em

Preço do trigo paranaense subiu 34% em um ano; colheita inicia lenta na região de Ponta Grossa

Paraná começou a colheita do cereal; tendência é que o valor diminua nas próximas semanas devido ao aumento de oferta

Foto: Arquivo DC

Ao mesmo tempo em que a colheita está em fase inicial no Paraná, o preço do trigo está disparado: na última sexta-feira (18) a saca de 60 kg estava com uma cotação média de R$ 63,45, valor 34,3% maior do que o registrado no mesmo dia do ano passado, segundo o Sistema de Informação de Mercado Agrícola (Sima) da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Seab). Com a intensificação da colheita a expectativa é que nas próximas semanas o preço diminua.

“Isso ocorre devido ao dólar ainda estar num patamar relativamente alto e aos preços internacionais estarem em um patamar relativamente parecido com o que se tinha antes da pandemia. O preço do trigo tende a amenizar com a evolução da colheita; hoje estamos colhendo no Paraná semanalmente o que se precisa para abastecer o Brasil, e como isso vai pressionando a oferta vai se tendo alinhamento dos preços”, explica o coordenador da Divisão de Estatística do Departamento de Economia Rural (Deral) da Seab, Carlos Hugo Godinho.

“Quando acumular a colheita do Paraná e do Rio Grande do Sul teremos uma oferta maior e o preço deve ter queda. Em setembro já temos uma oferta grande no Paraná, mas não no Rio Grande do Sul, que se soma em outubro.Acredito que vai ter uma comercialização rápida por estar caro para importar”, aponta o especialista.

Segundo a Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo) o Brasil importa entre 55% e 60% das cerca de 12 milhões de toneladas do cereal que consome anualmente – e desde o começo do ano o real sofreu uma desvalorização superior a 30%.

Colheita regional

De acordo com o último relatório do Deral, referente à segunda-feira da semana passada (14), pelo menos 23% da área de trigo paranaense já foi colhida com 62% em condição boa. Na região de Ponta Grossa, porém, essa porcentagem é menor: o economista do núcleo regional da Seab Luiz Alberto Vantroba estima que nos 18 municípios que compõem o núcleo apenas 5% do cereal já foi colhido.

“Ao norte da região, como em Arapoti e Ventania, o trigo é plantado mais cedo e consequentemente a colheita também se dá um pouco antes. O forte mesmo ainda está em frutificação, enchimento de grãos, então vai se dar mesmo a partir de meados de outubro em diante”, aponta ele.

Aumento na produção da região

A última estimativa feita pelo Deral em relação à safra é de agosto, mas, segundo Vantroba, os números devem continuar parecidos no relatório que será divulgado em setembro. O Departamento prevê que na região de Ponta Grossa a produção de trigo ultrapasse a marca de 474 mil toneladas, 22% a mais do que no ano passado. Isso se dá através do aumento de 12% da área produtiva e incremento de 8% no rendimento do cereal, estimado numa média de 3.600 kg por hectare.

“Em Ventania teve produtor que relatou conseguir até quatro mil kg por hectare. A geada de 22 de agosto afetou algumas áreas, mas acredita-se que a redução na produção não será tão grande assim”, afirma o economista.

“Como no norte do núcleo regional é mais quente a geada foi menor. Mais ao sul, como em Castro e Ponta Grossa, o trigo ainda não estava em fase de espigamento, então suportou bem a geada, apesar de que produtores que tinham a cultura em fase mais avançada relatam que tiveram perdas de 20%, 50% e até 90%”, pondera Vantroba.

Plantio de soja na região deve ser intensificado a partir de outubro

O vazio sanitário da soja – medida de manejo agrícola prevista em legislação que visa conter o avanço da ferrugem no grão – terminou no dia 10 de setembro, mas o plantio só deve ganhar força na região de Ponta Grossa a partir do começo de outubro.

“Ano passado quem plantou mais cedo não se deu bem. Estamos há 30 dias sem ocorrência de chuva, o pessoal está esperando. A partir dos dias 5, 8 e 10 de outubro que deve iniciar, com escalonamento até novembro para que a área não fique concentrada; isso é bom porque se porventura aparece alguma intempérie climática nem todas as áreas são atingidas e algumas sofrem menos por estar em fases diferentes”, explica Luiz Alberto Vantroba.

De acordo com a estimativa de agosto do Deral, o núcleo regional de Ponta Grossa pode produzir 2,18 milhões de toneladas de soja nesta safra, 3% a menos do que no ano passado. Em todo o Paraná a queda é calculada em 1%, com um total de 20,37 milhões de toneladas.

Participe do grupo e receba as principais notícias da sua região na palma da sua mão.

Entre no grupo Ao entrar você está ciente e de acordo com os termos de uso e privacidade do WhatsApp.