Menu
em

Nilson Monteiro lança novo livro de crônicas e poemas

‘Retalhos na Pandemia’ reúne textos escritos a partir de março de 2020

Monteiro se apropriou dos dias de pandemia para produzir obra literária / CRÉDITO: Divulgação

O escritor Nilson Monteiro, ocupante da Cadeira 28 da Academia Paranaense de Letras, acaba de lançar “Retalhos na Pandemia”. O livro reúne crônicas e poemas escritos a partir de março de 2020, quando as notícias sobre covid-19 começaram a tomar conta da mídia.

Publicada pela Editora Banquinho, a obra é o segundo livro lançado por Monteiro durante a pandemia. O outro foi “Nem tão Simples”, de poemas. Os textos começam a repercutir em meio a outros autores. Entre eles, o escritor e reitor da UEPG, Miguel Sanches Neto.

“Muito boa a miscelânea pandêmica que estrutura o seu novo livro. Crônicas, quase contos, memórias, notas, poemas, poemas em prosa e haicais – a máquina literária está em plena produção! (…) Parabéns!”, escreveu Sanches Neto.

Etel Frota, poeta, roteirista e romancista, destacou a criatividade presente nas linhas preenchidas por Monteiro em seu novo livro. “Bem-aventurado seja o artesão que, em meio à penumbra e escassez de materiais, mantém olhos, coragem e firmeza nas mãos, a produzir o novo artefato (…)”, sintetizou.

Obra pode ser adquirida por meio de aquisição via redes sociais

Nilson Monteiro

Nilson Monteiro já escreveu dois livros de poemas: Simples, lançado em 1994, e Nem tão Simples, 2020. Escreveu também, entre outros, Curitiba vista por um pé vermelho (1992, crônicas), Pequena Casa de Jornal (2001, crônicas), Mugido de Trem (romance, 2013) e As cidades e seus cúmplices (2018, crônicas), além de Livro Aberto (história da Biblioteca Pública do Paraná, 2018). Nilson Monteiro nasceu em Presidente Bernardes (SP), em 26 de outubro de 1951. Além de escritor, também é jornalista.

Monteiro é jornalista e escritor (Foto: Divulgação)

Serviço

As vendas ocorrem só sob encomenda, direto com o autor, pelo whats 41 99211-2113 ou pelo Facebook. Custa R$ 50. O pagamento é via Pix ou depósito bancário, mediante envio do endereço para correspondência. Confira trechos da obra, no final desta publicação.

“Você está compondo um retrato do Paraná paulista, com sede no Norte, que se espraiou para Curitiba, tornando nossa capital mais plural”

Reitor Miguel Sanches Neto, em mensagem para Nilson Monteiro

Palavras

De alma atormentada, as palavras fogem de meus dedos, se escondem, enrugadas, estafadas. As procuro febrilmente, mas estão submersas em alguma página e não se mostram dispostas a conquistas.

Fingem que vão surgir em frases, versos, crônicas, cartas, e em quaisquer formas, mas que? São vocábulos fantasmas em ensaios débeis de corpo e espírito.

Têm passado, data de nascimento e registro em Cartório, sejam substantivos, adjetivos, verbos, pronome, preposição ou outras configurações. Mesmo com todas suas agruras, aflições, dificuldades, têm também em seu perfil alegrias, avanços, conquistas etc. O pretérito é algo concreto, palpável, feito e, se possível, felizmente feito.

Mas, o presente com a cor que tenha, especialmente o obscuro, custa a rabiscar o papel e comunicar o que vai por dentro de sua tez e na minha pele com as palavras escondidas. Será que elas se exilam no passado para suportar o presente?

Da próxima vez que encontrá-las, vou inquiri-las, de forma direta e objetiva: para que servem se não querem dizer algo? Tenho alguma coisa se ninguém se presta a raciocinar com suas saias, bordados, rendas, sinais, tatuagens, chapéus e dizeres? Ou sua primavera esconde-se em iglus do inverno rigoroso?

Procuro os hieróglifos e fazem cara de paisagem egípcia. Os signos das estrelas e informáticos estão a passear de mãos entrelaçadas. O latino e o grego fazem serenatas para suas amadas carcomidas. Os versos camonianos e drummondianos cofiam segredos na Praça do Chiado, sem dar bola para a angústia pandêmica que estrangula minhas simples palavras. Tristes, elas podem estar sofrendo de falta de oxigênio em suas células. Só o ditatorial, ameaçador e o ferino oferecem seus préstimos, mas não os quero em minhas crônicas, versos ou rabiscos.

Sabe-se lá quando as palavras, todas elas, se oferecerão tentadoras, glamorosas, ou minhas palavras deixarão o casulo, sem mirar-se no retrovisor, assumirão suas fantasias de múltiplas imagens e por carreadores divinos terão asas, significados e brilho próprios. (Nilson Monteiro)

***

 Canto
 
 No túmulo,
 eu morto,
 esparrame pétalas
 de rosas amarelas
 perfumadas de teu suor.
 
Despregue uma lágrima cinza
de teus olhos oblíquos
e deixe-a quente na lápide
feito pedra judaica,
sem verbos.

 Recite silêncio
 verso de ninguém
 a espremer o caldo
 de rimas
 jogadas a esmo.
 
Em ensaio de vida,
descubra o piscar
de estrelas entre nuvens, e
no baile cósmico,
colha palavras molhadas.
 
 Sinta meu cheiro
 vivo
 entre páginas
 apagadas e
 tente resto de sorriso,
 quase nada. 

(Nilson Monteiro)

Participe do grupo e receba as principais notícias da sua região na palma da sua mão.

Entre no grupo Ao entrar você está ciente e de acordo com os termos de uso e privacidade do WhatsApp.
Sair da versão mobile