em

O Paraná está pronto para o fim da vacinação?

 

Rodrigo Covolan

Elio Degraf, um dos maiores produtores de bovinos da região, é a favor do fim da vacinação

 

A polêmica envolvendo o pedido por parte do Governo do Paraná ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), para que o Estado seja reconhecido como área livre de febre aftosa sem vacinação, divide opiniões em todo o Paraná. Sociedades Rurais de Londrina, Maringá, Paranavaí e Umuarama e de dezenas de associações de criadores já se declararam contrárias ao pedido. Em Ponta Grossa, produtores rurais e representantes de entidades ligadas à pecuária se mostraram favoráveis ao fim da vacinação, declarando que este processo só trará benefícios ao Estado. A reportagem do Diário dos Campos ouviu algumas destas pessoas e traz alguns dos principais argumentos.

O médico veterinário e Fiscal de Defesa Agropecuária da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), Tales Amaral Perufo, explica que a entidade trabalha para isso. Segundo ele, a intenção é que a vacinação de maio tenha sido a última contra a aftosa no Paraná. “Tudo se encaminha para isso. As duas principais exigências da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) para que ela faça este reconhecimento, são contratação de pessoal e construção de postos de fiscalização de trânsito agropecuário nas fronteiras com Mato Grosso do Sul e São Paulo. A OIE exige, emergencialmente, no mínimo 23 postos”. Perufo explica que a primeira exigência já está sendo providenciada.

 

Rodrigo Covolan

Pedido para que o Paraná seja considerado área livre da aftosa foi feito pelo Governo do Estado

 

O presidente do Sindicato Rural e secretário de Agricultura e Pecuária, Gustavo Ribas Netto, também considera a medida positiva. “É um processo natural e lógico, que só tem a trazer benefícios para o nosso Estado. O status de zona livre da aftosa permite exportar a países que hoje não aceitam nossa carne”, afirma. Ele aborda a questão da Cota Hilton, afirmando que hoje o Brasil não atinge nem metade da Cota. “Isso por problemas sanitários de certificação e vacinação. O país precisa ocupar mais este espaço, pois tem condições suficientes para isso”, opina.

Um dos principais produtores de bovinos da região, Elio Degraf, considera o fim da vacinação positivo para o Estado, mas acredita que isso poderia acontecer daqui um tempo. “Eu acho que é bom porque todos os países que compram carne querem qualidade, mas se pudesse segurar ter a vacinação por mais um ano seria melhor. Caso a vacinação acabe, para nós vai ser ruim se fecharem a fronteira, mas, o mais importante é ficar livre da aftosa”, declara.

O produtor e presidente da Sociedade Rural dos Campos Gerais, Roberto Cunha Nascimento, afirma que, com o fim da vacinação, a venda será mais valorizada. “Ficaremos imunes e vingados de estados que ainda não são área livre. O Paraná só tem a ganhar com isso. Santa Catarina já está isenta da doença, nós também, cada vez mais, os outros estados vão precisar ficar alerta com essa questão para poder comercializar”. Nascimento garante que a grande maioria dos pecuaristas é a favor e considera que, quem é contra o fim da vacinação é quem compra barato de maneira clandestina.

 

Rodrigo Covolan

Caso a OIE aceite o pedido do Governo Estadual, o PR ganhará o status de zona livre da aftosa em 2017

 

 

Abrafrigo é contra o pedido do Governo do Estado

O Conselho de Administração da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo) está se posicionando contra o pedido de que o estado seja reconhecido como área livre de febre aftosa sem vacinação. A entidade deixa claro que não é contra o fim da vacinação, desde que isso seja feito em bloco, com os demais estados com os quais o Paraná faz fronteira, como Mato Grosso do Sul e São Paulo, que fazem a vacinação e onde há um expressivo intercâmbio econômico fundamental para o desenvolvimento da pecuária paranaense.

A Abrafrigo subscreveu um documento está sendo encaminhado ao Governo do Estado solicitando que o Paraná primeiro caminhe em bloco com outros estados na questão da vacinação e, só depois formalize o processo junto à Organização Mundial de Saúde Animal (OIE).

Isso porque o plano nacional de erradicação da febre aftosa no país prevê o fechamento das fronteiras do Paraná com Mato Grosso do Sul e São Paulo e, com isso, não poderá haver circulação do transporte de animais e produtos de origem animal vindos de outros Estados. “A pecuária paranaense que já é pequena, vem diminuindo e não possui escala de abate, o que levou aos frigoríficos como o JBS e a Mafrig a saírem do estado. Ela adquire quase todos os animais de engorda em outros locais e, com o fim da vacinação, vai ficar menor ainda se tornando inexpressiva”, argumenta a Abrafrigo.

A entidade questiona ainda as vantagens econômicas deste processo para o estado. “Santa Catarina já é área livre de aftosa sem vacinação há oito anos e os resultados econômicos até agora são semelhantes aos dos estados com vacinação no preço médio e na quantidade dos produtos exportados como os de suínos. Em 2007 o estado exportava 189 mil toneladas e isso inclusive caiu para 182 mil toneladas em 2014. O preço médio obtido era de US$ 1.747 por tonelada, que subiu para US$ 3.232 atualmente. Algo não muito diferente do Paraná, cujo preço médio hoje é de US$ 3.090 por tonelada”.

O Governo do Paraná já fez o pedido formal ao Ministério da Agricultura, para iniciar o processo para obter o reconhecimento da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) em 2017. (Com Assessorias)

 

SAIBA MAIS:

O que é a Cota Hilton?

A Cota Hilton é o volume de cortes de carne de alta qualidade que a Europa concede aos países exportadores da proteína com condições tarifárias especiais. A Argentina possui 28 mil toneladas e abocanha a metade da Hilton.

Ela surgiu através de um acordo comercial concedido nas Negociações Multilaterais Comerciais do GATT (Acordo Geral de Tarifas e Comércio), no ano de 1979, realizada em um dos hotéis da cadeia norte-americana Hilton, justificando, assim o seu nome. Quando a rede hoteleira foi instalada na Europa na década de 50, o propósito inicial era servir, em suas unidades, cortes de carne bovina com o mesmo padrão que servia nos Estados Unidos. Desde então, a União Européia resolveu atribuir uma cota para realizar exportações de cortes bovinos.

Participe do grupo e receba as principais notícias da sua região na palma da sua mão.

Entre no grupo Ao entrar você está ciente e de acordo com os termos de uso e privacidade do WhatsApp.