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Agosto Azul: cuidar da saúde também é coisa de homem

O Agosto Azul foi instituído no estado Paraná em 2012, como como forma de incentivar a prevenção e a promoção da saúde do homem. O principal objetivo da campanha é motivar uma mudança cultural para que homens procurem atendimento médico com mais frequência, não apenas para tratamentos, mas, principalmente, como forma de prevenção. Exames simples como, por exemplo, testes para diabetes, hipertensão, aids e hepatite estão disponíveis na rede pública de saúde e podem identificar enfermidades ainda em estágios iniciais.

As ações são reforçadas no mês de agosto, mas os cuidados devem ser lembrados o ano todo. De acordo com a última Tábua completa de mortalidade para o Brasil, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, a expectativa de vida dos homens é de 72,5 anos, enquanto das mulheres é de 79,6 anos.

O urologista Bernardo Sobreiro explica que o dado reflete a diferença comportamental entre homens e mulheres em relação aos cuidados com a saúde. “Muitos homens ainda são resistentes às idas ao médico, exames e tratamentos. Em função disso, devemos aproveitar a vinda do paciente para fazer uma avaliação completa, pois muitas vezes o homem acredita estar com a saúde ‘de ferro’ sem saber de uma possível hipertensão ou diabetes, por exemplo”.

Estas duas doenças, inclusive, são apontadas pelo urologista como uma consequência comum da obesidade e que esta associação é responsável por um grande número de óbitos por infarto e acidente vascular cerebral observados na população masculina.

 

Afinal, qual a melhor idade para o homem buscar o urologista?

Sobreiro destaca que a indicação geral para o início dos exames de próstata é aos 50 anos. No entanto, o urologista pode participar de diferentes fases da vida do homem. “Na 1ª fase, quando criança, para avaliar a presença ou não de fimose, se existe alguma má formação, depois quando jovem, com o início da atividade sexual, o médico pode auxiliar em questões como ejaculação precoce, problemas de ereção por ansiedade, DST’s, etc. Depois, por volta dos 30 anos, em questões como fertilidade, por exemplo, e, mais tarde, a partir dos 50 e 60 anos em problemas relacionados ao envelhecimento, disfunção erétil, HPB, câncer de próstata, entre outros”, destaca.

 

A relação entre obesidade, disfunção erétil e problemas cardiovasculares

Sobreiro explica que a obesidade e o sobrepeso estão diretamente relacionados à problemas graves como hipertensão e diabetes. Um estudo* realizado em Ponta Grossa, com 430 homens, de 19 a 76 anos (entre 2016 e 2018) mostrou que 70% estava obeso ou com sobrepeso. Destes, a taxa de diabéticos chegou a 60%. No total, 35% estão com risco alto de complicações metabólicas de acordo com a circunferência abdominal. “A obesidade visceral, inclusive, é tão maligna quanto a obesidade comum, pois ela também está associada a processos inflamatórios e riscos de doenças cardiovasculares, diabetes e hipertensão”.

Outro dado alarmante do estudo diz respeito à taxa de disfunção erétil: 53% dos entrevistados, com 50 anos ou mais, apresentaram queixas relacionadas à impotência, o que, de acordo com o urologista é o verdadeiro pano de fundo do estudo. “A questão é que a disfunção erétil não pode ser vista como um problema isolado, pois ela é um indicador de doença cardiovascular. Afinal, os fatores de risco da impotência são os mesmos que conduzem a um infarto ou derrame. Quanto tempo leva para um indivíduo que tem os fatores de risco e chega para o médico com a queixa de disfunção, até ele ter um infarto ou derrame? Cerca de 38 meses. Ou seja, em pouco mais de 3 anos, aquele homem pode sofrer um problema cardiovascular e chegar à morte”, alarma Sobreiro.

