Neste final de semana, o Hemepar de Ponta Grossa completa um mês realizando a coleta de plasma para o tratamento contra covid-19. O Hospital Bom Jesus foi o pioneiro no uso do material que antes era trazido de Curitiba. À medida que a demanda pelo material se intensificou, a coleta começou a ser feita também no município. Até esta quarta-feira (23), 66 pacientes já receberam o plasma coletado na cidade, e agora o Hospital Geral Unimed também é um dos que faz uso do material.
Quem revela os dados é a enfermeira e chefe do Hemepar no município, Nelsi de Oliveira Zakszewski. Ela diz que a procura se mantém, mas que é preciso encontrar mais voluntários. Na tarde dessa quarta, em meio a todo o material coletado pelo Hemepar, havia apenas duas bolsas com plasma hiperimune. “Estamos em passos lentos com o voluntariado. Em média, são dois doadores se agendando por dia. Por conta disso, estamos fazendo convites a potenciais doadores”, explica.
O Hemepar faz uso de uma lista fornecida pela Vigilância Epidemiológica do estado. Nela estão os contatos dos pacientes que tiveram covid-19. O órgão realiza um primeiro contato, faz mais algumas perguntas e da início ao processo de triagem, caso a pessoa se mostre interessada em ser doadora.
Hiperimune
O chamado “plasma hiperimune” é separado do sangue, do qual também podem ser extraídas hemácias, plaquetas e o CRIO. Cada substância tem sua utilidade. O plasma é distribuído conforme a chegada das requisições transfusionais, a pedido do médico. O material segue para tratamento no sistema público e no privado, podendo ser enviado a hospitais de outras cidades, conveniados com o Hemepar.
Quem pode doar
Para que o plasma possa ser usado no tratamento, é preciso que o doador já tenha contraído covid-19 e tenha se recuperado. Significa que, somente entre os pacientes diagnosticados pela Fundação Municipal de Saúde, mais de 2,8 mil pessoas podem fazer a doação.
Há outros critérios. O doador não pode ter feito uso de ventilador mecânico – portanto não pode ter sido paciente com caso mais grave da doença; deve ter entre 18 e 59 anos; se for mulher, não pode ter tido gestação ou aborto. Não pode ter recebido transfusão de sangue, Deve ter o exame de comprovação de que teve a doença, com data entre 45 e 60 dias antes do dia da coleta.
Voluntários
Além dos casos recuperados de covid-19 já identificados pelo município, há pacientes que obtiveram diagnóstico em laboratório particular. Alguns desses sequer apresentaram sintomas. O Hemepar convida essa população a entrar em contato, caso haja interesse em fazer doação. Voluntários podem entrar em contato através do telefone (42) 3223-1616.
Resposta ao tratamento
Liliana Elias Pena Pilatti, especialista em Cardiologia, Cardiologia Intervencionista e Hemodinâmica, foi uma das primeiras a incentivar o uso do tratamento no Hospital Bom Jesus. Ela conta que, até o momento, atendeu cerca de 17 pacientes com covid-19 internados em estado mais grave. Entre esses, 12 receberam o tratamento com plasma. “O que a gente vê é que, quando usado no início do comprometimento pulmonar, pode ajudar. Mas nunca sozinho. Outras medicações são feitas, e o plasma é adjuvante”, explica.
A especialista revela que o plasma se mostra ineficiente em quadros muito tardios da doença, mas com resposta muito boa dos pacientes com complicação pulmonar e sistêmica, ainda leve ou moderada, mas logo após a internação. Não houve nenhuma complicação em razão de seu uso.
O HGU informou que, até o momento, fez poucos atendimentos com plasma, por isso ainda não avaliou seus resultados.