Modalidade tradicional do paradesporto, o basquete em cadeira de rodas de Ponta Grossa pode não jogar em 2021. Os Tubarões, que representam o município nas competições, passam por problemas financeiros e estruturais. Assim, a única certeza neste momento é a manutenção social do projeto, saindo do caráter competitivo.
O Grupo MM renovou o patrocínio pelo 13° ano consecutivo, mas o aporte não é suficiente para pagamento de taxas do Campeonato Paranaense, por exemplo. Dessa forma, os Tubarões/MM podem ficar de fora da competição que conquistaram três vezes entre 2011 e 2019.
Nas últimas semanas, o técnico Ben Hur Chiconato até cogitou deixar a equipe para que os jogadores pudessem competir. “Se eu não conseguir nada [financeiramente], prefiro que o time continue ainda com ambição de disputar alguma competição. Mas eu não posso fazer trabalho filantrópico. Sou um profissional. Ou é pagar técnico ou pagar as taxas de disputa do Campeonato Paranaense”, comentou o treinador e idealizador do projeto ponta-grossense.
A possibilidade mais palpável atualmente é voltar às origens e manter a modalidade somente com intuito social. “A gente consegue manter o projeto recebendo cadeirantes novos e fazendo fundamentação do esporte. É o que temos de certo hoje”, expõe Chiconato. Caso os torneios sejam retomados, o montante necessário gira perto dos R$ 60 mil ao ano.
Não existe prazo definido para que a coordenação dos Tubarões tome a decisão. Porém, a Federação Paranaense deve convocar nos primeiros dias de 2021 a assembleia para definição do Estadual. A tendência é que entre fevereiro e março o time de Ponta Grossa precise dar uma resposta.
“Se não competirmos, eu libero os jogadores para que atuem por outros times e cidades”, afirma o treinador, que ainda tenta negociar com outros empresários da cidade.
Poder público
Além das parcerias privadas, os Tubarões precisam manter proximidade com o poder público municipal. Ben Hur Chiconato não conseguiu retorno para reunião com a prefeita eleita, Professora Elizabeth (PSD).
“Nos últimos anos a Prefeitura foi nossa parceira na cessão de pelo menos 80% do transporte para disputar as competições. Isto já é algo considerável pensando que o custo é elevado. Além disso, repassaram para nossos atletas um valor de ajuda de custo do projeto Prata da Casa”, externa o treinador.
Em contrapartida, o elenco encontra dificuldades logísticas e de estrutura no Ginásio Jamal Farjallah Bazzi. “O ginásio precisa ter o tratamento real de ginásio de esportes. A Prefeitura precisará se comprometer conosco de que colocará uma pessoa que pelo menos mande limpar a quadra todos os dias”, pontua Chiconato.
Conquistas
Em dez temporadas, os Tubarões/MM conquistaram três vezes o Campeonato Paranaense, cinco vezes os Parajap’s e garantiram três títulos da Copa Dourados (MS). Além disso, os ponta-grossenses representaram o estado em três competições oficiais da Confederação Brasileira de Basquete em Cadeira de Rodas.
* Por Felipe Liedmann