O governador Beto Richa determinou nesta segunda-feira (26/08) a criação de um grupo de trabalho para avaliar a ampliação da autonomia administrativa e financeira nas sete universidades estaduais do Paraná. A proposta foi definida em reunião com os reitores das paranaenses de ensino superior.
Durante o encontro, o reitor da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Julio Durigan, apresentou o modelo adotado pelo Governo de São Paulo, que consiste no repasse de um porcentual da arrecadação do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para que a universidade faça toda a gestão dos seus recursos.
Vamos analisar a proposta e ver se é possível aplicar no Paraná, afirmou Richa. Educação é a prioridade do nosso governo e queremos as universidades fortalecidas e transformadas em centros irradiadores de conhecimento, disse ele. Com a implantação da autonomia, São Paulo teve melhorias em todos os índices da qualidade do ensino, declarou.
O secretário estadual da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, João Carlos Gomes, disse que a proposta de autonomia das universidades já é defendida pelo corpo acadêmico paranaense. A proposta é garantir autonomia completa às instituições, que assumirão a responsabilidade pelas folhas de pagamento e investimentos em infraestrutura. Vamos analisar, através dessa comissão, qual é a possibilidade de implantar essa proposta no Paraná, disse o secretário, ex-reitor da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG).
CONTROLE – Segundo o reitor da Unesp, a autonomia universitária é uma tendência nacional que garante mais eficiência e agilidade no trabalho acadêmico. Esse processo reduz a burocracia e garante melhor controle orçamentário. As universidades têm capacidade de se gerenciar e saber quais são suas prioridades de investimentos, concluiu o reitor.
Em São Paulo, a autonomia universitária foi implantada em 1989 nas três instituições de ensino estaduais – Unesp, Usp e Unicamp. Com a implantação da autonomia, as universidades estaduais paulistas tiveram avanços enormes em todas as áreas da academia: qualidade de ensino, extensão e pesquisa, disse Durigan.
Ele afirmou que o Paraná tem um modelo robusto de ensino superior estadual apoiado pelo governo. A autonomia universitária trará ao Estado agilidade e eficiência que as universidades precisam, disse.
Com a implantação da autonomia na Unesp, o número de alunos triplicou. Julio Durigan usou como exemplo, ainda, o número de doutores formados pelas três universidades paulistas. Anualmente, elas formam quatro mil doutores, 35% da produção nacional. As universidades estaduais paulistas têm 175 mil alunos e as do Paraná cerca de 120 mil.
ENSINO SUPERIOR As universidades paranaenses são gratuitas e abrigam mais de 120 mil estudantes de graduação, pós-graduação, cursos presenciais e à distância. O governo estadual investe cerca de R$ 1,3 bilhão por ano para manter 305 cursos de graduação, 302 de especialização, 141 mestrados e 52 doutorados. No sistema atuam sete mil docentes, 85% com mestrado e ou doutorado, e 8,3 mil agentes universitários.
As instituições estão instaladas em 38 municípios com ensino presencial; possuem cerca de 50 polos para ensino à distância e, ao fim da implantação da Universidade Virtual, contará com mais 150 polos no Paraná. Os integrantes do grupo de trabalho serão definidos posteriormente através de decreto assinado pelo governador.