiliza o câmbio oficial para suas importações acaba saindo em desvantagem em relação ao contrabandista”, explica o delegado da Receita Federal na região.

Grupos de Whatsapp, marketplaces digitais e até distribuidoras de bebidas e restaurantes são pontos de distribuição de vinho ilegal. Ao comparar os valores de algumas garrafas de vinho vendidas nestes grupos de Whatsapp com o de venda das mesmas garrafas no mercado nacional, percebe-se que o preço praticado pelos contrabandistas é muito abaixo do praticado pelas importadoras lícitas.

Em alguns casos, os vinhos dos contrabandistas têm um valor de venda até 72% menor do que os vendidos por importadores regularizados. De acordo com o delegado, “dificilmente você consegue achar vinho argentino sendo importado licitamente hoje; os importadores oficiais quase não trabalham com vinho argentino mais”. (com assessorias)

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