Neste ano, o casal Dymphnus Zermeulen Junior e Ana Paula Lima completa uma década envolvido no projeto de viver a bordo de um veleiro. Foi no ano 2012 que os dois, que até então residiam em propriedade na cidade de Carambeí, começaram a construir o barco com as próprias mãos, a partir de projeto elaborado pelo australiano Bruce Roberts, na intenção de realizar uma viagem de veleiro sem data para terminar.
O veleiro foi ganhando forma aos poucos, até que foi colocado pela primeira vez no mar, na região de Itajaí (SC), em 4 de novembro de 2017. Só que a viagem foi interrompida pela pandemia, em 2020. Isso manteve Dymphnus e Ana Paula atracados na costa paranaense. Agora, 2022 promete ser o momento para reiniciar a viagem.
Viver com o essencial
O pensamento é o seguinte: o mundo é grande demais para que se escolha, por conta própria, ficar em apenas um lugar. Sendo assim, Ana Paula fechou o salão de beleza. Dymphnus, que é analista de sistemas, manteve o ofício que permite trabalhar a distância, e é o que paga a comida da geladeira. O casal construiu o Veleiro Belo, aprendeu a velejar, e se dedicou a viver apenas com o essencial.
“Tem duas formas de viver a bordo: uma delas é fazendo turismo e comendo em todo lugar onde para, o que exige uma carteira recheada. Mas, se levar uma vida norma, não precisa de muito. Não tem conta de água e de luz, não paga impostos e nem tem custos com carro”, explica Dymphnus.
Pandemia atrasa planos
Em março de 2020, os viajantes já haviam percorrido diversas pequenas comunidades do Sul do Brasil, nas imediações de Florianópolis, Cachadaço, Camboriú, Porto Belo, Quatro Ilhas, São Francisco, Baía da Babitonga. De Santa Catarina, retornaram ao litoral paranaense, passando por Antonina e Guaraqueçaba, em comunidades como Medeiros, Ilha dos Pagagaios, Ararapira. Aí veio a covid-19. “As marinas todas fecharam e ficamos preocupados. Encontramos uma comunidade super fechada chamada Poruquara, na Baía dos Pinheiros, só acessível via mar. Ali nos escondemos e íamos, a cada 30 dias, ao mercado”, recorda Dymphnus.
Rotina de vida no mar
O casal aprendeu novas rotinas. Embora o barco tenha fogão e forno micro-ondas, o cardápio passou a contar mais com peixe, camarão e ostra. Varia muito do local onde ficam atracados. Mas manter o barco em pleno funcionamento, e garantir a própria segurança, é algo que dá trabalho. Como velejadores, eles aprenderam que é preciso estar atentos sempre às mudanças atmosféricas.
Mas o fundamental é a cumplicidade entre Ana e Dymphnus o dia-a-dia. “Tenho muito boa companhia. Eu e o Dymphnus nos damos super bem. E, tanto para manejar o barco e fazer travessias, como no dia-a-dia, cada um tem as suas tarefas. Há muita alegria a bordo… É um barco feliz”, diz Ana.
Percorrendo a costa
O casal agora pretende aproveitar o estímulo ao turismo para intensificar a prática de charter, na qual turistas têm a chance de passar um dia no barco e conhecer a rotina de vida a bordo de um veleiro. Com a redução nos número da pandemia, o plano é continuar “subindo” a costa brasileira, sem um destino certo.
Olhando o mapa, Ana e Dymphnus pensam em deixa o Paraná e fazer a primeira parada em Ilha Bela (SP). De lá, seguiriam para a Baía da Ilha Grande (RJ), e aí as opções seriam infinitas. “São 360 ilhas, onde tem muito para conhecer, e daria para ficar a vida inteira. Mas o plano é continuar depois, percorrendo a costa do Brasil, chegando aos lençóis maranhenses, a Fernando de Noronha e, quem sabe, ao Caribe”, sugere Dymphnus, de olho no mar.
Cãozinho de PG acompanha Ana e Dymphnus
O casal não viaja totalmente sozinho. Quem também está a bordo é Joaquim, um pintcher nascido em Ponta Grossa. Quando ainda construíam o barco, Ana e Dymphnus souberam do cãozinho, disponível para doação, no município vizinho a Carambeí. Joaquim foi trazido e cresceu vendo o barco ser montado. Se adaptou bem à rotina no mar. Nada como um peixe, contempla o mar a partir da proa, é excelente cão de guarda e late até para os botos. A única dificuldade é que ainda não conseguiram ensiná-lo a fazer xixi a bordo. O cãozinho precisa ser levado pelo menos quatro vezes, diariamente, até a praia. Talvez ele goste mesmo é de passear.
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