A explicação, de acordo com ele, é simples. “Os fatores de risco atuam no processo de envelhecimento arterial de obstrução e entupimento. A primeira artéria que vai dar problema é a mais fina, que é a peniana (cerca de 2mm). Na sequência, a artéria coronária, depois a carótida interna, que vai dar o derrame, e assim por diante”.

 

Quais são os fatores de risco?

Ao todo, foram estudados 10 fatores de risco. O tabagismo aparece em primeiro lugar, aumentando 5,5 vezes a taxa de disfunção erétil. A obesidade, por exemplo, desaparece como fator isolado, mas os problemas causados por ela figuram nos primeiros lugares da lista. A diabetes, por exemplo, pode aumentar a taxa em 5 vezes. A idade também é um fator de risco decisivo. No entanto, os hábitos e comportamentos do homem vão modular a velocidade do envelhecimento arterial. “Em um indivíduo obeso, por exemplo, pode acontecer aos 40 anos. Outro, que tenha se cuidado ao longo da vida, pode apresentar a disfunção bem mais tarde, aos 65 ou 70, tudo depende dos hábitos e cuidados com a saúde”.

 

É tarde para começar a se cuidar?

O médico explica que não existe a possibilidade de apagar uma vida inteira de sedentarismo e má alimentação, mas é sempre possível adquirir novos e melhores hábitos. “Não tem como reverter tudo o que foi negligenciado a vida toda, mas uma mudança vai ajudar e muito na qualidade de vida. Da parte muscular, por exemplo, com o início da prática de atividade física o organismo vai responder, fazendo com que o indivíduo se sinta melhor, mais disposto, enfim, uma série de benefícios que vão impactar positivamente em seu dia a dia”.

 

*A pesquisa foi realizada pelos acadêmicos do curso de Medicina da Universidade Estadual de Ponta Grossa, Rodrigo Staichak e Melina Chaves (UEPG) sob a supervisão do médico urologista Bernando Sobreiro.

 

CÂNCER E EXAME DE PRÓSTATA: MITOS E VERDADES

 

O câncer de próstata só afeta os idosos

MITO – A idade é um fator de risco e as chances de diagnóstico de câncer acima dos 50 anos é de 1 a cada 50 homens. No entanto, apesar de mais raro, ela pode atingir indivíduos na faixa dos 40 anos, principalmente se tiver casos do câncer na família. 

 

Parente de 1° grau com a doença aumenta meu risco

VERDADE – O risco de o homem sem histórico familiar ter câncer de próstata é de 16%. Se o pai dele teve o câncer, aumenta para 36%, se o irmão teve, 55%. Se pai e irmão tiveram, aumenta 5 vezes as chances e vai para 84%. De todos os fatores, o mais importante é o histórico familiar. O indivíduo com histórico familiar precisa começar os exames já aos 40 anos de idade e ficar constantemente atento.

 

PSA aumentado é sempre sinal de câncer de próstata

MITO – O PSA é importante para a investigação e diagnóstico do câncer de próstata, mas o aumento não é sempre sinal de tumor, podendo ser alguma inflamação ou infecção, servindo como um alerta. 

 

O exame de toque retal é indolor

VERDADE – O exame não dói e termina em poucos segundos. Ele é feito dentro do reto, pois a parede anterior, que separa a próstata do reto, é bastante fina e permite sentir a próstata perfeitamente. É hoje ainda a forma mais objetiva de se examinar. Além disso, 70% dos tumores ficam em uma região palpável.

 

 

Dicas gerais para uma saúde melhor:

– Alimente-se de forma equilibrada

– Evite excesso de bebidas alcoolicas

– Não fume

– Pratique atividades físicas regulares

– Beba 2 litros de água por dia

– Faça seus exames de rotina

– Procure um médico sempre que achar necessário

 

 

Dr. Bernardo Sobreiro é Mestre e Doutor em Clínica Cirúrgica (UFPR), Fellow em Urologia (Hospital das Clínicas – USP), Professor adjunto de urologia (UEPG) e Professor Assistente Doutor de Clínica Cirúrgica (UP)

 

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