Desde o final de 2019, quando começou a assolar a China e gradativamente se perpetuou pelo planeta, o coronavírus passa por estudos minuciosos. A origem na região de Wuhan ainda levanta dúvidas. O vírus, oriundo do morcego, pode ter sido transmitido aos humanos a partir de outros animais (hospedeiro intermediário), mas também se levanta a suspeita de que teria vindo de laboratório. Nesta semana, lideranças da União Europeia se juntaram ao presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e pediram investigação completa sobre o Sars-Cov-2.
Não se tem total confiança na averiguação realizada por comissão da Organização Mundial da Saúde (OMS). Composta por 14 especialistas internacionais, ela esteve no início do ano na China e divulgou em março estudo no qual mostra que a transmissão do vírus de morcego para humanos por meio de outro animal é o mais provável. Porém, a própria comissão considerou a investigação “inconclusiva”.
Os Estados Unidos contestaram. Segundo o país, não houve acesso a dados originais completos e houve interferência de Pequim no processo. A investigação também não teve acesso a amostras do vírus. “O mundo tem direito de saber exatamente o que aconteceu para poder aprender as lições”, declarou o chefe do Conselho Europeu, Charles Michel, nesta semana.
A comunidade científica internacional e os líderes de grandes potências voltaram a questionar a confiabilidade da narrativa chinesa sobre a primeira transmissão ser ‘exclusivamente’ animal. Há duas semanas, o Wall Street Journal, dos Estados Unidos, noticiou que técnicos do Laboratório de Wuhan teriam procurado ajuda hospitalar em novembro de 2019, antes do primeiro caso da doença ser oficialmente confirmado.
Diante dessa informação obtida a partir de um relatório de inteligência e também dos estudos inconclusivos, as autoridades passaram a considerar a possibilidade de vazamento laboratorial, versão que antes era vista como teoria conspiratória. Contudo, não é possível afirmar que o quadro de saúde dos técnicos era de covid. Poderia ser uma gripe comum.
Independentemente da origem, os cuidados com a circulação do coronavírus são os mesmos. No entanto, caso houvesse comprovação de responsabilidade da China, a política internacional seria afetada e o país asiático precisaria arcar com boa parte do combate global da pandemia.
O objetivo dos Estados Unidos é ter em mãos um relatório – entregue pela Comunidade de Inteligência norte-americana – até o início de setembro. Isso gera a perspectiva de que a questão aqueça antes da Cúpula G-20 no final de outubro, onde Biden pode potencialmente se encontrar com o presidente chinês Xi Jinping.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Zhao Lijian, criticou a ação de Biden como uma tentativa de se envolver em “estigmatização, manipulação política e transferência de culpa”.