Fato inédito em dois séculos de história, a partir de 1º de janeiro de 2021 Ponta Grossa terá um primeiro-cavalheiro – termo tão pouco usual que chega a ser sublinhado em vermelho pelo corretor do LibreOffice Writer. Formado por um adjetivo e um substantivo ligados por hífen, equivale ao masculino de primeira-dama, amplamente popularizado na vida pública nacional.
Sobrepujando preconceitos e subsequentes discriminações, tanto quanto Elizabeth Schimidt será a primeira prefeita efetivamente eleita para o posto mais alto do município, seu esposo será o primeiro primeiro-cavalheiro ponta-grossense. Mas quem é Lourival Schimidt, que os amigos chamam de Schimidtão e a esposa de Lori? Qual será seu papel na gestão pública municipal?
Para as primeiras-damas, historicamente são recorrentes funções ligadas às ações assistenciais. Essa prática, de certa forma já faz parte da vida do empresário Schimidtão, que é rotariano há décadas. Foi criador da festa do Carneiro no Rolete, que arrecada fundos para entidades assistenciais. Ele, desde o início, cuida da churrasqueira. O tempero fica por conta da patroa. Começou com dois cordeiros e na festa do ano passado foram 40.
Mas, segundo a esposa, ele não é chegado às questões políticas e partidárias, tanto que nesses quatro anos que Elizabeth está na prefeitura, ele lá esteve uma vez só, para prestigiar a posse. “Ele não me acompanha nos eventos. Diz que vai mais me atrapalhar do que ajudar. E é verdade. Eu fico preocupada com ele e deixo de dar atenção às pessoas presentes”, disse, sorrindo, a futura prefeita.
Depois de seis anos de namoro, 48 anos de casamento, três filhos e sete netos, é de se concluir que o casal se sabe e se respeita. Se ela gosta da vida pública, ele aprecia uma boa pescaria – principalmente no Pantanal. Se Elizabeth se sente confortável à exposição da mídia, Schimidtão tem mais apego à vida reservada, a um bom churrasco e chope gelado. “Ele é alemão”, resume a companheira.
“Meu pai dizia que o Lori era o homem mais trabalhador que ele conheceu”, disse a prefeita, ontem, logo após conceder entrevista ao portal dcmais e jornal Diário dos Campos – uma das muitas realizadas no primeiro dia após a vitória nas urnas. Schimidtão foi caminhoneiro e se tornou sócio da oficina eletromecânica do pai de Elizabeth, Alberto Silveira, que faleceu durante o primeiro turno.
Para entrar na sociedade na oficina criada em 1956, ele vendeu um Fusca amarelo, recorda a prefeita eleita. O tempo passou, o negócio cresceu, dois filhos do casal se formaram engenheiro elétrico, a esposa cravou o nome da história ponta-grossense e hoje a empresa detém contratos para a manutenção de equipamentos elétricos e mecânicos de gigantes industriais.
Atualmente a empresa conta com 80 colaboradores e no ano que vem mais dois netos do empresário Schimidtão e da então prefeita Elizabeth, que estão concluindo os cursos de engenharia, também devem entrar no negócio da família, que assim chegará à quarta geração. Interessante, pois daqui a dois anos, quando Ponta Grossa completar 200 anos, Lori e Elizabeth farão Bodas de Ouro.
