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Indústria é o setor que mais gerou empregos na pandemia em PG e no PR

Tendo a qualificação como diferencial de potencial, segmento se destaca em termos de empregabilidade

Foto de indústria em PG

Foto: Arquivo DC

Com a pandemia e as restrições de circulação impostas por ela a maior parte das atividades econômicas sofreu, e muitas delas acabaram efetuando demissões para tentar equilibrar as contas – mas no setor produtivo paranaense e ponta-grossense o movimento foi contrário: a indústria foi o setor que mais gerou novos empregos no estado e na cidade durante a crise sanitária.

Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), sistema do Governo Federal que registra todas as movimentações de trabalhadores com carteira assinada, apontam que em Ponta Grossa o saldo acumulado de empregos na pandemia é de +2.022 postos de trabalho na indústria – número obtido a partir da diferença entre contratados e demitidos, o que indica se houve a geração de novas vagas ou a extinção de empregos.

Entre os cinco grandes grupamentos de atividades econômicas este é o melhor resultado, mesmo fenômeno observado no estado do Paraná como um todo, onde a indústria lidera o quadro de geração de novas vagas durante a pandemia com +58.891 vagas.

O levantamento feito pelo jornal Diário dos Campos e portal dcmais leva em conta os dados do Caged de março de 2020, início da intensificação da pandemia, até o último mês com dados atualizados (novembro/2021).

“Ponta Grossa possui uma evolução impressionante e um volume crescente de indústrias. O setor representa um quarto do PIB do estado, e por termos um agro muito forte isso é muito significativo – e automaticamente se reflete em emprego”, destaca o presidente do Sistema Fiep, Carlos Valter Martins Pedro.

Diferenciais do setor

Ao lembrar que em 2021 a indústria paranaense gerou o dobro de vagas do que em 2020 – enquanto que no primeiro ano da pandemia o saldo de empregos do setor no estado foi de +20.512 oportunidades, no segundo foi de +50.890 postos de trabalho – Carlos Valter também ressalta o diferencial de desenvolvimento profissional presente no setor produtivo.

“A indústria é um local excelente. Tecnológico, com processos, desenvolvimento de carreiras… um setor em que o jovem que quer fazer carreira pode olhar as oportunidades porque são muitas e vão além da produção, pois há também a administração, o comercial e relações internacionais, por exemplo”, aponta o presidente da Fiep.

“Que os empregos mais qualificados e melhor remunerados estão na indústria é um fato, e por isso precisamos valorar a profissão industrial. Nós da Fiep do Senai vemos a necessidade de um choque de qualificação na mão de obra, pois esse é o diferencial no nosso setor”, complementa o representante do segmento.

A indústria em Ponta Grossa

Praticamente um a cada 3 novos empregos gerados durante a pandemia em Ponta Grossa foram no setor da indústria. O último dado atualizado pelo Governo Federal também indica que a indústria emprega um cada quatro trabalhadores contratados com carteira assinada na cidade, sendo o “top 3” de empregadores os setores de fabricação de alimentos (20%), fabricação de produtos de metal (11%) e fabricação de produtos de madeira (6,6%).

Na economia, a indústria representa 29,4% de todas as riquezas geradas pela cidade (PIB 2019). São R$ 4,58 bilhões por ano – o que mostra que Ponta Grossa tem a 5ª maior indústria do Paraná, atrás apenas de Curitiba, São José dos Pinhais, Araucária e Foz do Iguaçu.

E as perspectivas são boas: de acordo com a última Sondagem Industrial realizada pelo Sistema Fiep, a macrorregião leste do Paraná (na qual PG está inserida, assim como a região metropolitana de Curitiba), é a mais otimista para 2022: 45,6% dos industriais da região acreditam que a economia apresentará crescimento em 2022 e 64,1% estão otimistas quanto ao desempenho da indústria neste ano.

Tanto é, que apenas para Ponta Grossa há R$ 8,18 bilhões de investimentos industriais projetados, fruto de doze grandes investimentos anunciados, em andamento ou concluídos no ano passado no município.

Relembre todos eles neste link.

90% dos alunos do Senai são contratados pelas indústrias

Um dos destaques em termos de referência de qualificação industrial no país é o Senai. E os resultados da entidade vão de encontro à análise do presidente da Fiep sobre a importância da capacitação para a empregabilidade no setor: segundo Rodrigo Lupateli José, coordenador de Educação do Senai e IEL em Ponta Grossa, mais de 90% dos alunos formados pelo Senai são contratados pelas indústrias. “E, em alguns casos, ainda durante o período de formação profissional”, destaca.

No estado, são mais de 50 cursos técnicos e mais de 300 cursos de aperfeiçoamento nas modalidades presencial, semipresencial e presencial conectado. Só em Ponta Grossa são mais de 100 opções de cursos, tendo como destaque as áreas de eletromecânica, automação industrial, eletrotécnica, logística, segurança do trabalho, biotecnologia, manutenção automotiva e tecnologia da informação.

