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Pesquisadoras do PR vão liderar projeto nacional de HPV

Foto: Albari Rosa/AEN

Nos laboratórios e salas de aula da Universidade Estadual de Maringá (UEM) está em concepção um projeto nacional de HPV, para ampliar o número de mulheres que fazem exames voltado ao câncer de colo de útero.

Projeto nacional de HPV

Coordenada pela professora Márcia Consolaro, a ação terá a participação de outras quatro universidades e instituições públicas brasileiras para promover a autocoleta para HPV em mulheres que não aderem ao exame papanicolau.

Autocoleta e teste

Chamado de “Autocoleta e teste de HPV em mulheres não rastreadas para o câncer cervical: estudo multicêntrico de viabilidade no Brasil”, o projeto aguarda apenas a liberação de recursos do Ministério da Saúde para iniciar o trabalho com mulheres de Maringá, Ouro Preto (MG), Natal (RN), Goiânia (GO) e Manaus (AM), dentro da área de atuação das instituições.

Além da UEM, também participam as universidades federais de Ouro Preto (UFOP), no Sudeste; do Rio Grande do Norte (UFRN), no Nordeste; de Goiás (UFG), no Centro-Oeste; e a Fundação Centro de Controle de Oncologia do Amazonas (Cecon), no Norte.

Formação

O projeto será feito por mulheres e para mulheres. Com exceção de um bolsista, toda a equipe da UEM liderada por Márcia é feminina, assim como a coordenação das demais instituições. Um dos pilares é a formação de agentes comunitárias de saúde, todas mulheres, que farão a busca ativa daquelas que não procuram as unidades de saúde para fazer o preventivo.

“A ideia é ter estratégias que foquem não no exame, mas sim naquela mulher que não adere ao que é oferecido como modalidade nacional. Temos que fazer dessa mulher uma agente da própria saúde, e é isso que a autocoleta oferece. Isso pode gerar benefícios como uma cultura de prevenção em várias outras áreas da saúde”, explica Márcia.

Expansão

A iniciativa é uma expansão de outro projeto comandado por Márcia entre 2014 e 2016 em Maringá, fruto de uma parceria internacional entre a UEM, a Universidade do Alabama em Birminghan e a Faculdade de Medicina Albert Einstein (Albert Einstein College of Medicine). A pesquisa também contou com a participação do Ministério da Saúde, da Secretaria Municipal de Saúde de Maringá e da Universidade Estadual de Londrina (UEL).

Além disso, outro estudo do grupo, relacionado a infecções de HPV em mulheres HIV positivo, foi financiado pelo Instituto Nacional de Saúde estadunidense, o National Institutes of Health.

Objetivo

A autocoleta quebra obstáculos porque pode ser feita pela própria mulher em sua casa, de maneira parecida com os autoexames de Covid-19 vendidos em farmácias. É utilizado um teste molecular, que detecta o DNA do vírus e tem mais eficácia que o papanicolau, que analisa as células coletadas.

Para chegar até essas pacientes, os pesquisadores realizaram treinamentos com agentes comunitárias de três unidades de saúde de Maringá. Assim, explicaram o que era o câncer de colo uterino e como seria feita a abordagem às mulheres que nunca fizeram ou estavam há quatro anos, ou mais sem fazer o papanicolau. As agentes, por sua vez, faziam uma busca ativa das pacientes, indo até suas casas para conversar e oferecer o exame.

Foram selecionadas 483 mulheres com idade entre 25 e 64 anos, conforme prevê as diretrizes do Ministério da Saúde para rastreio do câncer de colo de útero.

Doença

Da família dos Papilomavírus Humano (HPV), cerca de 40 são genitais, mas nem todos causam doenças. São os chamados HPV de alto risco, ou do tipo oncológico, os que merecem atenção, sendo responsáveis por pelo menos 5% de todos os cânceres mundiais

Praticamente todos os casos de câncer cervical, como também é conhecido o câncer de colo de útero, são causados pelo vírus, assim como 84% dos cânceres de ânus, 70% dos de vagina, 40% dos de vulva e 19% dos de orofaringe (que se desenvolve na parte da garganta que fica logo atrás da boca).

O de colo uterino é o quarto tipo de câncer feminino mais prevalente no mundo, com 604 mil novos casos e 342 mil mortes estimadas em 2020.

Realidade brasileira

No Brasil, é o terceiro tumor maligno mais frequente na população feminina, atrás do câncer de mama e do colorretal, e a terceira causa de morte de mulheres por câncer. Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), foram 16.590 novos casos em 2020, com 6.627 mortes devido à doença.

Os exames preventivos podem detectar os estágios pré-cancerosos, pois a doença pode levar até 15 anos para se manifestar após a infecção com HPV.

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