Você com certeza já percebeu que as compras de supermercado estão cada vez mais caras. No caso da carne suína, em um ano percebe-se um aumento médio de 44% no kg – e a tendência é que esses valores continuem subindo. Os motivos são diversos, como o aumento nos custos de produção – devido a fatores como a cotação do dólar, que pressiona preços de insumos – quebra na safra de grãos utilizados para a alimentação dos animais – como o milho – e abertura de novos mercados com reconhecimentos sanitários internacionais – que devido aos preços pagos tornam mais vantajosas as vendas ao exterior do que ao mercado interno.
De acordo com estimativa divulgada nesta quinta-feira (27) pelo Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento (Seab), em comparação ao ano passado apenas no Paraná o milho sofreu uma queda de produção de 13% na primeira safra e 13% na segunda, enquanto que a soja fechou o período produtivo com 5% de toneladas a menos.
“Ainda não sabemos o quanto, mas essa quebra de safra fará que haja movimento no mercado e não deverá demorar muito”, afirma Geraldo Antonio Signorini, gerente comercial de mercado interno da Alegra – indústria de alimentos localizada em Castro, fruto da união das cooperativas Frísia, Castrolanda e Capal (grupo Unium).
O gerente técnico da produção de suínos da Alegra, Fabricio Penaforte Borges, explica que o impacto da safra na suinocultura é muito grande porque as rações – que utilizam grãos na sua composição – representam normalmente 70% dos custos de produção. “E agora, com a situação do milho e do farelo de soja, estão chegando a 80% dos custos. No mercado de compra e venda de suínos vivos o preço está bem abaixo do custo de produção”, exemplifica Borges, que conta que na comparação entre o primeiro trimestre de 2020 e o de 2021 o custo da produção de suínos aumentou 40%.
Segundo Signorini, a indústria ainda não conseguiu repassar todos esses aumentos. “ A certeza que a gente tem é que os preços vão mudar, mas ainda não temos como colocar qual seria o percentual”, diz o gerente comercial de mercado interno da Alegra.
Exportações
Com o dólar alto, é mais vantajoso aos produtores rurais fazerem exportações – pagas na moeda mais valorizada – do que vendas ao país.
Conforme lembra o gerente técnico da produção de suínos da Alegra, parte do aumento de preços de grãos e consequentemente dos custos de produção se deve a isso. “Isso está acontecendo muito em função da demanda externa, o dólar subiu e o Brasil exportou muitos grãos, enquanto que o preço interno também se elevou”, lembra Fabrício Borges.
Outro fator ligado ao mercado externo que também pode impactar no preço da carne são os reconhecimentos internacionais que o Paraná ganhou nesta quinta-feira (27): área livre de febre aftosa sem vacinação e zona livre de peste suína clássica independente.
Ambos são positivos por atestar a qualidade da carne paranaense, mas por outro lado geram um cenário de incertezas no mercado interno: com a possibilidade de vendas para mais países novamente os preços de venda podem subir no Brasil.