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Ricardo Barros diz que não teme quebra de sigilo pela CPI da Covid

Preocupação, destaca, é com constantes vazamentos que a CPI faz de informações em segredos de Justiça

Deputado federal Ricardo Barros (PP-PR)

Ricardo Barros diz que não teme quebra de sigilo pela CPI da Covid. Em entrevista ao dcmais, o deputado federal que está no sexto mandato e é líder do governo Bolsonaro na Câmara Federal, fala sobre as polêmicas envolvendo sua participação na CPI. Barros tem sido citado na CPI da Covid no Senado como pivô de supostas irregularidades na negociação de compra da vacina indiana Covaxin.

Experiente político, Ricardo Barros (PP) já foi prefeito de Maringá e soma mais de 20 anos como representante do Paraná na Câmara Federal – além de líder do atual governo, já integrou a base aliada de Fernando Henrique Cardoso, de Lula e Dilma – embora tenha apoiado o impeachment da ex-presidente. No governo de Michel Temer, foi ministro da Saúde, entre 2016 a 2018.

Peça importante do atual governo no Congresso, o depoimento de Ricardo Barros à CPI da Covid, no dia 12, gerou bastante bate-boca e, de testemunha, agora Barros será convocado para novo depoimento como investigado, conforme a comissão.

Os senadores que integram a CPI senadores também aprovaram a quebra de sigilos de dados do deputado Ricardo Barros mantidos pela Receita Federal e um pedido para que o presidente do STF, Luiz Fux, compartilhe informações sobre processos nos quais o deputado Ricardo Barros figure como réu.

Ao dcmais, Ricardo Barros reforça que não tem problema com a quebra de sigilo pela CPI, e também fala sobre sobre um pedido de impeachment anunciado por Jair Bolsonaro a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e agenda do presidente nos Campos Gerais em setembro.

Quem quer vender vacinas tem todos os países do mundo para negociar, não vai vir ao Brasil participar desse circo da CPI da Pandemia. O país perdeu a oportunidade de avançar na vacinação com ao menos mais 90 milhões de doses, Ricardo Barros

Confira a entrevista:


Dcmais – Questionado na CPI da Pandemia, o senhor afirmou que a comissão afasta empresas interessadas em vender vacinas para o Brasil. Poderia dar exemplos de empresas que perderam o interesse de negociar vacinas recentemente com o país por conta da atuação da comissão? No que a CPI atrapalhou o trabalho de compra de vacinas?

Ricardo Barros – A CPI da Pandemia tem lado, e o lado é da oposição, o do ataque ao Governo Bolsonaro. Isso fica cada vez mais evidente. Neste caso eu estava me referindo a duas negociações para a compra das vacinas Cansino (China) e Covaxin (Índia). As duas produtoras retiraram os seus representantes legais no Brasil e não nomearam novos representantes, fazendo com que seus processos fosse arquivos na Anvisa. São justamente as vacinas que estão sendo atacadas todos os dias pela CPI. Quem quer vender vacinas tem todos os países do mundo para negociar, não vai vir ao Brasil participar desse circo da CPI da Pandemia. O país perdeu a oportunidade de avançar na vacinação com ao menos mais 90 milhões de doses. Eram 20 milhões da Covaxin, 60 milhões da CanSino, de dose única e 10 milhões da Sputnik. Agora, caso as empresas voltem a tramitar os processos na Anvisa todos os brasileiros já estarão vacinados.

DC – Por outro lado, a CPI alega que o senhor mentiu em seu depoimento e agora o convocará para prestar depoimento como investigado. O que mudará da sua parte com esta convocação?

R.B. – Nada muda, aliás é uma pena que já anunciaram que não me chamarão novamente. Tática covarde da CPI de me incluir na lista dos investigados sem me dar direito à ampla defesa. Eu sempre estive à disposição da CPI, fui ao STF por duas vezes para pedir para ser ouvido. Eles marcaram e cancelaram o meu depoimento duas vezes sem justificativa. Eu fui à CPI como convidado e jurei falar a verdade, o que não precisava. Portanto, qualquer novo depoimento da CPI se dará nas mesmas condições. Não altera nada, se for convocado estarei na mesma situação. Eu sou parlamentar tanto quanto eles. Se eles me chamarem de novo vão ter um duro embate de volta. Eu não vou ouvir tanta mentira na CPI da Covid e ficar sem refutar. Todas as pessoas ouvidas pela CPI negaram o meu envolvimento na negociação da Covaxin, e eu refutei todas as acusações com documentos. Por isso os senadores estavam tão perdidos, e tão sem capacidade de vencer o debate, que suspenderam o jogo.

DC – E sobre o pedido de quebra de sigilo dos processos do qual o senhor é réu? O que a CPI descobrirá com isso? O senhor busca junto ao STF liminar contra a quebra de sigilo, com que argumentos?

R.B. -A quebra de sigilo foi contestada no Supremo pelos meus advogados porque todos os depoimentos feitos na CPI negaram meu envolvimento com o caso Covaxin. Eu não tenho nenhum problema com a quebra de sigilo, mas tenho com os vazamentos que a CPI, sistematicamente, faz de informações em segredos de Justiça. Isso é crime, e eles precisam responder por isso.


DC – O senhor foi parar na CPI depois que o deputado Luis Miranda denunciou suspeita de irregularidades na contratação da vacina Covaxin. Na comissão, ele disse que seu nome foi citado pelo próprio presidente. O senhor conversou diretamente com o presidente para saber, afinal, o que ele teria dito a seu respeito?

R.B. – Não conversei. A verdade é que o deputado Luis Miranda declarou na Polícia Federal que levou ao presidente Bolsonaro uma reportagem sobre a ação do Ministério Público no caso da empresa Global Medicamentos da época que eu era Ministro da Saúde. Uma situação que está sendo esclarecida na Justiça. A Global é sócia da Precisa. E o presidente, ao ver a reportagem que continha a minha foto, questionou se os irmãos Miranda sabiam de algum envolvimento meu no caso da Covaxin. Ambos declararam que não sabiam. Então o assunto está encerrado e esclarecido. A única coisa que permanece são as narrativas mentirosas da CPI. O presidente Bolsonaro já deu declarações na imprensa que não tem absolutamente nada contra mim. Pelo contrário, declarou confiança no meu trabalho como líder do Governo.

DC – A votação da PEC do voto impresso acabou acirrando um desgaste entre o poder Executivo e TSE. Depois disso, o presidente Jair Bolsonaro chegou a anunciar que encaminharia pedido de impeachment contra ministros do Supremo. Isso deve mesmo acontecer? Quais os impactos desta crise entre os sistemas para o país?

R.B. – A gente já declarou o pedido de impeachment de dois ministros do Supremo. Bolsonaro está apenas pedindo aquilo que está previsto na Constituição. É um embate dos poderes? É, mas o Poder Judiciário tem, sistematicamente, invadido prerrogativas que são exclusivas do Executivo e do Legislativo. O embate é necessário. As coisas têm que chegar ao seu lugar. Legislativo, Executivo e Judiciário, poderes harmônicos e independentes.

DC – Tem sido divulgada uma possível agenda do presidente Jair Bolsonaro à região dos Campos Gerais no final de setembro. O senhor confirma a vinda do presidente e qual deve ser a agenda dele?

R.B. – O Bolsonaro virá a região Ponta Grossa-Castro, para uma visita e também fará uma motociata nesse trajeto. É muito bom ter o presidente de novo no Paraná.

Todas as pessoas ouvidas pela CPI negaram o meu envolvimento na negociação da Covaxin, e eu refutei todas as acusações com documentos, Ricardo Barros.

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