Quem gera expectativas demais vive imersa no paradigma da escassez: nada é bom o suficiente e parece que sempre falta algo. A frase é da orientadora emocional Camilla Couto, que explica: “quem vive de expectativas nunca tem o bastante para se sentir satisfeita. E, pior, acaba perdendo o senso de receptividade – ou seja, deixa de enxergar e dar valor àquilo que recebe”.
Então, isso quer dizer que devemos eliminar as expectativas da nossa vida? Não! Segundo ela, nossas expectativas, nossos sonhos e nossos objetivos nos impulsionam, mas, como em tudo, é preciso equilíbrio para não desejar demais e ficar sempre aquém daquilo que é possível receber. “Criar expectativas fantasiosas quanto a um parceiro amoroso, por exemplo, é algo péssimo para a relação. Imagine-se no lugar oposto, tendo que preencher as expectativas infinitas que o outro tem de você. Não lhe parece angustiante?”, enfatiza Camilla.
O amor só consegue crescer quando ambos se sentem livres para ser e transparecer o que realmente são. “Quando tentamos preencher as expectativas do outro, corremos um alto risco de perder nossa própria identidade e, quando nos damos conta, não é apenas uma, mas duas pessoas insatisfeitas: uma porque não tem o que quer e a outra porque não age de forma espontânea”, reflete a orientadora. Para ela, possibilidades incríveis de se conhecer profundamente e de conviver de maneira saudável acabam sendo perdidas, em um mar de expectativas.
Camilla explica: “criar expectativas demais é, na verdade, ir contra o senso de abundância. Enxergar o outro como é nos permite compreender a riqueza e a beleza daquilo que ele nos entrega. Muitas vezes, não recebemos o que esperávamos, as situações não acontecem da forma como havíamos planejado, mas não por isso ficamos necessariamente na falta”.
Limitação
Ela enfatiza que as expectativas nos limitam e nos privam de enxergar que o que vem até nós pode ser até melhor do que aquilo que imaginávamos: “quando aceitamos a realidade, abrimo-nos para o novo e somos capazes de agradecer pelo que é, sem desejar infinitamente o que poderia ser. Dá para entender a diferença?”, questiona Camilla, que finaliza: “querer sempre mais do outro pode ser sufocante não apenas para ele, mas também para você. Aceitar a realidade e diminuir as expectativas pode acabar com as sensações de ansiedade e de insatisfação”.
Fonte: Amarildas Blog