A Secretaria da Agricultura e do Abastecimento abriu negociações em diversas frentes para ajudar agricultores atingidos pelas geadas, com prioridade à cafeicultura em pequenas propriedades. As medidas vão desde acelerar a expansão do seguro rural até a negociação de crédito rural. Na última semana de julho, fortes geadas atingiram o Estado e provocaram a perda de 2 milhões de toneladas de grãos entre trigo, milho segunda safra e café.
O secretário Norberto Ortigara anunciou que vai negociar apoio para distribuição de calcário ou outro corretivo agrícola, aquisição de mudas e de adubo orgânico. A meta é distribuir 20 mil toneladas de calcário e mais 10 mil toneladas por ano durante seis anos nos municípios mais atingidos pelo evento climático. Essa proposta consta no Plano de Recuperação da Cafeicultura do Paraná, elaborada pela Câmara Setorial do Café do Paraná, que está sob análise técnica na Secretaria da Agricultura.
A proposta para recuperação da cafeicultura está ancorada na mecanização e adensamento do café, técnica que ajuda o produtor a enfrentar a falta de mão de obra que pressiona os custos de produção. O Plano Café 2013 se fundamenta na importância da atividade cafeeira para 11 regiões do Paraná, em mais de 200 municípios e produção potencial superar a 1,5 milhão de sacas por ano.
Essas regiões têm no café importante alternativa na geração de renda e diversificação, possuindo condições de clima e sociais para obtenção de cafés com produtividade e qualidade. É melhor ter uma pequena área cultivada com café, mas bem cuidada, do que ter grandes lavouras e mal cuidadas, comparou o secretário.
A proposta inclui ainda a negociação de crédito, com juros e prazos compatíveis com a cafeicultura. O técnico do Departamento de Economia Rural (Deral) Paulo Franzini chama a atenção para a importância da linha de crédito para amparar o cafeicultor atingido pela geada, porque ele poderá ficar ao menos dois anos sem a renda do café. Este ano, a renda cai em função do preço baixo e da queda de qualidade da produção por causa das geadas, e no ano que vem porque não terá produção, explicou Franzini.
Além do café, a Secretaria está preocupada com a queda na renda nos produtores de milho da segunda safra e de trigo, atingidos pelas geadas. Em função disso, os técnicos do Deral já iniciaram negociações com o Banco do Brasil para abertura de linhas de crédito, embora o processo seja mais lento e detalhado, como exigem as operações financeiras.
SEGURO RURAL A Secretaria está acelerando ainda o processo de expansão do seguro rural para 29 culturas no Estado. A Agência de Fomento, do Governo do Estado, já tem recursos assegurados de R$ 6,4 milhões para atender as operações do seguro. A operacionalização depende do credenciamento das empresas seguradoras, cujo processo está em andamento.
Até 2011, a subvenção ao prêmio de seguro rural amparava apenas o milho da segunda safra, o trigo, nas modalidades sequeiro e irrigado, e o café. Agora, está sendo ampliada para mais 26 culturas: abacaxi, algodão, alho, arroz, batata, cebola, cevada, feijão de primeira e segunda safra, tomate, ameixa, caqui, figo, goiaba, kiwi, laranja, maçã, melancia, morango, nectarina, pera, pêssego, tangerina, uva e floresta cultivada, além da pecuária.
As regras da subvenção ao prêmio do seguro rural deverão variar de acordo com a cultura. O Governo do Estado subvenciona 50% do que cabe ao produtor. No caso do milho da segunda safra, trigo e demais grãos, o Governo Federal paga até 70% do valor do prêmio e o Governo do Estado arca com 15% do valor do prêmio, ou seja, metade do que compete ao produtor pagar. No café, o Governo Federal paga 40% e o Governo do Estado deverá contribuir com 30%, devendo restar ao produtor pagar 30%. Na frutas, o Governo Federal paga 60% e o Governo do Estado deverá arcar com 20%, restando ao produtor complementar com 20% do valor do prêmio.