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Após 20 anos, PG vai atualizar valor venal de imóveis

 

Fábio Matavelli

Prefeitura de Ponta Grossa pretende fazer a atualização da Planta Genérica de Valores de imóveis a partir de 2018

 

A Prefeitura de Ponta Grossa tem um grande desafio para os próximos anos: aumentar a arrecadação. Isso é prioridade na nova gestão do prefeito Marcelo Rangel, considerando as diferenças de arrecadação quando se compara Ponta Grossa a outros municípios.

No caso do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), é inevitável realizar comparações com municípios como Maringá. A cidade, com aproximadamente 403 mil habitantes, tem uma população 18,15% maior que a de Ponta Grossa, mas a arrecadação com IPTU é 172,2% maior.

A diferença fica ainda maior se considerarmos que Maringá tem uma área de cerca de 487 mil quilômetros quadrados, enquanto Ponta Grossa tem uma área de mais de 2 milhões de quilômetros quadrados. Ou seja, Ponta Grossa tem mais estradas cuja conservação precisa ser mantida, possui maiores distâncias a serem percorridas para realizar serviços básicos como segurança e saúde, além de uma topografia acidentada que encarece, e em alguns casos até inviabiliza, obras de pavimentação, por exemplo. Com essas dificuldades, os R$ 47,2 milhões arrecadados em IPTU em Ponta Grossa parecem muito pouco quando comparados com os R$ 128,5 milhões obtidos em Maringá. A arrecadação total do IPTU em Ponta Grossa corresponde a pouco mais de 36% da arrecadação do IPTU em Maringá.

Diante disso, além de determinar a revisão de isenções e de contratos e a redução de custos da máquina pública, o prefeito Marcelo Rangel anunciou, ainda no final de 2016, a necessidade inadiável de revisão da Planta Genérica de Valores imobiliários (PGV), o que deve ocorrer a partir de 2018.

 

Atualização

A finalidade principal de uma PGV é fornecer os valores de mercado atualizados dos terrenos (valor venal), quadra por quadra, ao longo dos logradouros de um município. A PGV é a base com a qual se calcula quanto cada contribuinte deve pagar em IPTU. Mas, em Ponta Grossa, a Planta não é atualizada desde 1998. Por ser uma medida impopular, vários prefeitos deixaram de realizar a revisão da PGV, criando o que Rangel considera um imenso problema para os cofres públicos do Município.

“É um assunto polêmico… nenhum prefeito fala disso, mas eu não tenho dúvidas de que vamos ter que debater a questão do valor venal dos imóveis. É muito simples: veja no talão do IPTU qual o valor venal da sua casa, e agora compare com o valor declarado no seu Imposto de Renda, você vai ver que está totalmente equivocado”, diz Rangel

 

Alterações serão graduais

No final do ano passado, ao anunciar mudanças a serem implantadas em seu segundo mandato, o prefeito Marcelo Rangel já falou a respeito da atualização da PGV. Para ele, a revisão deve ter início já em 2018. “Isto é um problema crônico, porque nunca foi atualizado. É claro que é importante ressaltar que essa atualização vai ser feita com responsabilidade. Mas temos que abordar esse assunto. Se o nosso IPTU corresponde a cerca de 30% do IPTU de Maringá, alguma coisa está errada”, diz Rangel.

O procurador-geral do Município, Marcus Freitas, explica que a atualização deverá ser feita de forma gradativa, nos próximos anos, para não inviabilizar o pagamento. “Quando tivermos concluído a atualização, devemos ter aumento em 250% a arrecadação com IPTU, chegando a um valor próximo ao arrecadado em Maringá”, diz.

 

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Finanças

Atualização deve considerar situação do contribuinte

O economista da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), Emerson Hilgemberg, lembra que aumento no IPTU sempre será uma medida impopular. Mas é compreensível a iniciativa da Prefeitura, considerando a atual situação econômica do País. “A arrecadação própria da Prefeitura é, basicamente, ISS e IPTU. O resto é de repasses como IPVA e ICMS, que vêm diminuindo. Então, o que a Prefeitura pode fazer, a curto prazo, é mexer no IPTU”, diz.

No entanto, ele lembra que o IPTU recebeu reajustes ao longo dos anos, especialmente baseados na inflação anual. Ele não ficou congelado. O que a Prefeitura quer fazer agora é contemplar o que aconteceu no mercado imobiliário. Mas é preciso analisar se, com a atualização da PGV, o IPTU não ficará caro demais para ser pago. “A medida não é incorreta do ponto de vista técnico. O problema é que, normalmente, se considera apenas a valorização do imóvel e a alíquota, mas não a situação econômica das pessoas. Isso é ainda mais complicado para quem tem o imóvel como moradia. Não me interessa que o valor de minha casa quintuplicou, se eu não tenho o desejo de vendê-la”, exemplifica.

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