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Anarquia populista – Uma retrospectiva político-econômica de 2015

Após um primeiro mandato desastroso e uma vitória apertada em 2014, Dilma voltou ao Planalto sabendo que sua campanha eleitoral tinha deixado estragos. Já chegou avisando que não tínhamos que ficar rachados, que não era nós contra eles como defendeu ao longo de toda a campanha. Falou com cara amarrada e com sua truculência habitual: estou aberta ao diálogo! . Era o início do que ninguém esperava…

As previsões para 2015 apontavam crescimento de 0% a 0,3% no ano. O mercado queria cobrar a conta dos desmandos e intervencionismo estatal em diversos setores da economia e todos estavam arredios. 2015 seria, no mínimo, desafiador.

Quando falamos ‘o mercado’, não estamos nos referindo àquele monstro de 7 cabeças que devora as economias e gera desemprego (essa é a função do governo populista). ‘O Mercado’ nada mais é do que a somatória dos desejos dos entes econômicos, ou seja, o que você faz com seu dinheiro, com seu emprego, com sua vida? Some isso tudo de todos, e você terá um comportamento racional, mas receoso. Um medo que gera uma quase aleatoriedade baseada principalmente em confiança e expectativa… E aí morava o perigo: a confiança era nula e a expectativasó Deus sabe…

Para contornar essa ‘herança maldita’ que Dilma deixou para si, pediu ajuda aos banqueiros. Queria um nome do mercado para a pasta da Fazenda. Surgia Joaquim Levy… e vinha com moral!

Com formação em Chicago, antro do ‘neoliberalismo opressor’, apareceu para realizar a dura missão do ajuste fiscal, pois afinal de contas, alguém teria de levar a culpa pela realidade resultante dos desmandos de 2011 a 2014… Levy, como especialista em mercado de capitais e não em política, só não sabia que as próprias pessoas que o colocaram lá iriam assassinar sua reputação.

Em meio à desesperança no judiciário, com Joaquim Barbosa fora e Lewandowski (que defendeu abertamente os mensaleiros no julgamento) na presidência do STF, aconteceu algo inesperado: Explodiu a lava-jato e a Petrobrás foi para o fundo do mar. A bolsa caia e as previsões mais pessimistas já apontavam: a recessão vai ser feia! Mais feia que a presidenta fazendo careta!

Enquanto Levy pedalava para tentar convencer o governo a cortar gastos, surgia o novo herói nacional: Sergio Moro. Um juiz jovem, com a imagem dura e incorruptível ao estilo Ronald Reagan, prenderia até senador e banqueiro bilionário!Borbulharam adesivos Sergio Moro, livrai-nos do mal em todos os carros do Brasil. Como bem sabido, o povo brasileiro precisa de ídolos, tal qual foi o filho do Brasil para os pobres, Sergio Moro aparecia como a esperança jurídica de um país melhor.

Até aí o ano resumia-se somente em corrupção, inflação e politicagens. Ajuste fiscal e colocar a economia em ordem era segundo plano diante de um cenário onde a polícia federal estava fazendo seu trabalho. A oposição falava quero deixar o PT sangrar e o PT devolvia Isso é culpa da crise internacional, teve até intelectual botando a culpa no FHC e dizendo que o Brasil estar no fundo do poço era preconceito com a toda poderosa Mamãe Rousseff.

E mamãe Rousseff continuou sendo ela mesma: ordenou aumento de impostos ao invés de corte de gastos, discurso populista e de uma vez por todas, no auge de seu suposto poderio político, resolveu abrir a boca! 2015 foi mais do que um ano marcado por uma crise do tamanho da megalomania bolivariana, 2015 foi o Ano de Dilma!

Dilma falou de tudo! Grande especialista que é, desafiando a lógica e a capacidade cognitiva do mundo, deu verdadeiro show em grande parte de seus discursos: Um show de stand-upcomedy! Dilma emagreceu (deve ter sido a dieta da mandioca), ficou bonita (há controvérsias) e após laudos do tribunal de contas reprovando seus desmandos e com possibilidade de cassação pelo tribunal eleitoral, a mãe do país soltou: não vai ter golpe! .

