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Média de preços das terras agrícolas da região sobe mais do que a estadual

Alta produtividade e falta de novas fronteiras impulsiona valorização das propriedades rurais de Ponta Grossa e cidades do entorno, diz economista; núcleo regional de Ponta Grossa registrou aumento médio de 18,4% nos preços, enquanto que no estado o índice chega a 12%

Foto: AEN

Por Millena Sartori

Nos dezoito municípios que compõem o núcleo regional de Ponta Grossa, definido pela Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento (Seab), o preço médio das terras agrícolas subiu 18,4% do ano passado para esse, alcançando a média de R$ 26.384; apenas em Ponta Grossa o crescimento foi de 20,6%, com média de R$ 27.300. O levantamento foi feito pelo Departamento de Economia Rural (Deral) da Seab e mostra que a região teve as suas propriedades mais valorizadas do que a média estadual, que variou 12%.

Segundo o coordenador da Divisão de Estatística do Deral, Carlos Hugo Godinho, apesar do incremento, ele ainda está abaixo da variação do preço da saca de soja, cujo valor evoluiu 21% no mesmo período – isso porque o preço da soja é o principal, mas não é o único fator que baliza a evolução na valorização das terras no Paraná.

Dentro da região, o maior valor médio foi registrado em Carambeí, de R$ 27.517 por hectare (10 mil m²), e o menor em Imbaú, de R$ 19.975 por hectare. Todos os dezoito municípios registraram aumento nos preços médios de um ano a outro.

Para Luiz Alberto Vantroba, economista do núcleo regional do Deral, três fatores principais contribuíram para estes incrementos. “O aumento do preço da soja, a sua produtividade, que neste ano bateu recorde acima de quatro mil quilos por hectare, e a falta de fronteiras para expandir são os principais pontos”, enumera o economista.

“A terra á bastante disputada, já que não há mais fronteiras. Em pequenas áreas em volta das grandes fazendas o pessoal até paga um pouco a mais pra anexar, por exemplo; é um fator que eleva o preço”, conta Vantroba. “A eficiência e os bons resultados do agronegócio também influenciam, pois é ele quem está sustentando os resultados positivos da balança comercial, das exportações e do próprio PIB”, lembra ele, referindo-se ao comportamento da economia em meio à pandemia.

“Nós somos o berço do plantio direto, então conseguimos algumas das melhores produtividades de soja, feijão e milho, por exemplo. Ainda que fiquemos com preços de terras abaixo dos de outra regiões, estamos acima da média estadual – que considera os 399 municípios paranaenses”, destaca Luiz Alberto Vantroba.

O levantamento

Segundo o Estado, a pesquisa leva em conta diversas informações, como as levantadas junto aos agentes imobiliários e sindicatos rurais. Os preços refletem a realidade dos mercados de terras sem benfeitorias e podem servir de referencial para o produtor declarar seu ITR. Godinho ressalta que o preço do Deral é uma média, e pressupõe que há valores mais altos e mais baixos que os divulgados na pesquisa, tendo o produtor liberdade de usá-lo ou não no seu ITR. O valor do Deral também pode ser usado como referência em caso de desapropriação.

Classificações das terras

No levantamento do Deral as terras são classificas em seis tipos, definidos por atidão de uso. De maneira geral, quanto menor o algarismo romano (I), mais intensivo pode ser o uso e quanto maior (VIII), mais restrito – e a média de preços também segue esta ordem. As letras correspondem aos grupos que sucintamente podem ser descritas como passíveis de uso agrícola intensivo (A), de uso silvipastoril (B) e servidão florestal (C).

Segundo Vantroba, as três primeiras são referentes aos plantios anuais e por isso são bastante disputadas. De acordo com a média calculada pela reportagem do Diário dos Campos, as variações dos preços das terras dos 18 municípios da região, de uso mais intensivo para mais restrito, foram de 18,4%, 20,2% e 19,5%, respectivamente. Seguindo essa ordem, os maiores valores são encontrados em Castro (R$ 53.700/ha), Arapoti (R$ 42.000/ha) e Palmeira (R$ 34.900/ha).

A quarta e a quinta classificações (silvipastoris) são relativas a áreas de pastagens e florestas, conforme explica o economista regional do Deral. Na região elas tiveram aumentos médios de 17,9% e 18,7%, respectivamente, ambas com os maiores valores em Carambeí (R$ 20.000/ha e R$ 14.900).

“Já a última refere-se a reservas legais, reservas permanentes, que comumente não são utilizadas diretamente para o agronegócio”, explica Luiz Alberto Vantroba, lembrando que elas geralmente custam menos porque os produtores procuram áreas que possam ser utilizadas – porém, há a necessidade de cumprimento da legislação ambiental, que determina a averbação de 20% da área agricultável para preservação, o que faz essas terras girarem. Entre elas, a média de preços subiu 2,8% de 2019 para 2020, tendo o maior valor novamente registrado em Carambeí (R$ 6.100) e o menos em São João do Triunfo (R$ 3.300).

Panorama paranaense

Pela primeira vez, o valor das terras levantado pelo Deral superou a marca de R$ 100 mil o hectare em área cultivável. Foi o caso de Foz de Iguaçu, cujo valor médio atingiu R$ 101.500 o hectare. Já o menor valor foi verificado no município de Pontal do Paraná, região do Litoral, cujo valor foi R$ 16.900,00 o hectare, em função das restrições de plantio por questões ambientais. Na região, o maior valor médio de área cultivável foi registrado em Castro (R$ 53.700/ha) e o menor em Porto Amazonas (R$ 45.200).

“O fato é que as terras paranaenses são muito disputadas e geralmente os negócios são fechados em sacas de soja. E isso se reflete no baixo volume de negociação nos agentes imobiliários. Geralmente quem está na atividade agrícola e pecuária é difícil sair. O modelo de negociação mais comum ocorre em áreas de pequenas propriedades, quando o produtor está cansado da atividade, quer sua aposentadoria e a vende para descansar. Ou então quando morre e os herdeiros não têm interesse na terra. Geralmente, nesses casos, acontece a anexação das pequenas propriedades pelas grandes propriedades”, avalia o Governo do Estado.

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