“O Senai está em Ponta Grossa desde 1943 e, atualmente, forma cerca de 9 mil profissionais por ano. No ano passado a unidade formou mais de 1.200 alunos em cursos técnicos e mais de 950 alunos em cursos de aprendizagem Industrial, sendo a grande maioria contratada por empresas parceiras da região.

Ainda em 2021, o Senai Ponta Grossa formou cerca de 1.100 alunos nos cursos de qualificação profissional e cerca de 5.700 alunos em cursos de aperfeiçoamento profissional em diversas áreas, com destaque para Segurança do Trabalho NRs”, lista a assessoria de imprensa da instituição.

Histórias reais

A seguir, conheça algumas histórias de trabalhadores de Ponta Grossa que viram na indústria oportunidades de carreiras – e investiram na qualificação como diferencial de perfil.

Supervisor aos 21 anos

Igor Moreira iniciou como estagiário, foi subindo de cargo e acumulando diplomas (Foto: Arquivo Pessoal)

Igor Moreira vem de uma família industrial, mas no Ensino Médio seu desejo era ser médico. Porém, ao fazer iniciação científica na área, ele percebeu que sua vocação não era aquela. Partiu então para o Senai, onde fez o curso técnico em automação industrial ainda na época de colégio, de 2012 a 2014, quando também conseguiu um estágio em uma das únicas fabricantes mundiais de máquinas de hóstias – localizada em Ponta Grossa.

Meses depois, uma das empresas para a qual havia disparado currículos o chamou, e ele começou a estagiar na cooperativa agroindustrial Frísia, na unidade do Moinho Herança Holandesa – e foi a partir daí que ele vivenciou o potencial de crescimento de carreiras dentro da indústria.

Após um ano de estágio, ele conseguiu uma vaga de auxiliar de planejamento e controle de automação. Começou a cursar Engenharia Elétrica e continuou crescendo dentro da empresa: seguiu para um cargo acima, de assistente de planejamento, e em 2017, aos 21 anos, conquistou o posto de supervisor de manutenção – dois anos antes da sua graduação como engenheiro.

“Fiz também diversos cursos de aperfeiçoamento, alguns por conta própria e outros internos da Frísia. A indústria é muito ágil e a gente precisa estar sempre se qualificando para trazer soluções e inovações”, avalia ele, que valoriza a sua alçada profissional. “Vejo muitas pessoas que não querem iniciar por baixo, como estagiário, por exemplo. Mas é necessário você aprender desde o início; comecei cadastrando equipamento e hoje tenho um conhecimento enorme da planta”, exemplifica.

Mudança de carreira após os 30 anos

Demostenes Dusi Junior está com 36 anos. A maioria da sua família atua na área agrícola, mas ele passou a maior parte da vida adulta na construção civil: trabalhava como topógrafo. O problema é que a sua profissão fazia com que ele viajasse 27 dias por mês e ficasse apenas 3 em casa – e o fato de ser casado e ter um filho pequeno o motivou a mudar de emprego. “Meu filho estava ficando maior e eu estava sempre fora de casa. Hoje ele tem 7 anos”, conta.

Porém, o início não foi fácil. “Ficou difícil me recolocar no mercado quando parei de viajar. Trabalhei quase dois anos como informal e então decidi fazer curso técnico em eletromecânica no Senai porque é uma área que eu já havia me interessado antes”, lembra Demostenes.

Ele começou o curso em 2020 e já no segundo período conseguiu um estágio, na Ambev, onde ficou por 7 meses, até conseguir um emprego. “Estava terminando o curso, em setembro do ano passado, quando vi vagas no mural do Senai. No outro dia mandei currículo e já fui contatado. Então comecei a atuar como auxiliar de montagem de máquinas na Ensacadeiras Sat Paraná, aqui em Ponta Grossa”, relata o profissional.

Sobre as suas perspectivas, o recém-formado conta que quer buscar se qualificar ainda mais. “Vou continuar neste emprego e mais adiante pretendo fazer mais um curso técnico. Estou avaliando para qual área, mas com certeza na indústria”, destaca.

Primeiro emprego

João Pedro Viatrowski tem 18 anos e achou na indústria o seu primeiro emprego formal (Foto: Arquivo Pessoal)

João Pedro Viatrowski começou a trabalhar aos 13 anos no negócio da família, auxiliando o pai em um lavacar. Com a pandemia a demanda de clientes e serviços começou a cair e ele decidiu largar a vida de autônomo.

Em 2021 ele começou a cursar o técnico em manutenção automotiva no Senai e, através da instituição, ficou sabendo de oportunidades na montadora de caminhões DAF. “Havia vagas para o cargo de assistente administrativo, e decidi entrar para iniciar minha carreira na indústria. Vejo que é um setor com muitas oportunidades, tanto em áreas, quanto de elevação de cargos, e trabalhar em uma multinacional, como a DAF, multiplica essas oportunidades, porque é possível trabalhar em outros países, que é a minha vontade por engrandecer o currículo e pela experiência pessoal”, conta ele, que está com 18 anos.

E para atingir o seu objetivo, o jovem pretende investir na qualificação. “Esse ano vou continuar o meu curso técnico e quero iniciar um curso de inglês, para que no futuro isso seja um diferencial”, destaca João Pedro.

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