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5 provas de que Ponta Grossa vive o pior momento da pandemia

Média móvel de casos de Covid-19 cresce no estado e na região. Governo amplia medidas de prevenção contra a doença. Foto: Arquivo DC

Em um novo ano de pandemia, uma parte significativa da população decidiu que a Sars-Cov-2 não existe e não deve ser mencionada. Outra parcela da sociedade – obviamente também exausta em relação a isolamento social e outras medidas de prevenção ao contágio – olha preocupada para os números bem mais altos que os de agosto e setembro.

A gravidade pode ser confirmada por especialistas, gestores de saúde, diretores de clínicas e hospitais. Mas o dado está à mostra. Na forma de números, são as mais altas médias móveis de contágio e de mortes, as mais preocupantes taxas de ocupação de leitos, a maior quantidade de pacientes com vírus ativo, maior número de testagens e percentual de positivados. Na forma emocional, são amigos, familiares e colegas de trabalho positivados.

Embora até mesmo algumas autoridades tenham optado por mudar a resposta ao contágio, invertendo a lógica do isolamento para a abertura quase total do comércio e serviços, a essência da situação é a mesma do começo de 2020, só que mais grave. Se o contágio já era preocupante e ameaçava colapsar o sistema de saúde, agora, ao mesmo tempo, há expectativas quanto à nova cepa do vírus, supostamente mais impactante, e também da vacina.

Entenda por que esse é, objetivamente, o pior momento da pandemia:

1 – A Média Móvel dobrou

A média móvel é a forma mais confiável de verificar o grau de contágio em uma região. Consiste na soma de diagnósticos obtidos em um dia e nos seis dias que o antecederam. Em seguida, o resultado é dividido por sete (ou 14 dias, quando usado esse parâmetro). Isso reduz a variação ocasionada pelo represamento de resultados laboratoriais, por exemplo.

Em Ponta Grossa, até o final de novembro, o recorde era de cerca de 75 casos/dia, registrado em meados de outubro. Nesta semana, o índice chegou a 150 casos/dia, um aumento de 100%. O gráfico da média móvel mostra que os contágios continuam crescendo desde o início de novembro na cidade. O aumento foi de 10,7% em 7 dias, e de 24,2% em 14 dias.

Gráfico da FMS mostra que a média móvel nunca foi tão alta

2 – A mortalidade se banalizou

O número de mortos, que assustava até a metade do ano, agora se tornou um número menos importante que a variação do dólar. Na última semana, em Ponta Grossa, foram 14 mortos. Dois por dia, em média. O óbito de número 178 foi o último a respeito do qual a prefeitura repassou alguns detalhes, em 6 de dezembro.

A partir de então, não é mais possível identificar em qual hospital ocorreu a morte, quais as características do paciente ou tempo de internamento. Também não é possível presumir até que ponto a morte não pode ser decorrente de falta de leito e necessidade de transferência. Até agora foram 222 óbitos.

3 – Ocupação de leitos é recorde

O dia 4 de agosto permaneceu com a maior média móvel de contágio no Paraná até 12 de novembro, quando a taxa começou a subir novamente. Naquela ocasião, o estado tinha 3.946 pacientes internados em UTI e enfermaria em hospitais SUS e privados. Agora são 4.965, segundo os dados mais atualizados do boletim estadual. Pelo SUS, a taxa de ocupação era de 73% em UTIs adultas e de 50% em enfermarias. Agora é de 82% em UTIs e 55% em enfermarias.

O aumento só não é maior porque o estado também remanejou leitos. Até agosto havia 2.623 leitos destinados à covid-19. Hoje são 2.933. Naquele 4 de agosto, havia 14 ponta-grossenses em leitos de enfermaria e 14 em leitos de UTI. Hoje são 37 em enfermaria e 32 na UTI.

4 – Os idosos estão morrendo

Em Ponta Grossa, 162 dos 222 mortos foram de pacientes com mais de 60 anos de idade. Embora muitos deles tivessem comorbidades – várias relacionadas à própria idade – a covid-19 parece ter acelerado o óbito. O Diário dos Campos e portal dcmais acompanhou que pelo menos 12 óbitos ocorreram dentro de asilo da cidade, em poucos dias, confirmando os efeitos nocivos do vírus sobre os mais velhos.

A situação se agrava agora, quando a taxa de isolamento social caiu. Em parte, isso é decorrência da reabertura do comércio e serviços, realização de eventos, e ausência de fiscalização sobre o toque de recolher estadual e sobre a obrigatoriedade do uso de máscara. Os mais jovens e a população economicamente ativa acaba contraindo o vírus e infectando os mais velhos, muitos dos quais ainda tentam manter o isolamento.

5 – O vírus se mostra mutante

Embora a vacina seja o assunto do momento, e exista expectativa de imunização a partir do final deste mês, a mudança sobre o panorama da pandemia no país deve demorar. Isso porque a imunização inicia pelos profissionais de saúde e idosos, seguindo depois, possivelmente, para as crianças.

Significa que a população na faixa etária entre 20 e 59 anos, que coincide com o público que mais sai de casa, deve ficar por último. A isso se somam as notícias sobre surgimento de novas cepas do vírus. Ainda estão sendo feitos estudos para identificar até que ponto essas mutações do coronavírus são mais contagiosas, interferem mais em determinada faixa etária e podem ser combatidas pelas vacinas já desenvolvidas.

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