Ontem, a matéria principal do site do jornal americano The Wall Street Journal destacava: Desaceleração da China traz à tona problemas estruturais do Brasil. Basicamente, dizia-se: o Brasil era o exemplo de como ganhar proeminência global aproveitando o boom das commodities liderado pela China; agora, simboliza com precisão o hábito de países ricos em recursos naturais e sua tendência de acabar com seus ciclos de prosperidade.
Enquanto China causa turbulência nos mercados globais devido à sua desaceleração e constantes intervenções governamentais, o Índice Bovespa caiu algo em torno de 22% nos últimos 12 meses, e o PIB brasileiro, divulgado também ontem, demonstrou queda de 1,9% no segundo trimestre do ano, perante o primeiro trimestre, sendo que na comparação com o mesmo período do ano passado a queda é ainda pior: 2,6%.
Segundo Marcos Troyjo, diretor de um centro de estudos sobre mercados emergentes na Universidade Columbia: Nós estamos olhando para uma década perdida, onde o crescimento é estagnado, a inflação é alta e a parte mais triste, uma década onde não aprendemos nada. Ou seja, internacionalmente o foco é a frágil economia brasileira.
Além destes fatos, há a grave crise política pela qual o país parece tentar atravessar um oceano com uma jangada. A presidente encara problemas sérios nos tribunais Superior Eleitoral e de Contas da União, desordem política, divisão interna de seu partido e isolamento da própria presidente. Basicamente, temos um cenário onde a última coisa a ser lembrada será que o povo brasileiro voltou a passar fome.
A situação deve continuar por mais um ano, no mínimo, e o problema maior não será como resolver estes problemas, e sim, saber se nossos governantes aprenderam algo com tudo isso. Afinal de contas, corrupção endêmica, aparelhamento estatal, tráfico de influência e inchaço governamental, somados a uma péssima gestão financeira, são muito mais que situações pontuais, são a causa da atual década perdida brasileira.