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Recortes da história: biblioteca é herança de família em PG

O tempo parece ter um significado próprio, em um pequeno imóvel no interior de chácara localizada na região de Piriquitos, a cerca de 12 quilômetros do Centro de Ponta Grossa. Ali, onde o celular não tem sinal, está uma biblioteca, mas com um conteúdo para leitura bastante peculiar. A maior parte do acervo foi “editada” pelo Sr. Bernardo Miara, um homem que desenvolveu o hábito de guardar informações sobre muito do que encontrava em jornais e revistas do mundo todo.

Não se trata de acumular coisas, são pelo menos 50 arquivos de metal, nos quais os recortes foram separados em pastas. Distribuídos por verbetes, organizados em ordem alfabética e cronológica, o local é uma espécie de enciclopédia gigante. Há dossiês que contam a história de prefeitos de Ponta Grossa, existem incontáveis registros biográficos de atores, músicos e celebridades diversas. Há um setor destinado a fitas de videocassete, contendo filmes exibidos na TV aberta e gravados por Bernardo, etiquetadas com a sinopse publicada em jornais e numeradas para consulta.

Durante 70 anos, esse hobby teve especial sentido para ele, que abominava o gradual desaparecimento dos jornais de papel, e se mostrava curioso com uma tal Netflix, cada vez mais comentada pelos mais novos. Bernardo Miara acabou falecendo em 2016, deixando montado um arquivo de informações que não está em nenhum diretório da internet.

O lugar, que já era admirado pela família de Bernardo, hoje é visto como um santuário. “Essa é nossa maior herança”, comenta o neto Lucas Miara. A frase tem sentido especial, considerando que a família é composta por alguns dos empresários mais tradicionais na cidade. Foi de Bernardo a antiga Miara Ferragens, e foi do pai dele uma fábrica de carroças referência na região.

 

Preservação

Para preservar o espaço, a família deixa a biblioteca organizada. A filha de Bernardo, Maria Elisa Miara Kiapuchinski, acredita que é uma forma de manter sua memória viva, mas lembra que nunca sequer se cogitou a possibilidade de desfazer o que ele fez tão bem. “Ele foi um exemplo de pessoa a ser seguida”, diz, sobre o empresário que pegou gosto pela leitura. Uma placa na entrada da casa destaca o nome do homem que continua a reunir a família em torno de uma biblioteca, na qual a cada dia os filhos e netos fazem novas descobertas, e se surpreendem com anotações como “as fotos mais antigas estão no arquivo ao lado”.

 

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