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Péricles de Mello: “No meu mandato, conseguimos resgatar a identidade local”

Prefeito de Ponta Grossa entre 2001 e 2004, Péricles destaca avanços na educação, na cultura e meio ambiente

Péricles: “A questão cultural foi muito importante no nosso governo: a cultura no seu sentido antropológico, de resgatar as raízes da cidade, os costumes, a arquitetura” (Foto: Arquivo DC)

Encerrando a série com os ex-prefeitos de Ponta Grossa, o entrevistado pelo Diário dos Campos na edição desta quinta-feira é o ex-prefeito Péricles de Holleben Mello (PT). Péricles foi eleito em 1988 para vereador de PG, sendo reeleito na eleição seguinte. Em 1994 foi eleito a deputado estadual e reeleito em 1998.

Em 2000, foi eleito prefeito de Ponta Grossa, ocupando o cargo entre 2001 e 2004, quando concorreu à reeleição, mas acabou derrotado no segundo turno por Pedro Wosgrau Filho (então PSDB). Em 2010 Péricles foi novamente eleito a deputado estadual, sendo reeleito em 2014. Em 2018, tentou reeleição para Alep, mas não teve êxito. Engenheiro civil, Péricles é professor da UEPG. Ao DC, Péricles comenta sobre as ações realizadas durante seu mandato, as dificuldades políticas que enfrentou no governo, avalia a postura da atual gestão. Acompanhe a entrevista:

Do trabalho realizado ao longo dos quatro anos como prefeito, o que o senhor destaca?

“Quando assumi, Ponta Grossa tinha muitos problemas: somente 40% das ruas eram pavimentadas e orçamento não chegava a R$ 200 milhões – bem longe de R$ 1 bi de 2020. Me elegi com algumas diretrizes claras, como realizar o resgate da identidade local, os símbolos da cidade, preocupação com a questão ambiental e estimular a participação popular.

Na educação, promovemos a universalização da pré-escola, implantamos o sistema municipal de educação infantil, distribuímos uniforme escolar para todos os alunos e desenvolvemos diversos programas que buscavam valorizar a história e símbolos da cidade. Investimos na construção e reforma de escolas, criamos a Feira do Livro e Selo Social. Implantamos ainda o plano de carreira para professores.

Na cultura, investimos na Orquestra Sinfônica e Coro Cidade de Ponta Grossa, promovemos a restauração da Estação Saudade; da Vila Hilda, com criação da sede da Fundação Cultural, e retomada da Semana Bruno e Maria Enei. Fizemos ainda a compra e restauração do Cine-Teatro Ópera, restauração da Capela Santa Bárbara, realizamos o Festival de Música Gospel, apoiamos o filme Cafundó e novela Saga.

Apoiamos o Operário Ferroviário Esporte Clube, implantamos a Copa Cidade Viva, construímos 12 campos de futebol com iluminação, reformamos ginásios de esportes, praças e parques. Implantamos o Parque Balneário Rio Verde, que hoje, infelizmente, está abandonado.

Uma das grandes ações do meu mandato foi a compra de terreno e início das obras do Lago de Olarias com a construção da primeira barragem, colocação de gabiões. Realocamos famílias que ocupavam o terreno do Parque para uma área próxima onde foi feito um loteamento, além do loteamento Estrela do Lago.

Fizemos a implantação do programa Saúde da Família, com 14 equipes e, assim, conseguimos reduzir a taxa de mortalidade infantil. Construímos o terminal Uvaranas e implantamos o ‘Domingo livre’ no transporte coletivo.

Em infraestrutura, conseguimos liberação de recursos e início da construção do Contorno Leste, pavimentação da Avenida dos Vereadores, assim como ligações interbairros importantes, como a do Santa Mônica – Esplanada e Nossa Senhora das Graças; Vila Lina -Santo Antonio – Jardim Maracanã; ligação Olarias-Vila Santana -Vila Odete e Jardim Barreto; Boa Vista- Bela Vista do Paraíso- Bonsucesso, e revitalização da Avenida Carlos Cavalcanti. No que diz respeito à habitação, conquistamos cerca de dois mil lotes urbanizados.

No seu mandato, qual a maior crise que o senhor enfrentou?

“Eu governei em um período muito difícil, que foi o final do governo [do presidente] Fernando Henrique Cardoso, um período de grande depressão econômica, quando não se tinha uma política habitacional consistente. As principais mudanças aconteceram no governo do presidente Lula, que assumiu em 2003. A situação de endividamento do Município quando assumi era complicada, com postos de saúde fechados, dívidas de FGTS, INSS. Eu fui o primeiro prefeito de esquerda, e assim, meu governo teve muita oposição”.

O que o senhor gostaria de ter feito e não foi possível durante o mandato como prefeito?

“O Lago de Olarias era algo que eu gostaria de ter concluído e não foi possível. Naquela época, os deputados federais, por exemplo, não tinham emendas impositivas como têm hoje. Então, conseguir recursos para a cidade era um trabalho árduo. Era um momento político bem diferente. Também gostaria de ter avançado mais nas obras do Contorno Leste”.

Qual a avaliação que o senhor faz das medidas que estão sendo adotadas desde o início da pandemia pela administração municipal?

“No que se refere à pandemia, vejo que o [Marcelo] Rangel tem boa intenção, diferente do presidente Jair Bolsonaro. Vejo que diante das dificuldades e pelo fato de ser tudo tão novo, e tão complicado, o prefeito tem agido bem”.

Por conta do coronavírus e a crise econômica agravada pela pandemia, na sua avaliação, quais os principais desafios que o(a) próximo(a) prefeito(a) terá pela frente?

“O próximo prefeito terá que encontrar uma alternativa para viabilizar o transporte coletivo e melhorar a mobilidade urbana de uma forma geral. A crise afetou as pessoas, afetou os empregos. Será preciso ter foco no cuidado com as pessoas, na sobrevivência da população mais humilde, em buscar obras que gerem empregos”.

Série de entrevistas

O Diário dos Campos ouviu ex-prefeitos de Ponta Grossa para saber um pouco sobre suas administrações, crises enfrentadas, a avaliação do atual momento e desafio da próxima administração. A publicação das entrevistas levou em conta a gestão mais antiga para a mais recente. Assim, na terça-feira (25), o DC publicou entrevista com Otto Santos da Cunha. Na sequência, o entrevistado foi Pedro Wosgrau Filho. O terceiro entrevistado seria Jocelito Canto, que foi prefeito entre 1997 e 2000. Em um primeiro contato, o ex-prefeito, concordou em participar da série e responder às perguntas. No entanto, no final da última semana, ao tentar contato com o ex-prefeito, sua filha e deputada estadual, Mabel Canto, informou à Redação que o ex-prefeito não iria se pronunciar. Assim, a série termina com entrevista de Péricles de Mello.

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