Diariamente passam pela malha ferroviária de Ponta Grossa, em média, 20 trens, entre vazios e carregados. Segundo a América Latina Logística (ALL), concessionária que administra a linha férrea na região, são transportadas em torno de 46 mil toneladas de produtos. As composições carregam soja, milho, farelo, fertilizantes, combustíveis, óleo vegetal, cimento, containeres e madeira.
Por aqui, passam as composições que seguem do Norte do Paraná (Maringá e Londrina) para os Portos de Paranaguá e São Francisco (SC), assim como os trens que saem de Guarapuava. A malha ferroviária também é utilizada por trens que partem do Vale da Ribeira para Ponta Grossa e trens do Norte do Paraná para o Sul do Brasil.
Em Ponta Grossa, a ALL atende seis empresas (Cargill, Dreyfus, Yara, Intercement, Conab, Masisa) e o Terminal de Containeres de Ponta Grossa (Cará-Cará).
Lideranças locais, porém, reclamam que a malha ferroviária da cidade deixa a desejar e também é subutilizada. Questionada sobre investimentos realizados na cidade, a ALL informou apenas o valor global aplicado em toda sua área de concessão. Desde quando assumiu as concessões da malha ferroviária sob sua responsabilidade, a ALL já investiu mais de R$ 12 bilhões em recuperação, melhorias, material rodante (locomotivas e vagões) e em tecnologia da operação. Os constantes investimentos em tecnologia e melhoria da linha férrea permitiram que a companhia reduzisse em até 80% o índice de acidentes desde 2006, diz a empresa, em nota enviada à Redação do DC.
O secretário estadual de Indústria, Comércio e Assuntos do Mercosul, Horácio Monteschio, manteve contato recente com a diretoria da ALL e, para ele, a falta de investimentos na linha férrea, atualmente, deve-se ao processo de fusão entre a ALL e a Rumo Logística Operadora Multimodal, administrada pela Cosan. Sobre este assunto, a assessoria de imprensa da ALL informou apenas que a companhia está aguardando aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) e da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
O presidente da Associação Comercial, Industrial e Empresarial (Acipg), Nilton Fior, diz que hoje a cidade e o Brasil vivem um contrasenso, pois o transporte ferroviário é mais caro que o rodoviário, sendo que em outros países ocorre o contrário. Além disso, nos países desenvolvidos e em desenvolvimento, a malha ferroviária responde pela maior parte do transporte de cargas. Estamos carentes de uma ferrovia, diz.
Para o presidente da Concessionária Rodonorte (que administra rodovias), José Alberto Moita, a melhoria nas ferrovias é o grande salto que o Paraná precisa dar. Mas, para isso, é preciso dinheiro. Por isso, o governo deverá desafiar mais uma vez a iniciativa privada a buscar esse investimento, prevê.
Fusão
Anunciada em fevereiro, a fusão entre a ALL e a Rumo ainda está em processo e aguardando aprovação do CADE e ANTT. Pela proposta, a ALL ficará com 63,5% das ações da nova companhia, enquanto à Rumo caberá os outros 36,5%.
Trens transportam 46 mil toneladas de produtos. Foto: Rodrigo Covolan