Um dos três suspeitos de praticar boa parte das execuções ocorridas até o final do mês de outubro de 2021, em Ponta Grossa, foi preso na noite do último domingo (26) na BR-376. José Raylan de Lima estava foragido da Justiça e sua foto já havia sido divulgada pela Polícia Civil há cerca de alguns meses. O suspeito estaria retornando do litoral juntamente com familiares quando o veículo em que ele estava foi abordado pelas equipes da Polícia Rodoviária Federal próximo ao posto Furnas.
“As equipes do Choque da Polícia Militar fizeram contato com a PRF e informaram sobre a denúncia de que havia um veículo Ford/Fiesta que estaria voltando da região do litoral em direção a Ponta Grossa com esse suspeito. Nós resolvemos então montar um sistema para realizar uma abordagem de rotina e verificar se informação tinha fundamento”, informou o inspetor Marcos Aurélio Santos, que participou da prisão.
Após ser identificado, o veículo passou a ter acompanhamento tático das viaturas da PRF e do Choque. “O automóvel deu uma titubeada como se fosse parar e acabou seguindo, mas logo foi abordado. Nele estavam mais um homem, um adolescente e duas mulheres que, possivelmente, eram familiares do suspeito. Ele estava no banco passageiro”, disse o inspetor.
Além da identificação do suspeito, os policiais localizaram uma mochila com cerca de 300 gramas de maconha. O veículo foi liberado juntamente com os demais ocupantes. José Raylan estava com um mandado de prisão em aberto pela 2ª Vara Criminal de Ponta Grossa com validade até 8 de outubro de 2041. Ele foi conduzido à 13ª Subdivisão Policial.
Envolvimento
A Polícia Civil divulgou, no final de outubro, que três homens, entre eles, José Raylan, são suspeitos de 24 homicídios em Ponta Grossa, sendo 21 deles cometidos neste ano. Desde então o trio estava foragido.
Os 21 homicídios que teriam sido praticados pelo trio representam 38% do total desse tipo de crime ocorrido em 2021 na cidade. Além do suspeito preso na manhã de segunda, os outros dois procurados são Erick Henrique da Silva Rocha (‘Menor’) e Eduardo Ferreira (‘Indinho’) que continuam foragidos.
No entanto, as últimas execuções registradas desde o começo de novembro até dezembro não têm ligação com os três homens. A informação foi confirmada pelo delegado Fernando Jasinski, responsável pelo Setor de Homicídios da 13ª Subdivisão Policial (SDP).
“Os homicídios ocorridos após a divulgação da identificação dos três indivíduos não têm, à princípio, vinculação com esses suspeitos. Trata-se de outros autores que fazem parte de outra organização criminosa responsável pela prática desses homicídios. Mas, assim como todas as execuções, os últimos crimes também estão relacionados ao tráfico de drogas”, apontou o delegado.
Motivação
A Polícia Civil elucidou que quase 90% dos assassinatos foram causados pela disputa por territórios para a comercialização de drogas. “O número de mortes aumentou em Ponta Grossa no primeiro semestre deste ano e a motivação, que em 50% dos casos eram ligadas ao tráfico de drogas, passou a 90%. Os outros 50% eram em decorrência de brigas em festas, traição e outros fatores. Pelas estatísticas percebemos nitidamente um acréscimo de homicídios direta ou indiretamente ligados às drogas, com algumas peculiaridades”, afirmou o delegado Nagib Nassif Palma em entrevista recente à reportagem.
Após o avanço das investigações, a quantidade de homicídios apresentou leve queda em Ponta Grossa. Os dois grupos envolvidos teriam se ‘aquietado’ na metade de novembro. Mas o sinal de alerta foi ligado novamente no começo de dezembro com o assassinato de duas mulheres e três homens.
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LINHA DO TEMPO
Vilson Roberto Delay (31/10/21)*
Isaias Desiderio dos Santos (01/11/2021)*
Rodrigo César Santos (06/11/2021)*
Luan Aparecido da Silva (07/11/2021)*
Jonathan Willian da Silva (15/12/2021)*
Simoni Souza Barbosa (14/12/2021)*
Cristiane Fragoso (22/12/2021)*
Victor Moraes do Vale (21/12/2021)*
Pedro Joel da Silva (23/12/2021)*
* As mortes registradas em Ponta Grossa, de novembro a dezembro, não têm ligação com os nomes dos três suspeitos divulgados em outubro pela Polícia Civil.