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Quebra na safra de milho impacta no preço de carnes

Grão é utilizado na alimentação de animais; com produção menor, preços se elevam e provocam reação em cadeia

Foto: Divulgação

Neste ano a produção de milho deve sofrer uma queda, tanto nacionalmente quanto no Paraná. A estimativa da segunda safra do grão será atualizada ainda nesta semana pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento (Seab), mas os dados já revelam queda de 12% na primeira safra de milho paranaense. Esse fato acaba provocando uma reação em cadeia na indústria alimentícia, que já registra aumento nos preços disponibilizados aos consumidores.

Além de uma produção menor alavancar os preços dos produtos disponíveis, ainda força importações – outro fator que eleva os preços. O porto de Paranaguá, por exemplo, é acostumado a exportar o grão, mas já recebeu o primeiro de quatro navios esperados que estão trazendo milho estrangeiro para abastecer o mercado interno.

Segundo o diretor-presidente da Portos do Paraná, Luiz Fernando Garcia, pelos relatórios e divulgações oficiais sobre o desenvolvimento da lavoura de milho, existe uma frustração em relação à safra para o segundo semestre, o que deve ainda reduzir a oferta de milho para exportação. “Em paralelo, a demanda interna aumenta e, por isso, as indústrias acabam tendo que importar. Devemos receber ainda mais milho importado para esse fim, considerando a quebra esperada para essa safrinha”, diz Garcia.

Safra

Como pontua o secretário de Estado da Agricultura e Abastecimento, Norberto Ortigara, o Brasil é um grande produtor de milho, inclusive com duas safras do produto, o que poucos lugares do mundo têm condição de fazer. Porém, segundo Ortigara, a segunda safra (safrinha 2021) sofreu problemas no Paraná, assim como em alguns dos principais estados produtores (Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Goiás). “Ela está em risco porque foi instalada tardiamente, em função do atraso da colheita da soja. É uma safra que tem perdas elevadas em decorrência da estiagem”, comenta.

“Com a desvalorização do real e com o crescimento dos preços no mercado mundial, o milho ficou um insumo caro para a produção de frango, porco, peixe, leite, que trabalham no limite, com muita dificuldade”, comenta o secretário, lembrando que o problema é ainda mais grave nos estados vizinhos já que Santa Catarina e Rio Grande do Sul não têm uma segunda safra de milho, como o Paraná.

Crise na avicultura

No Paraná, de abril para maio o preço médio de vendas para o consumidor subiu quase 14% no caso do kg do frango resfriado, de acordo com acompanhamento mensal da Seab. No caso da região de Ponta Grossa, o valor é 19,6% superior à média do Paraná no frango coxa e sobrecoxa, por exemplo.

Devido à alta dos custos de produção – nos quais o milho está incluso, por servir como alimento para os animais da pecuária – o Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná (Sindiavipar), está vindo a público para destacar o que considera como grave quadro setorial enfrentado pelos setores produtivos responsáveis por três das proteínas animais estratégicas para a segurança alimentar da população: a carne de frango, a carne suína e o ovo.

A entidade divulga que já no ano passado o milho e a soja, insumos básicos que compõem 70% dos custos de produção desses itens, acumularam altas nunca registradas no país. “No caso do milho, houve registros superiores a 100% em diversas praças consumidoras do Brasil. Na soja, a alta do preço médio entre janeiro-abril/2020 e o preço médio de janeiro-abril 2021 superou 98%. A estas altas também se adicionam outras que compõem os custos de produção da atividade, como o óleo diesel (+30%), a embalagem de papelão (+60%) e as embalagens rígidas e flexíveis (+80%)”, relata.

“Sendo assim, em 12 meses, conforme o monitoramento feito pelo Índice de Custos de Produção (ICP) da EMBRAPA Suínos e Aves mais recente (abril 2021), produzir frango está 43,4% mais caro no Brasil em relação a abril de 2020 – que já era um momento de forte alta de custos. O mesmo ocorre com o setor de suínos, com alta de 44,5%”, ressalta o Sindiavipar.

Expectativa

O Sindicato lembra que o repasse do aumento de preços ao consumidor já está nas gôndolas, “mas em patamares que ainda não alcançam os níveis de custos”. “E há outro agravante: a carne de aves, de suínos e ovos que hoje estão com preços mais elevados foram produzidos utilizando grãos adquiridos em 2020 – quando os valores por tonelada eram menores. Por isto, novas elevações de preços deverão alcançar a população brasileira nos próximos meses, em um momento crítico para a renda e para a segurança alimentar de nosso país”, avalia o presidente do Sindiavipar, Irineo da Costa Rodrigues.

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