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Pais e professores: dicas para a adaptação das crianças nas escolas

É comum escutarmos histórias de crianças que resistiram e choraram muito nos primeiros dias, semanas ou meses na escolinha. Afinal, este é o primeiro contato dos pequenos com uma realidade e uma rotina totalmente diferente, nunca experimentada antes e, ainda por cima, longe dos pais. No entanto, a inserção dos pequenos na educação infantil não precisa ser difícil e muito menos traumática. A coordenadora pedagógica do Colégio Sepam, Katia Moro, explica a importância dos pais e professores neste processo e dá dicas de como eles podem contribuir para que a criança encare a experiência de forma mais leve. Acompanhe!

 

PREPARAÇÃO

Pais: Os pais devem tratar do assunto como uma novidade mesmo, ou seja, uma boa notícia! Devem incentivar a criança, usar frases que ela perceba que entrará numa nova fase, numa fase alegre, que terá muitos amigos para brincar e que no fim do dia a família vai busca-la para ouvir todas as boas notícias que ela tiver para contar. A família não deve usar frases do tipo: “Você não precisa chorar porque a mamãe/papai te ama.” Essas expressões transmitem para a criança a insegurança do adulto e podem causar medo da distância. Outra frase que se deve evitar é: “Você vai ficar na escola e a mamãe/papai vão sentir muitas saudades.” Ao dizer isso, o adulto está contando para a criança que na ausência dela ele fica triste, e a criança não quer ver os pais tristes, por isso ela chora até eles chegarem, e muito possivelmente irá chorar no dia seguinte também.

Professores: O tempo que a criança leva para adaptar-se na escola é relativo. Às vezes, a criança está bem e feliz, mas ao ver outros amiguinhos chorando ela chora também. O choro nas crianças é como o riso tem um efeito contagiante, muitas vezes a criança chora simplesmente porque tem um amigo chorando, ela nem sabe o porquê. E quando param de chorar, param ao mesmo tempo com algumas exceções, é claro. A conduta dos professores é simples: leva a criança para passear, para se familiarizar com o novo ambiente, leva para o parque, afasta do barulho de choro e isso pode durar uma semana ou mais. Em alguns casos, a criança não chora na primeira semana porque acha tudo aquilo muito animado, tanto brinquedo, parque, música, história, etc, mas quando ela percebe que será todos os dias, ela começa então a demonstrar descontentamento. Isso às vezes acontece depois da segunda semana, ou depois do feriado de carnaval.

 

RESISTÊNCIA

É importante dizer que o trauma está muitas vezes relacionado ao entendimento do adulto sobre o que é sofrimento. Se a criança se joga no chão, não quer colocar o uniforme, não senta na cadeirinha do carro, grita, entre outros comportamentos, muito provavelmente é porque ela sabe que isso ‘funciona’ com a mãe/pai. Se a família estiver convicta de que quer que a criança fique na escola precisa aguentar firme por uns dias esse tipo de atitude. Se não quiser colocar o uniforme a mãe pode mandar na mochila que a professora coloca, ou mesmo levar a criança para a escola sem uniforme nos primeiros dias. Se ela faz escândalo para entrar no carro e se já relaciona o horário pós almoço com a ida à escola, a família pode mudar a rotina nesses primeiros dias. Enfim, há uma infinidade de dicas e sugestões que nós coordenadores e professores temos para dar aos pais mais apreensivos. O que não é nada recomendado é que os pais façam chantagens ou promessas para a criança com frases do tipo: “Se você não chorar a mãe/pai compra um sorvete.” Essa troca resulta num relacionamento de dependência nada saudável futuramente.

 

BRIGAS E ISOLAMENTO

Primeiro é preciso entender que hostilidade não existe no universo infantil, esta é uma definição presente na interpretação do adulto. Os comportamentos tidos como inadequados (empurrões, arranhões, mordidas, brigas, entre outros) fazem parte da construção da personalidade e da luta pelo espaço. As crianças aprendem a negociar, negociando; aprendem a defender o seu brinquedo, defendendo, e o adulto, neste caso o professor, está presente como mediador destas relações. Os desentendimentos são comuns, corriqueiros e na grande maioria das vezes são resolvidos com conversas e reforço positivo, tanto das ações individuais quanto das ações coletivas. 

 

ACORDANDO CEDO

Se a rotina da criança começa cedo, ela precisa deitar cedo para que consiga fazer cerca de 10 horas de sono. Os primeiros dias podem ser um pouco difíceis, mas logo o relógio biológico se acostuma com o horário de sair da cama. Em qualquer dos casos, a escola que oferece turmas matutinas para os bem pequenos (de até 5 anos) devem ter uma caminha disponível para a criança deitar caso chegue na escola indisposta. Não podemos esquecer que os pequeninos precisam encarar a escola como espaço de alegria e, para isso, os professores precisam ter esta sensibilidade. Se a criança chega chorando porque queria estar deitada, então o ideal é que se tenha uma cama para lhe oferecer. 

 

TAREFAS

Há várias situações que envolvem a tarefa de casa. Algumas famílias mantêm seus filhos na escola em tempo integral e preferem que esta seja uma responsabilidade da escola, afinal de contas, se a criança passa o dia inteiro na escola, quando ela está em casa a família quer brincar, passear, assistir um filme e não fazer a tarefa de casa. Outras famílias acham que o momento de fazer a tarefa de casa faz parte da manutenção das boas relações, encaram este como um momento de acompanhar a evolução cognitiva dos filhos, enfim. Uma coisa precisa ser unânime em ambas as escolhas: o adulto que acompanhar as tarefas da criança precisa ajudá-la a compreender que é uma atribuição que ajuda na construção da rotina de estudos, hábito que ela precisa construir ao longo da caminhada escolar. As tarefas não são mais do que um reforço do que se aprendeu ou aprenderá na escola. O adulto pode, por exemplo, contar as tarefas que ele também precisa cumprir quando sai do seu trabalho, ele pode fazer uma tarefa enquanto a criança faz a dela, para evitar que tal compromisso lhe pareça um fardo, mas sim uma oportunidade de crescer ainda mais.

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