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Criada em Ponta Grossa, raça Purunã se consolida entre pecuaristas

Purunã é resultado do cruzamento das raças Charolês, Aberdeen Angus, Caracu e Canchim - Foto: Millena Sartori/DC

Cinco anos após ser oficialmente reconhecida pelo Ministério de Agricultura e Abastecimento (Mapa), Purunã conquista cada vez mais adeptos. A raça de bovinos para corte é a primeira desenvolvida no estado e a única criada no País por um centro estadual de pesquisa, o Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná — Iapar-Emater (IDR-Paraná), e é resultado do cruzamento de outras raças: Charolês, Aberdeen Angus, Caracu e Canchim. 

Já existem exemplares Purunã em todos os estados do Brasil, de acordo com a Associação Brasileira de Criadores da Raça Purunã (ABCP). Segundo estimativas do IDR-Paraná, o rebanho de animais gira em torno de 80 mil e 100 mil cabeças, entre cruzados e puros. 

“A nível de estado, hoje temos mais de 200 produtores que compraram um reprodutor para fazer cruzamentos. Como é uma raça muito rústica e de fácil adaptação às condições climáticas, tanto no frio, quanto no calor, ela está presente em diversas regiões”, afirma Luiz Fernando Brondani, zootecnista e coordenador estadual de pecuária de corte do IDR-Paraná.

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Ponta-grossense

A ideia de desenvolver uma nova raça surgiu ainda no início da década de 1980, em Ponta Grossa, a partir de bons resultados obtidos em uma investigação que os pesquisadores do IDR-Paraná conduziam sobre a eficiência na produção de carne em cruzamentos alternados envolvendo Charolês-Caracu e Aberdeen Angus-Canchim. 

Foram quase quatro décadas de cruzamentos e seleções sucessivas e controladas até que fosse possível agregar os melhores atributos de cada uma das raças formadoras — Caracu e Canchim transmitiram rusticidade, tolerância ao calor e resistência aos carrapatos. Charolês contribuiu para dar velocidade ao ganho de peso, grande rendimento de carcaça, elevado porcentual de carnes nobres e pequena capa de gordura.  Já o Angus deu precocidade, tamanho adulto moderado e temperamento dócil, além de alta qualidade de marmoreio na carne. 

A habilidade materna e a boa produção de leite pelas vacas, características importantes para o manejo dos rebanhos herdadas de Caracu e Angus, são também atributos que se destacam nos animais Purunã. 

Todo o trabalho de desenvolvimento da raça foi conduzido na Estação Experimental Fazenda-Modelo, unidade de pesquisa do IDR-Paraná em Ponta Grossa, próxima à Serra do Purunã, da qual ganhou o nome em homenagem ao acidente geográfico.

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Características

Outras características atribuídas à raça são a capacidade de manter alto desempenho em diversas condições de relevo e de temperatura ambiente, a distribuição equilibrada de gordura e o elevado rendimento da carcaça, assim como a alta qualidade da carne, que tem excelente marmoreio, de acordo com os técnicos – denomina-se marmoreio a gordura entremeada nos cortes, que dá maciez, suculência e sabor amanteigado à carne.

“Hoje as fêmeas chegam à idade de corte aos 15 meses e os machos entre os 18 e 20 meses. Normalmente o produtor faz de 30 meses pra baixo, mas aqui estamos buscando uma tecnologia que já existe de produzir animais hiperprecoces, de até 14 meses, e superprecoces, de até 18 meses, pois quanto menor a idade do abate, melhor a qualidade – e isso aí tem preço”, ressalta Luiz Fernando Brondani.

Foto: Millena Sartori

Projeto de difusão do Purunã

Na última quinta-feira (14) foi realizada na Fazenda-Modelo, em Ponta Grossa, um evento para comemorar os cinco anos de oficialização da raça e o lançamento de um projeto que visa difundir ainda mais o Purunã por regiões do estado.

“Estamos felizes porque o Puruã, desenvolvido aqui nos Campos Gerais, está presente em vários estados brasileiros e agora vai fazer parte da nossa estratégia de ir para regiões do estado que precisam ter projeto de renda, como o Vale do Ribeira, por exemplo, que é um dos nossos desafios”, destaca o diretor-presidente do IDR-Paraná, Natalino Avance de Souza.

Brandani destaca que a ideia é ter um número de animais puros e mestiços o suficiente para montar uma proposta de bonificação da carne. “Para isso precisamos de criatórios e escala, e este é o nosso objetivo. Sonhamos em ter, daqui 5 ou 10 anos, uma carne premium do Purunã”, afirma o coordenador.

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