O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, chegou à Ucrânia nesta quinta-feira (28). Ele teve encontros separados com o presidente Volodymyr Zelenskyy e o ministro de Relações Exteriores, Dmytro Kuleba. A visita aconteceu após Guterres se reunir com os chefes de Estado da Turquia, Rússia e Polônia, para discutir sobre a guerra no território ucraniano e buscar meios para a ajuda humanitária, evacuação de civis e o fim da violência.
Visita à Ucrânia
O secretário visitou três cidades perto de Kyiv fortemente afetadas, que tiveram a infraestrutura civil destruída. Ao observar os abalos causados pela violência, ele contou que imaginava como seria sua própria família vivendo nas casas alvejadas e fugindo dos ataques. Para Guterres, a guerra no século 21 é um absurdo e inaceitável. Ao ver de perto a destruição, ele expressou pêsames às famílias das vítimas. O líder da ONU visitou um local no qual havia uma vala comum onde centenas de pessoas foram enterradas por familiares e vizinhos. Ele afirmou que é de extrema importância abrir investigações sobre a ofensiva à Ucrânia, reforçando seu apoio ao trabalho do Tribunal Penal Internacional, TPI.
No início deste mês, a chefe de direitos humanos da ONU, Michelle Bachelet, disse que ficou “horrorizada” com imagens mostrando os corpos de civis mortos nas ruas de Bucha e em sepulturas improvisadas. Para a alta comissária, os relatos levantam questões sérias sobre possíveis crimes de guerra, bem como graves violações do direito internacional humanitário e dos direitos humanos.
Investigações
Sobre o apelo feito pelo secretário-geral na busca de justiça para as vítimas na Ucrânia, o promotor do TPI, Karim Khan, falou a jornalistas, na noite de quarta-feira, do lado de fora do Conselho de Segurança na sede da ONU em Nova York.
Ele afirmou que esse é um momento de ação e que o “direito internacional não pode ser um espectador passivo”, precisando se mover para proteger e buscar responsáveis. O promotor conduz uma investigação sobre possíveis crimes de guerra e contra a humanidade desde 2 de março, após o encaminhamento de um pedido de 43 Estados-membros.
O foco da investigação são “supostos crimes cometidos no contexto da situação na Ucrânia desde 21 de novembro de 2013”. Segundo Khan, desde o início da investigação, uma equipe de especialistas já examinou vários locais na Ucrânia, incluindo Lviv, Kyiv e Bucha.
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