Um estudo técnico do Tribunal de Contas do Estado (TCE), publicado recentemente e divulgado na semana passada, aponta que municípios com menos de 5 mil habitantes deveriam ser fundidos ou incorporados. A justificativa é a baixa arrecadação própria e o aumento da dependência de transferências da União. Mesmo que ainda esteja em avaliação, o estudo já divide opiniões entre prefeitos e autoridades políticas.
De acordo com o presidente da corte, conselheiro Ivan Bonilha, muitos dos municípios que, atualmente, têm nas transferências federais a maior parte ou a totalidade de suas receitas, por não terem condições econômicas próprias de se sustentar, foram criados ao longo da década de 1990. “A realidade hoje é de enxugamento de despesas, de redução da máquina, para a aplicação dos recursos nas áreas que são mais necessárias ao cidadão, como saúde, educação, segurança”, completa.
No Paraná, há 96 municípios com população inferior a 5 mil habitantes – 24% do total, de 399. Na região dos Campos Gerais, o município de Porto Amazonas – 4.782 habitantes – está na lista dos 96 apontados pelo TCE. “Essa é uma discussão que toca de perto o cidadão. É preciso reduzir o dinheiro que se gasta com a estrutura do poder público, como vereadores, secretários e direcionar esse recurso para a prestação de serviços de qualidade”.
De acordo com o TCE, apesar do estudo, a legislação que, atualmente, disciplina a fusão e incorporação de municípios é de competência federal. Com o objetivo de ampliar o diálogo, uma cópia foi encaminhada ao Tribunal de Contas da União em novembro passado. O estudo, portanto, não terá efeito imediato uma vez que ainda precisará passar por avaliação e discussão.
Porto Amazonas
O prefeito de Porto Amazonas, Antônio Altair Polato (PPS), aponta que o município completará 70 anos de emancipação política em 2017 e ressalta a sua importância para toda a população.
“Porto Amazonas tem conseguido tratar sua população com dignidade e respeito. Temos um IDHM alto – 0,700 – ocupando a posição a nível Brasil de número 1904. Posição que, em muitos casos, é superior ao de muitas outras cidades”.
Soluções
O deputado federal, Sandro Alex (PSD), se diz contra o estudo do TCE e argumenta que são necessários mais repasses do governo federal para reforçar os municípios pequenos. “Tem muitas outras economias que poderiam ser feitas. Não posso concordar com o fato de que o município de Porto Amazonas possa não existir mais. Os cortes precisam ser feitos em todas as esferas, inclusive, no Judiciário. Tem muitos privilégios que precisam ser revistos”, destaca.