Ela falava isso enquanto Cunha, um nada que surgiu de repente como presidente da câmara e descobriu-se ser talvez o maior mafioso da história do PMDB (e estamos falando do partido de Temer, Sarney e Calheiros…), aguardava ansiosamente o PT salvar seu lombo. Como o partido dos trabalhadores não o fez pois também estava à espera de um milagre, ele devolveu na mesma moeda e acusou Eu morro, mas levo a mamãe junto! , não nessas palavras, é claro.

E o Brasil se resumia a disputas egocêntricas. Enquanto os nossos representantes tentavam pular para o lado que fosse ganhar a guerra, o brasileiro começou a sentir na pele os resultados de vários anos ingerência: entrava em cena um monstro que, segundo o Lula, só existia na época do FHC, o desemprego.

Juros subiam sem parar a cada reunião do COPOM. Crédito ficou extremamente caro, com cheque especial passando de 400% ao ano. A presidenta disse que não teria meta e depois que a alcançasse, dobraria a meta. Ao que parece ela se referia a inflação.

Chegávamos a dezembro com SELIC a 14,25%, PIB próximo a -4%, previsões de recessão por 3 anos e inflação destruindo a renda do brasileiro comum. Apesar da decadência do país do futuro, o problema maior é político. Há um consenso de que o tamanho do governo passou dos limites. Até mesmo parte do PT concorda com isso (a outra parte continua enchendo o saco e mamando nas tetas brasileiras). No entanto, ninguém quer perder sua boquinha e na disputa ferrenha do empurra-empurra social, o brasileiro perdeu 20 anos de conquistas e sua boca, fechada pelo marco civil da internet e outras bobagens, já está praticamente sem dentes enquanto seu estômago ronca. A fome volta a ser uma questão no paraíso socialista da américa latina.

Final do ano: Brasil perdeu o selo de bom pagador, dólar voltou a R$ 4, voltamos a deter o título de maior taxa de juros dentre as principais economias do mundo, inflação descontrolou (resultado do controle de preços exercido no primeiro mandato de Dilmãe), e a verdade, ao final das contas era uma só, como bem disse Jaques Wagner, ministro-chefe da Casa Civil (e provável presidenciável caso Lula vá preso): quem banca a política econômica não é o Ministro da Fazenda! Quem banca a política econômica é a Presidenta da República!. Fato consolidado pelo modo como saíram Guido Mantega e Joaquim Levy.

Muito mais amplo do que a política do pão e circo imposta pelo governo nos últimos 9 anos, o qual muitas pessoas são contra, o bolsa família provou-se não ser um mal para o Brasil em 2015. Não era um estímulo à vagabundagem, como vários dizem. Era o pão dado ao povo para que não percebesse que pagava por banquetes palacianos. O uso do BNDES, da Petrobras, da Caixa Econômica Federal, dos Correios e de outras empresas como fonte segura de dilapidação patrimonial em prol de um plano de poder suprapartidário desenvolvido pelo PT e aclamado por PMDB, PP e outros aliados, fez do país do futuro, terra de ninguém e daí para frente, o descontrole continua.

Para 2016 as previsões já se iniciam horríveis, infelizmente. Seria realmente muito bom escrever aqui dizendo que temos esperança e que as coisas melhorarão. 2015 começou com previsão de PIB estagnado e inflação em 6,5%… Resultado foi -4% de PIB e inflação em 10,5%. Para 2016 a previsão média já se inicia em -2% do PIB e inflação acima de 7%…. Sinceramente, não há qualquer luz no fim do túnel, não até que a guerra política que devasta nossa economia seja finalizada. Mais importante que a economia do país, parece ser a manutenção do poder.

Certa vez Henry David Thoreau afirmou: Os homens hão de aprender que a política não é a moral e que se ocupa apenas do que é oportuno. Hoje o oportuno é maior que a moral e a indecência possui espaço privilegiado em Brasília.

Em 2016 temos dois cenários básicos: impeachment e não-impeachment. O primeiro cenário parece ser mais difícil e seria um verdadeiro choque de confiança (favorável), algo que a médio prazo seria bom para a economia do Brasil e demonstraria que há honestidade e vontade de trabalhar em boa parte dessa terra. O segundo cenário é mais provável e o resultado disso é que continuará tudo na mesma enquanto você perde o emprego ou dá graças a Deus de ser funcionário público sem notar que vai tomar ferro junto, só questão e tempo. Senhoras e senhores, sinto informar, mas a Argentina de ontem é o Brasil de hoje!

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