A Polícia Federal (PF) e a Receita Federal deflagraram, na manhã de ontem (24), as operações Retis e Spiderweb contra dois grupos criminosos investigados por tráfico de cocaína da América do Sul para a Europa. As investigações apuraram que os traficantes se utilizavam de métodos variados para enviar a droga por meio do Porto de Paranaguá e tinham ligação direta com a máfia italiana.
A Polícia Federal apurou que o vínculo dos criminosos é com uma organização mafiosa constituída na região da Calábria, que contrata a logística executada pelos investigados em Paranaguá para enviar os carregamentos de cocaína até os portos da Europa, em especial o porto italiano situado na região na qual detém predomínio.
Conforme as investigações, os traficantes usavam mergulhadores no litoral paranaense. A função dos mergulhadores era esconder a cocaína em compartimento submerso dos navios.
Os criminosos também ocultavam a droga em contêineres, sem conhecimento do exportador, colocando-a no maquinário do refrigerador e no interior de cargas lícitas de madeira, suco de laranja, açúcar, entre outras.
As organizações criminosas alvos da operação também se caracterizam pela extrema violência empregada em suas ações, havendo a constatação do envolvimento de seus integrantes em homicídios. Segundo a Polícia, o líder de um destes grupos foi executado a tiros.
Desdobramento
O trabalho executado nesta semana pelas autoridades é um desdobramento da Operação Enterprise, deflagrada pela Polícia Federal no dia 23/11/2020 em diversos estados brasileiros e no exterior para combater um conglomerado de organizações criminosas vocacionadas ao crime de tráfico internacional de drogas.
No decorrer das investigações, que iniciaram em 2019, foram realizadas 80 apreensões no Brasil e no exterior que totalizam, aproximadamente, 21 toneladas de cocaína.
A investigação desta semana recai sobre membros operacionais que atuam, em especial, no depósito, transporte e inserção de cocaína nos contêineres de navios com destino à Europa.
Os investigados vão responder pelos crimes de tráfico internacional de drogas, com penas que podem chegar até 25 anos de reclusão para cada ação perpetrada, bem como pelos crimes de pertinência a organização criminosa e associação para fins de tráfico, que podem chegar a 24 anos de reclusão.
Mandados
Os policiais federais cumpriram 17 mandados de prisão e 86 de busca e apreensão em endereços ligados aos investigados nesta quinta-feira. As ações foram realizadas nos estados do Paraná, de Santa Catarina e São Paulo.
A Justiça determinou ainda medidas patrimoniais de sequestro de imóveis, bloqueio de bens e valores existentes nas contas bancárias e aplicações financeiras dos investigados, que totalizam um valor estimado de aproximadamente R$ 55 milhões.