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“As pessoas não estão tendo consciência sobre a importância do isolamento”

A reabertura gradativa do comércio, aliada aos poucos casos de Covid-19 confirmados em Ponta Grossa, causou grande aglomeração de pessoas em bancos, lotéricas, lojas e supermercados na última semana. Muitos, que antes seguiam em isolamento, saíram às ruas novamente com o pensamento de que a situação da pandemia mundial estaria controlada no município. O pensamento, porém, está equivocado de acordo com o médico pneumologista, Pedro Compasso, professor da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG).

Em entrevista do Jornal Diário dos Campos, o especialista ressaltou a importância de se manter o isolamento social. “Ponta Grossa tem um panorama semelhante ao de outras cidades, sem muitos casos documentados, e isso é reflexo de uma ação tomada há cerca de algumas semanas. E se hoje temos poucos casos é porque o isolamento deu certo. Hoje nós vivemos a consequência desse ato”.

Segundo o pneumologista, apenas 15% dos pacientes contaminados vão desenvolver quadros considerados graves, que irão precisar de internação e isolamento. “O que queremos dizer é que somente 15% das pessoas são testadas e apenas 5% são pacientes graves que poderão evoluir para uma insuficiência respiratória e utilizar ventilação mecânica na UTI. Os demais casos, portanto, são assintomáticos ou desenvolvem a doença de forma leve e acabam não sendo testados”, explica Compasso.

A reflexão do especialista vai de encontro com uma parcela grande de casos assintomáticos que possam existir na cidade aumentando, portanto, os riscos de contaminação devido à falta de isolamento. “O isolamento social é uma medida pública evitando tráfego de pessoas circulando nas ruas e evita, ainda, que o sistema de saúde sofra um caos em decorrência da falta de estrutura e leitos. Nós queremos escolher qual paciente será internado. Portanto, o isolamento funciona sim e ajuda na contenção da doença”, apontou.

Comércio

Com relação ao comércio, Compasso alega que a abertura ou fechamento das lojas é uma decisão do gestor municipal, mas a sua preocupação enquanto médico é sobre o respeito que as pessoas devem ter no sentido de evitar aglomerações.

“A minha função é salvar vidas e é esse caminho que eu vou trilhar. Por outro lado, eu entendo que o empresário, o autônomo e pai de família também têm medo da doença, mas que precisam sustentar a casa. Por isso, o isolamento social pode vir a ser flexibilizado por sobrevivência de vários setores para evitar que depois de uma crise na saúde tenhamos pessoas que estão morrendo de fome”.

Mas, segundo o médico, para que essa flexibilização aconteça, é necessário que pessoas tenham respeito. “As pessoas estão achando que está tudo bem quando, na verdade, não está. Elas estão perdendo a consciência e o respeito fazendo filas nas ruas e perdendo o respeito com aqueles que estão em casa. Esses que não respeitam podem ser os principais vetores da doença, deixando de cuidar do próximo”.

“O isolamento social significa não só sair de casa, mas que as pessoas limpem os calçados com água sanitária ao chegarem em casa; troquem de roupa; tomem banho e lavem as mãos corretamente”, complementa.

Sintomas

Cerca de 85% das pessoas vão desenvolver formas muito leves da Covid-19, sem necessidade de procurar atendimento médico, tratando somente com analgésicos e antitérmicos. “Trata-se de uma leve coriza, dor para engolir e cefaleia. São sintomas que não são diferentes de uma renite, por exemplo”.

Os casos, porém, podem evoluir para os moderados e graves. “Se houver uma febre persistente, cansaço e dificuldade para respirar, os pacientes devem procurar o hospital ou a UPA para atendimento e ser orientado a voltar para a casa ou ser internado. Esses casos são de leves a moderados”, diz Compasso.

Já o terceiro grupo de risco são aqueles pacientes que têm insuficiência respiratória e que não conseguem manter o padrão de respiração. “Portanto, o uso de medicamentos não são suficientes e esse paciente precisará de ventilação mecânica, por exemplo”.

Pico de mortes

Estabelecer o pico da doença, de acordo com o pneumologista, é difícil, levando em consideração que a maioria destes casos são assintomáticos. Porém, a projeção estatística aponta que 5% dos pacientes que vierem a desenvolver a doença irão entrar em óbito. 

Cloroquina

O medicamento cloroquina pode ser utilizado para terapia da covid-19 mas, segundo o especialista, ainda não há confirmação que o tratamento seria o mais eficaz para a cura da doença.

“A cloroquina ou hidroxicloroquina pode ser utilizada, inclusive, no Brasil, alguns hospitais já seguem o protocolo de utilização. Mas, o medicamento pode vir a causar efeitos colaterais. No entanto, ainda não existe um estudo de que seria o medicamento mais eficaz para a cura. Quem sabe, futuramente, tenhamos um estudo mais completo para qual perfil de paciente ser utilizado. Tudo hoje é empírico e o benefício do medicamento deve ser estudado caso a caso”.

Gripe e resfriado

O inverno é a estação do ano onde ocorrem mais casos de gripes e resfriados, o que também pode aumentar os casos de contaminação pelo novo coronavírus. “O inverno faz com que as pessoas se aglomerem mais. A Covid-19 precisa das secreções para se projetar e tem ainda mais combustível durante o frio por conta das enfermidades do inverno, em decorrência do aumento das doenças respiratórias”, ressalta Compasso.

A orientação do especialista, portanto, é que as pessoas redobrem os cuidados para evitar a contaminação, utilizando máscaras e fazendo a higienização correta, além de manter os ambientes sempre arejados.

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