Recentemente premiada com o Selo Sesi ODS (Objetivos do Desenvolvimento Sustentável) por incentivar a agricultura familiar através do programa Matas Sociais Planejando Propriedades Sustentáveis, a Klabin quer agora expandir o projeto. A empresa pretende levar o programa para um número maior de agricultores de Ortigueira e apresentá-lo em Reserva. Hoje são 230 propriedades envolvidas em Ortigueira, Telêmaco Borba e Imbaú.
O Matas Sociais surgiu com o Projeto Puma (Klabin em Ortigueira). Quando chegamos para construir a fábrica fizemos um diagnóstico social das cidades que seriam influenciadas pelo projeto. Fizemos entrevistas com 211 pessoas, levantamos dados oficiais e conseguimos ter uma boa linha de base, um diagnóstico de quais eram as reais situações dos três municípios, lembra o gerente de Relações com a Comunidade da Klabin, Uilson Paiva.
Segundo o gerente, o que chamou a atenção foi o fato da população rural principalmente de Ortigueira e Imbaú ser muito grande. Foge até da média nacional, é mais de 50%. São pessoas que estão no campo e querem seguir no campo, sabem plantar e querem plantar, mas não têm para quem vender, diz. A partir desta informação, a Klabin buscou as empresas compradoras de hortifrutigranjeiros e descobriu que as aquisições eram feitas em Curitiba, Londrina e ponta Grossa. Os compradores não enxergavam os pequenos produtores. Era uma ponta não enxergando a outra e aí se criou o programa, que fez com que o vendedor conseguisse acessar os mercados e que as empresas comprassem do que jeito que precisavam, conta.
Identificado o potencial mercado, a Klabin voltou aos pequenos produtores para saber como e quanto plantavam, as dificuldades, como corrigiam o solo e combatiam as pragas, por exemplo. O que se viu foi muita dificuldade. Estes agricultores já haviam passado por programa de assistência técnica do governo, mas tinham insucesso, desacreditavam na possibilidade de plantar direito, de ter boa colheita e de conseguir vender, revela.
Uilson Paiva: o que se viu foi muita dificuldade
Foto: Divulgação
Programa traz orientação e apoio
Segundo o gerente de Relações com a Comunidade da Klabin, Uilson Paiva, quando o Matas Sociais Planejando Propriedades Sustentáveis chega nas propriedades à primeira coisa que se observa é a legislação, desde a nascente da água até a preservação. O passo seguinte é auxiliar o agricultor a elaborar o Cadastro Ambiental Rural (CAR), documento obrigatório no meio rural. Muitos não sabem do CAR e nem o quanto plantam, conta.
Através do programa, os produtores recebem muito além da orientação. Para tanto a Klabin conta com parceiros que vão de ONG em Santa Catarina (faz o diagnóstico ambiental e doa as mudas para recompor áreas de preservação ambiental), especialista na organização do CAR e o Sebrae (presta assistência técnica para o produtor melhorar o plantio e identificar compradores para a produção).
Produtores são orientados antes mesmo da fase do plantio Foto: Divulgação
Projeto tem dois anos e fortalece associativismo
Para o gerente de Relações com a Comunidade da Klabin, Uilson Paiva, o Matas Sociais Planejando Propriedades Sustentáveis (em prática há dois anos) tem o lado ambiental e o social.
Agora um ciclo está sendo fechado com as primeiras famílias atendidas vendendo suas produções. Uma empresa compradora é a Sodexo, que fornece entre cinco mil e seis mil alimentações por dia para as duas fábricas da Klabin e mais sua área floresta. Antes do programa, ela comprava frutas, verduras e legumes em outras cidades paranaenses.
O gerente destaca que um ponto importante do programa são as práticas de associativismo e cooperativismo. O objetivo não é a venda isolada, mas a união dos agricultores familiares em associações ou cooperativas, para que juntos consigam oferecer um volume de produção maior e diversidade, de forma a atender as necessidades do comprador.
E o programa está dando tão certo que um grupo de produtores trabalha com a possibilidade de investir em orgânicos. Eles começaram a ter a ideia de agregar mais valor ao produto. Estamos vendo crescer neles esta visão de mercado, diz.
Expansão para novas áreas rurais
Para o próximo ano, a Klabin pretende expandir o programa para novas áreas rurais de Ortigueira e apresentá-lo em Reserva.
O programa é disseminado no estilo boca a boca. Uma determinada região é escolhida para receber a equipe que apresenta a proposta, convida os produtores a participarem e incentiva-os a chamarem mais agricultores.
Pensado para fortalecer a agricultura familiar, o Matas Sociais – Planejando Propriedades Sustentáveis recebeu o Selo Sesi ODS. O prêmio foi entregue, em outubro, numa cerimônia em Curitiba.
O Selo é reconhecimento as instituições que possuem ações direcionadas à promoção dos 17 ODS (Objetivos do Desenvolvimento Sustentável), agenda global da Organização das Nações Unidas (ONU) para o desenvolvimento sustentável do planeta nas três dimensões: econômica, social e ambiental.
A Klabin, através do programa, atende três objetivos: reduzir a desigualdade social; tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis e assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis.
Fechando o ciclo de sustentabilidade
Como se trata de um programa de sustentabilidade, o Matas Sociais – Planejando Propriedades Sustentáveis ajuda os agricultores familiares nas mais variadas formas.
Para se ter ideia da importância do projeto sustentável, produtores de Lageado Bonito, em Ortigueira, produzem hortifrutigranjeiros que são consumidos no refeitório da fábrica.
Os resíduos que a fábrica gera são levados para a Central de Reciclagem, ao lado da planta fabril, e se transformam em compostagem, adubo que os próprios produtores irão utilizar em suas lavouras.
O alcance desse ciclo, importante resultado do Matas Sociais, também contribuiu para o recebimento do selo do Sesi-PR ODS.
Veja as cooperativas/associações parceiras do Matas Sociais
COOCATMEL Imbaú
APROMOLB – Ortigueira
COPRAUF – Ortigueira
Assentamento Guanabara – Imbaú
Confira alguns objetivos do Matas Sociais
Auxiliar o produtor na adequação ambiental;
Estimular o planejamento e diversificação da produção;
Fortalecer iniciativas de associativismo e cooperativismo;
Facilitar o acesso às novas oportunidades de mercado e de desenvolvimento regional.