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Fila de espera para ultrassom de mama ultrapassa 200 mulheres em PG

Saúde

Esteticista Marcella Mores, de 43 anos, venceu o câncer de mama em 2018 e hoje apoia mulheres que estão em tratamento. Foto: Fábio Matavelli.

Pouco mais de 220 mulheres estão na fila de espera da Fundação Municipal de Saúde (FMS) para realizar ultrassonografia mamária. O exame é complementar à mamografia e possibilita distinguir lesões que não podem ser palpadas e que não são visualizadas na mamografia como lesões e cistos. Segundo a enfermeira Adriana Cristina de Oliveira Alves, da Atenção Primária, a espera para realizar o procedimento já dura de três a quatro meses.

“Essa fila para a ultrassonografia mamária é considerada alta para o município pois, normalmente, são 50 mulheres na espera que aguardam cerca de três meses para a realização do exame. No entanto, a espera depende da contratação de empresa prestadora de serviços para realizar o procedimento via SUS. O último Chamamento Público publicado pela Prefeitura de Ponta Grossa deu deserto. Agora um novo edital foi lançado na semana passada”, disse Alves.

O Município também tem fila de espera para exames de mamografia bilateral, com 40 mulheres na lista de espera, e mamografia de diagnóstico, com apenas cinco pacientes que aguardam pelo procedimento.

“A mamografia de diagnóstico é importante, pois é realizada quando a mulher notou que tem algo diferente em sua mama e esse exame vai detectar se o nódulo está crescendo. Já a mamografia de rastreamento é realizada por mulheres de 50 a 69 anos que fazem o exame de forma rotineira para verificar uma possível alteração ou lesão”, explica a enfermeira.

Exames

Dados da Fundação Municipal de Saúde apontam que em 2018 foram realizados 5.565 mamografias, 2.090 exames de ultrassonografia mamária e 11.706 preventivos. No ano passado, os dados foram semelhantes com 5.340 mamografias, 1.213 ultrassons e 12.419 preventivos. Mas o que chama a atenção é a redução destes procedimentos em 2020.

Neste ano, de janeiro a outubro, foram realizadas apenas 1.429 mamografias, 550 exames de ultrassonografia mamária e 3.440 preventivos. Segundo a FMS, durante o período de pandemia a forma dos atendimentos eletivos sofreu alteração e, por consequência, a mudança dos dados também. Os exames, de acordo com a pasta, estão sendo realizados de acordo com a necessidade clínica da paciente.

as mudanças nos dados também, pois os exames estão sendo realizados de acordo com a necessidade clínica da paciente.

“Os atendimentos eletivos estão sendo retomados com critérios, cumprindo todas as orientações de segurança. As Equipes de Saúde da Família (ESF), das Unidades Básicas de Saúde (UBS), fazem o contato com as pacientes e agendam as consultas e exames, baseados em critérios clínicos e epidemiológico”, informou nota encaminhada pela FMS.

Fui paciente e resolvi vencer por nós duas”

Era abril de 2017 quando a esteticista Marcella Mores, 43 anos, notou que havia algo diferente em uma das mamas após fazer o autoexame. Na mesma época, ela enfrentava um momento difícil na família quando sua mãe, Elci Marina Legat Mores, 76 anos, havia sido hospitalizada ao descobrir um câncer de mama que rapidamente se alastrou para os ossos.

“Eu já havia feito uma mamografia oito meses antes que não indicou nenhum problema. Mas quando minha mãe foi hospitalizada, e enquanto eu a acompanhava, resolvi fazer o autoexame e senti uma bola no seio direito. Alguns disseram que era coisa da minha cabeça, mas como eu realmente estava preocupada, fiz todos os exames e veio a confirmação de que eu estava com câncer de mama”, relatou.

A mãe de Marcella faleceu em decorrência da doença dois meses depois. “A tristeza maior não foi ter descoberto a doença, mas foi ter perdido a minha mãe. Pensei várias vezes em desistir ou lutar. Mas fui paciente e resolvi vencer por nós duas”.

Foto: Fábio Matavelli.

O tratamento começou em junho de 2017 com as quimioterapias que duraram até março de 2018. “Nesse período fiz a mastectomia e retirei as duas mamas, pois tenho um histórico na família de mulheres com câncer de mama. Depois do tratamento mais forte, comecei a fazer as radioterapias e hoje continuo com o tratamento oral”, explica.

Encarar de cabeça erguida momentos tão difíceis fez com que Marcella superasse rapidamente a doença. A esteticista, que é casada há 16 anos, destaca que o apoio da família foi fundamental.

“Tudo na vida passa. Foi necessário encarar de cabeça erguida. Eu nunca me vi doente, pois sabia que ia dar certo. Somos tão fortes e não sabemos. Quando o meu cabelo começou a cair eu tive certeza que estava tendo o tratamento correto e eficaz. Eu sou um milagre e vou levar isso para a vida toda. Recebi muito apoio do meu esposo e eu sei que sou orgulho da minha mãe”, ressalta.

Importância do autoexame das mamas

Na campanha Outubro Rosa 2020, a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) lançou o movimento de conscientização ‘Quanto Antes Melhor’. A ideia é chamar a atenção das mulheres para a adoção de um estilo de vida saudável, com a prática de atividades físicas e boa alimentação para evitar doenças, entre elas, o câncer de mama. Além disso, o autoexame das mamas e procedimentos de rotina como a mamografia e o papanicolau ajudam a detectar a doença de forma precoce e aumentando assim as chances de cura.

De acordo com a médica ginecologista, Rejane Casare, é muito importante que as mulheres avaliem o aspecto simétrico das mamas, além de notarem se existem regiões avermelhadas e se o mamilo não está retraído.

“No autoexame as mulheres devem levantar um dos braços e com a mão direita devem apalpar a outra mama para sentir a presença dos nódulos. É comum que tenham alguns caroços dentro da mama, no entanto, poderá ser maligno quando a assimetria não estiver de acordo, quando houver acometimento de pele e o caroço for mais endurecido e mal definido”, explica.

Nódulos benignos, conforme aponta a especialista, possuem a consistência mais ‘borrachuda’. Casare ressalta que o ideal é que mulheres a partir dos 40 anos já façam o exame de mamografia, conforme orienta o Instituto Nacional do Câncer (Inca).

Papanicolau

Já os exames de papanicolau, que detectam o câncer de colo de útero, devem ser realizados a partir dos 21 anos. “O câncer de colo de útero não é genético e está ligado ao HPV. Por isso, a importância da vacinação e o uso do preservativo para evitar a doença”, finaliza a ginecologista.

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