Em 1940, quando iniciou a seleção genética de vacas leiteiras, o foco era a somente na produção de leite. Após alguns anos entre 1960 e início de 1970 começou a seleção na produção de gordura e depois de proteína. Já no final dos anos 70 e início de 80 começaram as avaliações dos traços morfológicos das vacas, como: corpo, pernas em geral, garupa, úbere anterior, úbere posterior e ligamento médio.
A seleção por células somáticas teve início nos anos 90 e logo após foram acrescentadas a mensuração de vida produtiva, a fertilidade das vacas e por fim, as provas com dados de eficiência alimentar como as realizadas em suínos e aves que permitem identificar a capacidade de conversão de matéria seca (MS) em leite. Atualmente este item já consta na fórmula das provas canadenses LPI – Índice de Lucratividade Vitalícia e das provas americanas TPI Índice de Desempenho Total.
Com todas estas informações, muitos produtores e especialistas em rebanho leiteiro passaram a conhecer melhor as características de uma vaca leiteira moderna e longeva. Um estudo realizado no Canadá entre 2003 e 2007 com base nos dados de classificação e produção da Holstein Canadá, deu uma visão mais clara de quais são as características lineares mais comuns nas vacas longevas canadenses, onde é destacado, principalmente, os traços de sistema mamário e depois pernas e pés.
Dentre as 25 características lineares avaliadas nas vacas (sistema mamário, pernas e pés, força leiteira e garupa), há cinco que mais impactam na vida produtiva dos animais. No sistema mamário as mais importantes são: úbere anterior; textura de úbere (característica exclusiva na prova Canadense); profundidade de úbere; ligamento central e altura de úbere posterior.
Outras características de grande importância na longevidade são: pernas vista posterior; qualidade óssea (característica exclusiva prova Canadense); locomoção do animal; pernas vista lateral; e profundidade talão. As características de menos importância são: largura de peito; estatura; colocação de tetos posterior; colocação coxofemoral e comprimento tetos.
O que uma vaca longeva deve apresentar
Úberes anteriores bem inseridos, com muita textura e irrigação e máximo de profundidade na altura do jarrete (musculatura posterior da coxa), na quarta ou quinta lactação, com ligamento central bem demarcado e forte;
As pernas e patas devem caminhar paralelamente nos seus aprumos, com uma visão posterior de ossatura bem plana, evitando assim, lesões de jarrete ou derrames nos mesmos.
A estrutura corporal deve ser de estatura mediana – com 145cm na garupa – e não muito grande, isto é, para uma vaca holandesa de peso médio – entre 650 e 680kgs – na idade adulta (terceira lactação).
Todos estes traços de morfologia estão relacionados diretamente aos índices de vida produtiva. Portanto, ao escolher o grupo de touros para melhoramento genético de sua propriedade, selecione aqueles com altos desvios para úbere anterior, textura de úbere e ligamentos central com patas paralelas na visão posterior e bons escores de locomoção. Este é o segredo para aumentar a vida útil de suas vacas e ter mais rentabilidade.