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Alta da energia elétrica impacta no preço do frango, porco e leite

Estas são três das proteínas animais que mais utilizam a energia no processo produtivo e, com as contas de luz mais caras, a alta é repassada ao consumidor

O Brasil tem vivido uma inflação crescente em diversos setores, incluindo a alimentação. Isso se deve a diversos fatores; entre eles, está a crise hídrica que está assolando o país e aumentando a conta de luz de todos os brasileiros – e, consequentemente, encarecendo também o preço das carnes de frango e porco e do leite, por exemplo.

“Na avicultura a energia elétrica é demandada desde o início da produção: do recebimento da ave até o abatedouro e o mercado, onde a carne tem que ficar resfriada ou congelada, ou para exportação. É necessária energia para a galinha produzir o ovo, para o incubatório, para engordar o frango de corte… ela está presente em todas as fases”, explica o chefe do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento (Seab), Salatiel Turra.

Ele lembra que no caso dos suínos também existem granjas integradoras que têm o mesmo ritmo da avicultura, ou seja, precisam de energia em todas as fases.

“Já na bovinocultura podemos destacar que o aumento da conta de luz tem relação direta com a atividade leiteira, já que no gado de corte a maioria dos produtores trabalha com animais não confinados, em pastagens, o que não gera reflexo direto, mas no leite sim porque mesmo propriedades pequenas já têm o auxílio de ordenhas para fazer a extração do leite dos animais – e ela demanda energia elétrica”, ressalta Turra.

Custos de produção

Devido à crise hídrica, que torna mais cara a geração de energia elétrica, a conta de luz passou por aumentos diversos nos últimos meses. Em junho, por exemplo, foi criado o patamar 2 da bandeira vermelha, e no mês seguinte foram aprovados reajustes nas bandeiras amarela e vermelha (ambos os patamares). 

Neste mês a conta será ainda mais “salgada” para os brasileiros, já que entrou em vigor no dia 1º de setembro uma nova bandeira, mais alta ainda, chamada de bandeira de escassez hídrica. Com ela, a taxa extra será de R$ 14,20 para cada 100 kilowatt-hora (KWh) consumidos – um aumento de cerca de 50% em relação à bandeira vermelha patamar 2, até então o maior patamar, no valor de R$ 9,49 por 100 kWh.

Somando isso ao fato de que a partir da primavera, quando as temperaturas são mais elevadas e o consumo de energia dos equipamentos de refrigeração acaba sendo maior, visto que eles trabalham de maneira forçada e sem interrupções, os custos de produção e armazenamento das carnes que são relacionados ao uso de energia elétrica acabam subindo – e esta alta é repassada ao consumidor.

Expectativas

Apesar disso, Salatiel Turra afirma que não há como prever a variação de preços porque eles não dependem apenas do mercado interno, mas também do internacional. “A cotação do dólar, por exemplo, é um dos principais fatores que definem o preço das commodities, principalmente da proteína animal, e quando elas são exportadas e demandadas por outros países”, afirma o chefe do Deral.

“É preocupante ter uma bandeira mais agressiva no custo da luz, mas o mercado e os preços são muito voláteis e sazonais, e  essas variáveis externas são as principais formadoras de preços”, conclui o economista.

Estado fomenta uso de energias renováveis

Uma das formas de diminuir os custos com a energia elétrica é apostar em energias renováveis – e para fomentar estes investimentos o Governo do Estado está desenvolvendo o “RenovaPR”.

“Este programa tem como objetivo principal estimular produtores a introduzirem placas fotovoltaicas ou gerar energia por dejetos de animais através de biodigestores e biogás. Nesse sentido, ele vem em complemento ao Banco do Agricultor, que tem por objetivo subvencionar as taxas de juros dos produtores que financiam esses geradores renováveis. O estado subvencionar integralmente a taxa de juros é um estímulo para a cadeia, principalmente quando o estado está passando por uma crise hídrica”, explica Salatiel Turra.

Em aproximadamente dois meses após o lançamento, pelo menos 5 mil produtores rurais já procuraram os escritórios municipais do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná-Iapar-Emater (IDR-Paraná) em busca de informações sobre o programa.

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