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Corpos são encontrados no rio Ivaí e sobrevivente do acidente conta o que passou

As equipes de busca das seis pessoas desaparecidas, após acidente com barco no Rio Ivaí, encontraram três corpos no início da tarde desta quarta-feira (21). Um deles escorregou e afundou novamente. Nove pessoas estavam na embarcação de alumínio, que virou nas corredeiras do rio no distrito de Ubaúna, em São João do Ivaí, no domingo (18) à tarde.

Os corpos encontrados e resgatados são do maringaense Adalberto Fernandes, de 42 anos, e da menina Heloísa, filha do casal Patrícia e Alberony Menegassi, que estão desaparecidos. O outro não chegou a ser identificado. Três pessoas de uma família se salvaram e uma delas, Marcelo Carvalho, de Sarandi, deu um relato emocionante para a Rádio Nova Era, de Ivaiporã.

– As crianças queriam andar de barco. Meu filho, minha esposa, meu primo com os filhos. O dono do barco, a esposa e a filha. Entramos todos no barco, estávamos devagar no rio, só que chegando perto do salto, a mulher do dono do barco ficou desesperada, falou que o barco ia descer. O dono do barco falou que poderia ficar tranquilo que não ia virar, contou Marcelo, que prosseguiu:

A mulher dele pulou para segurar o barco, ele largou o motor e também pulou para segurar o barco. Eu pulei também e ficamos segurando o barco para não descer. A mulher dele gritou que tinha que ficar alguém no motor. Eu voltei para o barco, mas o motor não estava mais ligado. Tentei acelerar, mas não ligou. Os dois não tiveram força para segurar e o barco desceu na queda, bateu de bico e já virou com todos dentro. Quando virou não vimos mais nada.

O grupo estava em uma festa em uma chácara à beira do rio e foi passear de barco. Após o acidente, Marcelo, a mulher Jéssica e o filho João Vitor, conseguiram se agarrar à embarcação por um tempo até conseguir sair do rio. Eles foram encontrados por pescadores por volta das 22h30. Dezenas de pessoas participaram das buscas.

Marcelo contou o que passaram:

Nós ficamos no rio nos afogando por uns 700 metros. Jéssica se afundando, eu me afundando, até que Deus colocou o barco virado em nosso caminho. A gente já tinha desistido, mas o barco apareceu e nós seguramos por uns 40 minutos, na esperança do socorro chegar. Meu filho sofrendo muito, até que decidimos desvirar o barco.

Os três saíram de cima do casco, entraram na água e conseguiram desvirar a embarcação. Voltaram para dentro do barco e com as mãos foram tirando água, “até que ele subiu um pouco e remamos com a mão até chegar na margem”, disse Marcelo.

Segundo ele, após três horas eles conseguiram sair do rio, mas a família novamente viveu momentos de tensão, pois o filho já estava delirando e sofrendo convulsões devido ao frio:

Quando entramos na mata, no milharal, andamos por uns 400 metros, mas meu menino sofreu convulsão e estava delirando. Fizemos uma cama no meio do milho, mas não estava resolvendo, até que graças a Deus, apareceram dois anjos, dois pescadores, eles estavam com lanternas pra cima, gritavam e nós respondemos.

Um dos pescadores enrolou o filho de Marcelo em uma blusa e correu para salvar a vida do menino:

– Um dos pescadores disse, deixa eu salvar a vida dele. Enrolou meu filho em uma blusa e correu. O sobrinho dele, um outro pescador, deu roupa pra gente, até que chegou uma embarcação. Se não fossem os pescadores, nós não estaríamos vivos.

O sobrevivente contou que o barco virou por volta das 16h30 e que foram resgatados por volta das 22h30 . Mesmo com todo sofrimento físico e mental, além da dor de ter perdido amigos e parentes, Marcelo frisou, ao fim, da entrevista:

O dono do barco não teve culpa, ele não queria chegar perto da correnteza, ele fez de tudo para nos salvar, não tem culpado.

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