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Paraná se consolida como o primeiro em certificação de propriedades orgânicas

O Paraná é o estado com o maior número de propriedades que cultivam orgânicos certificadas do Brasil. São 2.402 propriedades, de acordo com o cadastro nacional de produtores orgânicos do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Em segundo lugar está o Rio Grande do Sul, com 2.362 unidades, e São Paulo, com 2.147. No Brasil são 16.249 certificadas. O cadastro abrange as propriedades com produção vegetal e animal certificadas conforme regulamentação determinada pelo Ministério. O programa Paraná Mais Orgânico, do Governo do Estado, inédito no Brasil, é uma das iniciativas que mais contribuíram para essa conquista paranaense. 

A agricultura familiar é responsável por 70% dos alimentos que chegam à mesa da população brasileira, segundo o Ministério do Desenvolvimento Social (MDS). Ela é, também, o principal meio em que se busca a transição do modelo tradicional para o agroecológico. Esse sistema tem contribuído para que muitas famílias permaneçam no campo, produzindo alimentos com valor agregado, em práticas que aliam o respeito à natureza – sem uso de agrotóxicos, à qualidade de vida dos agricultores e à saúde do consumidor. 

É o caso do produtor de orgânicos, Mario Seichi, 65 anos, que está entre os mais de 700 produtores certificados e assistidos pelo Programa Paraná Mais Orgânico, do Governo do Estado. Por este programa, que é uma iniciativa inédita no Brasil, os produtores recebem toda a orientação técnica e apoio do Centro Paranaense de Agroecologia do Paraná (CPRA). Muitos deles, obtêm a certificação, que é emitida pelo Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar).

Mário Seichi saiu do campo e rodou o mundo. Depois de trabalhar 14 anos como bancário, foi proprietário de uma microempresa e no início dos anos 1990 decidiu tentar a vida no Japão. Lá trabalhou com a produção de cogumelos durante 17 anos. Desde 2005, quando voltou ao Brasil, mantêm um sítio com produção orgânica em Piraquara, na Região Metropolitana de Curitiba. Ele e a esposa, Elisa Kobe Nakui, 65 anos, cultivam em uma área de 1,2 hectares, verduras, tubérculos, folhagens e uma variedade de temperos. 

“Sempre fui do campo, mas o ser humano tem suas passagens e precisa experimentar para retornar as raízes com mais certeza. Para ter saúde optamos voltar a trabalhar com a terra, sempre com orgânicos, visto que muitos conhecidos tiveram problemas de saúde com a plantação convencional”, diz. O agricultor entrega diretamente para os restaurantes e empresas da região. “Acabei de receber a certificação emitida pelo Tecpar. Isso representa uma grande vitória que atesta a qualidade da nossa produção, garantindo o valor agregado aos produtos que são saudáveis e mais saborosos que os convencionais”, afirma. 

Apoio ao pequeno

A zootecnista e extensionista do Centro Paranaense de Agroecologia do Paraná, Catia Hermes, explica que o CPRA atende a todos os produtores que querem atuar com orgânicos e os que já estão neste segmento e querem se aprimorar. Esse trabalho, segundo ela, foi determinante para que o Paraná conquistasse a posição de estado com maior número de propriedades certificadas. “Prestamos extensão rural, apoio técnico no cumprimento da legislação, adequação das propriedades e práticas de manejo”. 

O Programa envolve a Secretaria Estadual da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, por meio das universidades estaduais; o CPRA, que é vinculado à Secretaria da Agricultura e do Abastecimento, e o Tecpar, que é o órgão certificador. São oito núcleos de apoio aos produtores em todo o Estado. A cada dois anos o projeto é renovado, em julho, houve nova atualização. 

De acordo com a zootecnista, além da assistência técnica, é organizado pelo CPRA eventos, palestras, dia de campo e oficinas. Ela destaca a importância desse atendimento ao pequeno agricultor, que na maioria das vezes é esquecido e depende dessa renda para o sustento familiar. 

“O agricultor familiar produz em pequeno espaço e tem que gerar renda. Ele busca a agricultura orgânica não só pela saúde, mas também, como uma oportunidade de melhorar a qualidade de vida, inclusive, no aspecto financeiro. Nesse sistema, o agricultor trabalha o mesmo tanto, mas consegue agregar valor em seu produto ”, afirma Catia.

Sistema agroecológico

A agricultura orgânica está por trás de um sistema de agroecologia. Trata-se de uma ciência, um movimento social e também de práticas sustentáveis. Ela possui dimensões tecnológicas, sociais, políticas e econômicas. Além de não usar venenos, realiza o manejo sustentável, valoriza as sementes tradicionais e cultiva alimentos em harmonia com a natureza e a cultura local. Não é só uma prática sem o uso de agrotóxicos. 

“Nesse sistema a gente vê se a nascente está protegida, se existe barreira vegetal que proteja a propriedade de contaminação externa, qual é a água que está sendo usada para lavar a hortaliça. Além de olhar para qualidade de vida do agricultor e as formas de contratação”, explica Catia. 

De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), a agricultura familiar produz cerca de 80% dos alimentos consumidos e preserva 75% dos recursos agrícolas do planeta. Além disso, a produção agroecológica está diretamente conectada aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS). Dos 17 objetivos listados como prioritários pela ONU, pelo menos 12 deles estão ligados às práticas agroecológicas. 

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